Elon Musk já disse uma vez que não tem a intenção de ter a maior marca de carros elétricos do mundo, ainda que seja isso que ele tenha conseguido. Segundo o megaempreendedor, a intenção era popularizar estes veículos, algo que ele também conseguiu. Primeiro, ao usar o Roadster para mostrar que elétricos podem ser divertidíssimos. Segundo, ao mostrar que também podem ser absurdamente seguros, além de divertidos, com o Model S. Foi o que bastou para as gigantes do setor se sentirem ameaçadas e partirem para a disputa de espaço. O primeiro modelo a ameaçar seriamente o reinado da Tesla deverá ser o Porsche Mission E. E agora tanto a marca de Stuttgart quanto a Audi anunciam investimentos em uma nova plataforma totalmente elétrica, chamada de PPE (Premium Platform Electric).
Curiosamente, os primeiros produtos da nova plataforma, que começou a ser desenvolvida 10 meses atrás, só estarão disponíveis a partir de 2021. Eles darão origem a três novas famílias de veículos, uma da Porsche e duas da Audi. Antes dos primeiros veículos PPE, porém, a Audi começará a vender um veículo puramente elétrico, o e-tron, ainda este ano. A Porsche venderá o Mission E em 2019.
O modelo usará um sistema elétrico de 800V, que permitirá recarga para rodar 400 km em apenas 15 minutos. Seu conjunto de baterias, plenamente carregado, poderá dar ao carro autonomia de 500 km. Isso em um carro de 600 cv, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 3,5 s.
Este ano, a Porsche anunciou que investirá € 6 bilhões em mobilidade elétrica de 2022 em diante. É o dobro do que a empresa já havia anunciado que investiria, provavelmente impulsionada pelo sucesso de seus modelos híbridos e híbridos plug-in. Ela anda enfrentando filas de espera pelos Panamera porque a demanda superou em muito a expectativa de vendas dessas versões, o que fez o fornecimento de baterias ser insuficiente. “O sucesso de nossos híbridos plug-in ampliou nossa confiança. Eles estão encontrando um mercado pronto para eles entre nossos consumidores", diz Oliver Blume, CEO da Porsche.
Dos € 3 bilhões adicionais, € 500 milhões serão investidos em modelos diferentes baseados no Mission E, € 1 bilhão em eletrificação e hibridização da linha atual da Porsche (incluindo, provavelmente, o 911), € 700 milhões em novas tecnologias e infraestrutura de carregamento e o restante na ampliação dos pontos de recarga. Algo que deveria fazer parte dos investimentos em "infraestrutura de carregamento", mas que a Porsche deve tratar de forma diversa por provavelmente se tratar algo além dos pontos de reabastecimento com energia.
Segundo a Porsche, 60% de todos os Panamera vendidos na Europa são híbridos. Na Escandinávia, a porcentagem chega a mais de 90%, algo que mostra o quanto uma pesquisa da Deloitte sobre adoção de elétricos é furada. Convenientemente, a empresa de consultoria excluiu estes países do levantamento. Principalmente a Noruega, que adotou os elétricos com entusiasmo.
A verdade é que as pessoas dizerem que preferem motores a combustão soa como os fotógrafos que preferiam filmes sem conhecer as câmeras digitais. Ou enquanto ainda eram apresentados a modelos tecnicamente inferiores de câmeras digitais. Fora os circuitos de arte e entusiastas, a fotografia profissional é hoje dominada por equipamento digital. O uso de filme é hoje um hobby. Como os modelos com motores a combustão tendem a se tornar. Palavras de Bob Lutz, um dos maiores entusiastas de carros do mundo e crítico ferrenho da tese de aquecimento global. Alguém que dificilmente poderia ser acusado de ter uma agenda ambiental, mas que é lúcido demais, mesmo aos 86 anos, completados em 12 de fevereiro.