Em reportagem publicada nesta sexta (17), o jornal Folha de S.Paulo diz que um dos principais fatores para que o governo brasileiro ainda não tenha aprovado o programa Rota 2030, substituto do Inovar-Auto, seria o acordo de livre comércio com a União Europeia. Ele poderia ser visto como um entrave às negociações com o bloco europeu, que já duram mais de 17 anos. E, segundo o site Cosas de Autos, que cita uma fonte da ADEFA, a Anfavea argentina, o acordo seria anunciado no dia 10 de dezembro.
Além do medo do Ministério da Fazenda de perder arrecadação em um momento de grave déficit fiscal, há também o receio de que o Rota 2030, assim como o Inovar-Auto, seja visto como uma medida protecionista. Tudo por conta da exigência de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que seria impossível de os carros importados atingirem (por motivos óbvios). Isso poderia travar toda a negociação com o mercado europeu, para onde o Brasil poderia exportar sua produção agrícola. Combalido por duas denúncias de corrupção e de tentar acabar com a operação Lava Jato, o governo Temer busca insistentemente uma agenda positiva. E o acordo com a União Europeia se encaixaria bem nessa descrição.
Para que a indústria automotiva brasileira não fique no limbo após o final da vigência do Inovar-Auto, em 31 de dezembro deste ano, a solução seria a edição de uma medida provisória, algo que o Congresso Nacional também tem rejeitado com veemência. Como cantava Ney Matogrosso, "se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come..."