A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) exigia nos anos 1960 uma produção mínima de 100 unidades de um modelo para que ele pudesse ser homologado para o grupo GT3. Malandramente, Enzo Ferrari construiu apenas 39 unidades do 250 GTO. E teria, segundo a lenda, convencido os inspetores da FIA ainda mais malandramente. Depois de apresentar os carros, ele teria convidado os inspetores para tomar um café e dito que os demais estavam em outra área. Por um tempo suficiente para que os carros fossem mudados de lugar e contados mais de uma vez até chegar à quantidade desejada pela entidade. Com isso, haveria espaço para construir as 61 unidades restantes do que é considerado o melhor Ferrari de todos os tempos. E Sergio Marchionne, CEO da Ferrari e da FCA, disse à revista britânica Top Gear que essa possibilidade existe.
"A resposta é sim, mas eu luto com o termo 'carro de continuação'. Eu comprei uma carcaça de E-Type quando era garoto porque achava aquilo a coisa mais linda que já foi fabricada. Vendi um pouco depois, sem consertar. O que a Jaguar fez com os carros com os E-Type Lightweight foi inteligente, mas reinventaer o 250 é uma tarefa difícil. E viver do espólio do passado é um mau hábito para adquirir. Mas definitivamente há uma plataforma aí, e esperamos poder mostrar algo a vocês nos próximos anos", disse Marchionne à Top Gear.
Prova de que o CEO está de olho neste filão foi a ação da FCA na Retromobile, feira de antigos mais tradicional do mundo. Por lá, ela deu início ao "Reloaded by Creators", anunciando a venda de cinco clássicos refeitos pela fabricante. Na esteira do que a Jaguar já tinha feito com o E-Type Lightweight e com o Jaguar D-Type no mesmo evento de antigos. Ou a Land Rover Classic com o Defender e com o primeiro Range Rover. E vale lembrar que qualquer Ferrari 250 GTO dos 39 originais vale uma fortuna. O carro mais caro do mundo foi um deles, vendido em outubro de 2013 pela bagatela de US$ 52 milhões. O que talvez explique por que os donos dos originais talvez fiquem possessos com a Ferrari.
O 250 GTO é uma obra de arte. Fabricado de 1962 a 1964, ele tem 4,33 m de comprimento, 1,60 m de largura, 1,21 m de altura e entre-eixos de 2,40 m. Seu motor V12 de 3 litros gera 300 cv. E você terá sorte se vir algum nas ruas. Ou em qualquer outro lugar. Talvez a Ferrari resolva nos dar mais 61 chances de ver um deles ao vivo. E, mesmo que a Ferrari cobre pouco, não será um modelo para menos de US$ 10 milhões cada um...