O desempenho do motor de um automóvel é definido por duas grandezas. Elas estão relacionadas entre si pela velocidade de rotação do motor: são o torque, medido em Newton metros (Nm) ou em quilograma-forma metros (kgfm), e a potência, calculada em quilowatts (kW) ou em cavalos-vapor (cv). Em países que seguem o sistema métrico à risca, como Austrália e alguns países da Europa, as medidas corretas de medição são respectivamente Nm e kW. Por costume, usamos medidas diferentes no Brasil, mas nunca cometa o erro de dizer que um carro tem cavalos. Todos eles estão em estábulos. O que o motor de um carro tem são cvs, cavalos-vapor.
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Para compreender ambos os conceitos, tentemos imaginar, por exemplo, dois atletas de alta competição: um halterofilista e um velocista dos 100 metros. O primeiro necessita, acima de tudo, de muito torque, como a força nas pernas que lhe dá tração e capacidade de explosão para levantar os pesos do solo. Por outro lado, o atleta dos 100 metros, além do músculo disponível, precisa de ter um ótimo fornecimento de ar nos pulmões para ganhar e manter velocidade, o que podemos entender como boa entrega de potência.
Em outras palavras, o halterofilista conta com torque. Em um motor, ele representa a força disponível, dependendo diretamente da pressão gerada pelos gases de combustão no interior dos cilindros e das dimensões do motor (um motor com maior capacidade/cilindrada entrega um torque maior).
Já o velocista se vale da potência. No automóvel, ela nada mais é do que o produto entre o torque disponível e a rotação, o que significa que, para um mesmo torque, uma maior velocidade de rotação origina uma maior potência.
A potência de um motor será a energia útil gerada por unidade de tempo, que pode ser entendida, de forma muito simplista, como a capacidade de aceleração. E não estará errado dizer que a potência condiciona a velocidade máxima, enquanto o torque define a capacidade de arrancada e de retomar velocidade. Resumindo, para automóveis iguais, com potências diferentes, o mais potente cumpre o mesmo trajeto mais rapidamente (em estradas de velocidade livre, como as autobahnen alemãs).
O que é mais importante: potência ou torque?
Para um bom desempenho, um motor precisa igualmente de boa força (torque) e potência, havendo maior necessidade de potência ou de torque de acordo com as exigências ou o estilo de condução.
O torque é o que faz as rodas se movimentarem. Se um motor consegue gerar muita força, consegue puxar muito peso (lembra-se do halterofilista?). Outros exemplos: uma máquina agrícola precisa que o seu torque máximo seja o mais elevado possível de modo a que possa ter muita força para se movimentar nos terrenos arenosos ou enlameados, exigentes para a mecânica, a muito baixa velocidade. Pelo contrário, para os carros de competição, pensados para atingir e manter velocidades incríveis, interessam mecânicas que entreguem elevadas potências.
No meio do caminho, os nossos automóveis de todos os dias devem ter valores equilibrados de potência e torque. Isto porque o motor deve estar apto a estabelecer velocidades de cruzeiro respeitáveis em estradas, mas também musculatura e elasticidade para ultrapassagens rápidas ou retomadas de velocidade sem a necessidade de recorrer a reduções de marcha a toda a hora.
Como se relacionam os cv e os kgfm
Esta é a parte mais complicada. Até porque, quando a rotação do motor sobe, o torque diminui. E, ao contrário, quando o motor ganha velocidade, a sua potência aumenta.
Ou seja, num automóvel, a potência é baixa a baixas rotações, e é o torque que tem maior influência ao colocar tração no asfalto para fazer mover as rodas. Já nas rotações intermédias, a potência sobe de forma considerável, pois o veículo circula com mais velocidade e o torque deixa de ter tanta influência.