Poucos carros devem ter tido seu lançamento no Brasil tão antecipado quanto o Yaris. Fala-se nele aqui no Brasil pelo menos desde 2008, com flagrantes do modelo europeu no país. Um carro que nunca foi vendido em nosso mercado por uma questão de custos. Era preciso ter um Yaris mais barato, com arquitetura mais simples, algo que surgiu em 2013 para os países mais pobres do Leste Asiático. Fabricado sobre a mesma plataforma do Etios, a EFC, ele poderia ter chegado por aqui já em 2014, mas a situação política e econômica do Brasil fez a Toyota adiar a decisão de fabricá-lo e vendê-lo por aqui por 4 anos. Mas ele finalmente chegou, trazendo equipamentos únicos para seu segmento, como teto solar elétrico e 7 airbags. A questão é: será o suficiente para ele encarar modelos como VW Virtus, Fiat Cronos e Honda City?
Introdução
A Toyota sabe que o Yaris demorou muito a chegar a nosso mercado. A fábrica de Sorocaba, que pode ter capacidade para até 400 mil carros, já previa sua produção, além da de outros veículos sobre a plataforma EFC, mas a recepção morna ao Etios, além dos fatores de conjuntura que já citamos, devem ter feito a Toyota repensar a estratégia. Com todo o tempo do mundo, como a marca japonesa normalmente faz. O que tornou o projeto do Yaris, que data de 2013, naturalmente ultrapassado diante dos concorrentes atuais. Era preciso oferecer tanto um preço atraente quanto equipamentos de encher os olhos.
A Toyota se esmerou nas duas coisas. Na questão do preço, colocou o Yaris para atuar na faixa dos R$ 60 mil aos R$ 80 mil, como já informamos. O que ainda não sabíamos é que, com a chegada do Yaris, o Etios perderia algumas de suas versões, especialmente a XLS e a Platinum, mas também a X-STD. Ficaram apenas a X e a X-Plus, tanto para a carroceria hatchback quanto para a sedã. Com a mudança, o Yaris se torna realmente um intermediário entre o Etios e o Corolla.
Em termos de itens de série, o Yaris vem muito completo. Ele vem quipado desde a versão de entrada com controle de estabilidade, chamado pela Toyota de VSC, de tração (TRC) e auxílio de partida em rampa (HAC), sensor crepuscular (acendimento automático dos faróis), vidros elétricos com função um-toque e antiesmagamento em todos os vidros, faróis de neblina e outros itens que já são meio esperados, como ar-condicionado, direção elétrica, sistema de som, retrovisores e travas elétricas. Mas é na segurança que o modelo pega mais pesado, como já adiantamos. Ele oferece Isofix com Top Tether, cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos os passageiros e, na versão XLS, 7 airbags, uma exclusividade no segmento. Pode esperar também que ele receba 5 estrelas no Latin NCAP, algo que deve ser confirmado nesta terça (12), com a divulgação dos resultados mais recentes da entidade.
O Yaris mais caro, o Sedan XLS, é aquele em que a Toyota mais aposta. Era praticamente o único disponível entre as 34 unidades colocadas à disposição da imprensa no test-drive. Gostaríamos de ter andado também com o 1.3 manual e com o 1.3 CVT, conjuntos exclusivos da versão hatchback, mas não foi possível. Ficamos limitados ao topo de linha, que nos ajudou a ter uma boa ideia de como será conviver com o Yaris. Segundo a Toyota, ele já pode ser encomendado desde o dia 7 de junho. Enquanto a produçao do hatch começa em 15 de junho, a do sedã se iniciará em 2 de julho. As entregas, com isso, talvez ocorram apenas em agosto.
O Toyota Yaris Hatch tem 4,15 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,49 m de altura e 2,55 m de entre-eixos, com 310 l de porta-malas. O Yaris Sedan é apenas mais longo (4,43 m) e tem porta-malas maior (473 l). Ambos usam tanque de 45 l, o mesmo do Etios.
Ao volante
Diante do único carro que pudemos dirigir, apreciamos um pouco suas formas antes de pegar o volante. O Yaris Sedan tem um estilo mais equilibrado que o do hatchback. Os balanços dianteiro e traseiro são mais harmônicos, enquanto o hatch tem balanço dianteiro mais longo que o traseiro. No que se refere ao desenho, não há nada que destaque o Yaris da multidão, pelo contrário. Em nosso test-drive, de cerca de 30 km em circuito urbano e rodoviário, o Yaris não chamou em nada a atenção dos demais motoristas, algo que modelos de desenho mais chamativo provocam quase instantaneamente. Para os fãs da discrição, o Yaris é um prato cheio.
Equipadíssimo, como já explicamos, o Yaris fica devendo regulagem de distância da coluna de direção e regulagem de luminosidade do painel, que fica meio escuro quando se acende os faróis na estrada. Os faróis diurnos de LED são vendidos apenas como acessórios para o modelo. Com isso, o motorista é quem tem de se adaptar ao carro e não o contrário, trazendo o banco dianteiro para mais perto do volante do que o conforto das pernas exige. Por mais que o interior tenha acabamento bem cuidado, isso dá ao Yaris um incômodo "quê" de Etios. Que não fica limitado à ergonomia deficiente.
Acione o carro pelo botão de partida, mantendo a chave presencial no bolso, e engate D no câmbio CVT. Você quase se sentirá em um Corolla até começar a acelerar. Mesmo em terrenos planos é possível sentir que falta vigor ao motor 1.5, mas isso é ainda mais evidente em subidas. Pise firme no acelerador, para provocar o kick-down, e a resposta do Yaris será lenta. O motor 1.8 do Corolla teria caído muito bem ao Yaris. É uma pena que não tenha sido possível adotá-lo logo de saída. Esperamos que, com a produção dos motores do Corolla em Porto Feliz, que deve ter início no segundo semestre de 2019, a adoção do 1.8 pelo Yaris seja economicamente viável. Atualmente importado, o 1.8 do sedã médio encareceria o Yaris além da conta.
O acerto de suspensão do Yaris é o que ele tem de mais elogiável. Suave em nossas péssimas ruas e firme quando o carro é mais exigido, ela é 13 mm mais alta que a do Yaris vendido no exterior. Contribuem também para o rodar confortável do Yaris os batentes hidráulicos, que evitam pancadas secas em fim de curso. Só tome cuidado se você tiver mais de 1,80 m e precisar andar no banco traseiro da novidade da Toyota.
A caída do teto tanto do hatchback quanto do sedã fazem com que passageiros mais altos rodem com a cabeça colada ao forro. No hatchback, que tem uma porta traseira baixa, até o acesso é complicado: muito jornalista bateu a cabeça tentando entrar no Yaris por ali. Para resolver o problema do teto baixo, muita gente desliza um pouco mais para a frente no assento, o que tira apoio para as pernas. Que o Yaris já não oferece muito, considerando que o assento é baixo e deixa as pernas arqueadas. Se o motorista for alto, faltará espaço para elas.
Conclusão
Vendido a R$ 79.990, sem o tradicional acréscimo por pintura, o Yaris Sedan XLS se destaca pelo pacote. Nenhum outro modelo de seu segmento oferece 7 airbags, sensor crepuscular ou teto solar elétrico. Nem como opcionais. Ele também pode não se destacar em desempenho, mas vem com a famosa robustez da Toyota e um custo de manutenções de R$ 2.914,44 até os 60 mil km. Segundo a Toyota, é o custo de revisões mais baixo da categoria. Se pudermos resumir, o Yaris será o carro para quem precisa de um modelo familiar (desde que tenha filhos pequenos), bem equipado, econômico e, acima de tudo, confiável. Talvez não conquiste todos os clientes, mas será uma receita atraente para um bocado de gente.