Uma das maiores promessas do Rota 2030, o novo plano estratégico para a indústria automotiva brasileira, foi o de colocar a segurança como um critério efetivo de avaliação. O Inovar-Auto já havia tocado no assunto, mas só por falar. O que acabou prevalecendo foi a eficiência energética, uma forma de encobrir o caráter protecionista do plano, punido inclusive pela OMC (Organização Mundial do Comércio). Segundo o pessoal da Automotive Business, o plano do Rota 2030 é criar um "selo de segurança" que dirá o quanto determinados modelos são seguros. Mas a notícia boa morre por aí. De acordo com a reportagem, a classificação será baseada em "autodeclarações" e apenas nos equipamentos oferecidos pelos veículos. Em outras palavras, quem fala se o carro é seguro ou não é a própria empresa que o produz. Com critérios apenas do que ele oferece, não sobre como efetivamente protege seus ocupantes.
A ideia de criar um critério objetivo de avaliação, como o adotado pelo Latin NCAP, não teria prosperado porque "aumentaria a complexidade da solução" e porque a ideia não contaria com "grande popularidade entre as montadoras". Em 2013, tanto o Inmetro quanto o Instituto Mauá de Tecnologia anunciaram a criação de centros independentes de crash test, mas nenhum dos dois vingou até hoje, quatro anos depois. Procuradas, nenhuma destas entidades nos informou em que pé os projetos estão até o fechamento desta reportagem.
O tal selo traria a vantagem de previsibilidade na exigência de equipamentos de segurança, dando à indústria o tempo necessário para que ela implantasse os equipamentos requeridos em seus veículos. Mas, se ele se mantiver como proposto, já nascerá sem a necessária credibilidade. A não ser que alguém realmente acredite que saber que o Chevrolet Onix e o Ford Ka, ambos nota zero no Latin NCAP, seriam minimamente mais seguros por trazer controle de tração ou airbags laterais.