Carros que não vendem muito podem afastar compradores mais interessados na revenda que no uso. É, em boa medida, o que explica um protagonismo tão grande do Toyota Corolla no segmento de sedãs médios. Mas há opções fora do radar que, justamente por isso, podem ser uma excelente opção. Uma das melhores é o Nissan Sentra, que avaliamos em sua versão SL, a atual topo de linha da marca. Vendida a R$ 103.900, ela custa menos do que a versão intermediária do Corolla, a XEi, que não sai por menos de R$ 104.850. E compete de igual para igual com a versão Altis, vendida a R$ 117.900.
Você gostará do Sentra SL se…
Quem gosta de bom custo-benefício tende a se apaixonar por este sedã. Ele é ideal para quem quer um carro muito bem equipado, com faróis de LED, bancos de couro, central multimídia competente e desempenho de acordo com o segmento, mas acha um absurdo um bom sedã médio custar quase R$ 120 mil. Se é seu caso, o Nissan Sentra SL vai lhe dar razão. E as versões inferiores do carro, como a SV (R$ 90.900) e a S (R$ 82.900), dirão isso com ainda mais ênfase. Os chineses, que o chamam de Silphy, o adoram. Não à toa ele foi o campeão de vendas em seu segmento naquele país.
Talvez você não curta muito…
Lançado em 2013, a sétima geração do Nissan Sentra, chamada de B17, deve mudar em 2019 ou 2020. Isso faz com que o modelo esteja em final de vida. Algo que muita gente ávida por novidade rejeita. O Sentra atual só é indicado para quem pensa em ficar pelo menos 3 anos com o carro, talvez mais. Modelos em fim de ciclo têm a grande vantagem de que todos os seus possíveis defeitos já são conhecidos pela fabricante e foram sanado ao longo do tempo. Mas definitivamente não são para qualquer um. O Sentra também tem banco traseiro com assento baixo, assim como o teto, o que fará gente alta viajar mal acomodado por ali. Quem tem passageiros constantes muito altos deve pensar em outras opções.
O que tem de novo em 2018
A última modificação que o Sentra sofreu foi em maio de 2016, quando perdeu sua versão mais cara, a Unique. Não houve mais alterações, inclusive porque a Nissan passou a trazer, também do México, o Nissan Kicks neste meio tempo. Depois que o utilitário passou a ser fabricado em Resende, até haveria espaço para trazer mais unidades do Sentra ao Brasil, mas a Nissan deve estar mais preocupada em vender seu "pãozinho quente".
Dirigindo o Sentra SL
Quem quer que se disponha a dar uma chance ao Sentra ficará impressionado, logo de cara, por seu bom desempenho.
Acomode-se no banco do motorista, ajuste a coluna de direção em altura e distância e fique diante de um belo painel de instrumentos, claro e objetivo. Dê a partida, por meio de um botão pouco abaixo do volante, e coloque o sedã para rodar.
O motor 2.0 de 140 cv responde bem a qualquer comando do acelerador. É o tipo de carro que exige pouco esforço para andar muito bem. A contrapartida é que seu motor, naturalmente aspirado, acaba consumindo um bocado, especialmente em circuito urbano. Conosco, ele fez uma média de 7,4 km/l com gasolina na cidade. Foi nesse ambiente que ele mostrou também o único reparo que cabe fazer a seu comportamento dinâmico: uma certa lentidão nas respostas do câmbio. Ao fazer kick-down, ou seja, dar um pisão rápido no acelerador para "reduzir as marchas" (algo que um CVT não tem, mas a que ele responde mudando a relação), o Xtronic leva um certo tempo para processar o pedido. Podia ser mais ágil, mas não é nada que comprometa a boa dirigibilidade do sedã.
Com suspensão bem acertada, mesmo para nosso asfalto horroroso, o Sentra é estável em curvas e freia bem, com um pedal de progressão muito adequada. Em suma, é um modelo bom de dirigir, que agradará tanto a quem gosta de rodar sem pressa quanto aos motoristas de pé mais pesado.
Sacadas inteligentes
A melhor sacada do Sentra SL é sua excelente central multimídia. Aparentemente compatível com qualquer celular, ela permite uma excelente conexão Bluetooth também para a multimídia do smartphone, o que permite que se ouça o Spotify sem a necessidade de uma conexão física. Algo que até pode gastar mais bateria, mas que pode ser bastante conveniente em muitas situações. Como quando você está prestes a chegar em casa e a começa a Voz do Brasil...
Detalhes do Sentra SL
Interior
O bom acabamento do Sentra é o destaque. Não se nota plásticos duros no interior nem peças com rebarbas ou vãos muito grandes. É uma construção sólida, com porta-objetos em locais estratégicos e convenientes. Na versão SL, o motorista ainda conta com a facilidade de ajustes elétricos dos bancos e com teto solar elétrico, que torna o interior muito mais arejado. Fazem falta vidros um-toque para todas as portas. Só o do motorista conta com essa funcionalidade.
Exterior
Com a reestilização de 2016, o Sentra ficou com estilo muito mais interessante do que o anterior. Os faróis ganharam a mesma identidade visual de modelos mais novos da marca e as lanternas, com luzes de LED, deram uma bela rejuvenescida no sedã. Isso, aliado ao bom preço, deveria ter sido o suficiente para tornar o Sentra mais competitivo, mas ele continua a vender menos do que poderia diante de concorrentes mais populares, como o Toyota Corolla, que tem um domínio absurdo de seu segmento de mercado, e o Honda Civic, o distante segundo colocado.
Equipamentos
O Sentra já vem muito bem equipado por R$ 82.900, com o sistema de partida e abertura das portas sem chave, sensor de estacionamento e crepuscular e controle de estabilidade e tração, fora tudo que já se espera de um sedã médio, como travas, retrovisores e vidros elétricos, faróis de neblina, rodas de liga leve, direção elétrica, ar-condicionado, computador de bordo, sistema de som com Bluetooth, volante multifuncional e câmbio automático. No caso do Sentra, o bom CVT Xtronic.
Na versão SL, a que avaliamos, uma série de falhas nesse bom pacote é corrigida, como a adição de mais 4 airbags aos frontais obrigatórios por lei, central multimídia, rodas de liga leve de aro 17, bancos de couro, controlador de velocidade, câmera de ré e ar-condicionado bizona. E mais além, com o teto solar elétrico, faróis dianteiros em LED, retrovisores eletricamente rebatíveis, sistema de som Bose, retrovisor eletrocrômico, regulagem elétrica do banco do motorista, painel com tela TFT de 5 polegadas. Outros equipamentos dignos de nota são o aviso de ponto cego, alerta inteligente de colisão dianteira e o RCTA, um sistema inteligente para evitar batidas. São itens que modelos bem mais caros não oferecem. E que podem fazer a diferença em manter tanto a integridade do carro quanto a dos passageiros intactas.
Sob o capô
O motor do Sentra é um 2.0 de 4 cilindros e 140 cv, tanto com etanol quanto com gasolina. O torque fica em 20 kgfm, mas, pelo comportamento do carro, ele parece ser mais alto.
Sobre o preço
Como já dissemos, o preço de R$ 103.900 pode não ser baixo, mas torna o Sentra SL a pechincha do segmento. Para quem liga para conteúdo, não para emblema, ele permite uma economia de R$ 14 mil, feitas as devidas ressalvas, como sua renovação cada vez mais próxima e o consumo alto. É um sedã para quem não tem a pretensão de andar na moda nem de trocar de carro todo ano. Escolha racional e, diante das opções, quase lógica.
Ficha técnica
Modelo | Nissan Sentra SL |
Motor | dianteiro, transversal, de quatro cilindros, 1.997 cm³ |
Potência | 140 cv (E ou G) a 5.100 rpm |
Torque | 20 kgfm (G ou E) a 4.800 rpm |
Câmbio | CVT |
Tração | Dianteira |
Freios (d/t) | Discos ventilados / discos sólidos |
Suspensão (d/t) | Independente, McPherson / Eixo de torção |
Dimensões (C/L/A) | 4,64 m / 1,76 m / 1,50 m |
Entre-eixos | 2,70 m |
Peso | 1.360 kg |
Porta-malas | 503 litros |