Se a indústria automotiva contava com alguma previsibilidade para 2018, é melhor esquecer. Pelo menos na opinião do presidente da Abeifa (Associação das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores), José Luiz Gandini. Em entrevista ao jornal Estado de Minas, o executivo alega que as eleições deste ano devem empurrar qualquer decisão sobre o Rota 2030 para 2019. E o Rota 2030 quer justamente estabelecer uma programação de longo prazo para o setor, a fim de permitir investimentos. Principalmente em pesquisa e desenvolvimento, uma demanda antiga da engenharia brasileira.
"Agora os esforços viraram para a área de segurança e o Rota (2030) continua não sendo prioridade. Até 7 de abril, vai haver a troca de ministros que vão se candidatar às eleições. Vai parar tudo novamente, porque os novos ministros vão entrar e não conhecem o regime, não têm ideia formada sobre o assunto. (...) Até o novo ministro assumir e tomar pé do que está acontecendo, estaremos às vésperas da eleição para presidente. Por isso eu acho que o Rota vai acabar ficando para o próximo presidente da República, em 2019", disse Gandini ao jornal mineiro, sem mencionar a Copa do Mundo e as eleições em si, que também tendem a jogar tudo para mais adiante.
Ainda de acordo com o presidente da Abeifa, o problema maior para a aprovação do programa seria uma queda de braço entre Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, que acha que a indústria automotiva já teve subsídios demais no Brasil, e o da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, que acha que o programa é necessário. Apesar de Meirelles provavelmente sair do cargo até 7 de abril, para se candidatar a presidente ou vice, seu sucessor deverá seguir o mesmo programa que recuperou a economia brasileira. Em suma, não é difícil que o Rota 2030 não saia nem mesmo do papel.
