A Mazda já cumpriu com sua quota anual de surpresas, mas ainda não está satisfeita. Depois de mostrar o motor SKYACTIV-X, o primeiro de produção em série a aplicar (pelo menos em parte) o ciclo HCCI (Homogenous Charge Compression Ignition, ou ignição por compressão de carga homogênea), a empresa japonesa mostrará no Salão de Tóquio o conceito RX Vision. Que, em si, talvez não seja tão impactante, mas sim no que terá sob o capô. Quem conhece os modelos da Mazda sabe o que a família RX significa: motores rotativos, popularmente chamados de Wankel, em homenagem a seu inventor.
O conceito RX Vision antecipará exatamente o modelo de produção do novo RX-9, sucessor de modelos como o RX-7 e o RX-8. A previsão para seu lançamento oficial é em 2020. Se seguir seus antecessores, o RX-9 terá um motor pequeno e muito potente. Isso porque os motores Wankel são extremamente eficientes, ainda que tenham sérios problemas com vedação e emissão de poluentes. Coisas que a Mazda havia resolvido bem até o RX-8, com o motor 1.3 RENESIS. Quando se fala em motores rotativos, não se fala em cilindros, mas em rotores. E o RENESIS tinha dois, cada um deles deslocando 654 cm³. Sem turbo, ele produzia 228 cv. Veja abaixo como um motor rotativo é fabricado e como ele funciona.
Além do RX Vision, a Mazda apresentará também a versão de produção da nova geração do Mazda3, o primeiro modelo a trazer o novo motor SKYACTIV-X. O hatchback médio, elogiadíssimo pela dinâmica nos mercados em que é vendido, também terá uma economia de combustível de mais de 20% em relação a modelos convencionais. Tudo porque ele não usa velas de ignição para inflamar a mistura ar-combustível, mas apenas a compressão. Como motores diesel, mas sem o uso deste derivado de petróleo.
A mágica é feita pelo ciclo SPCCI (ou Spark Plug Controlled Compression Ignition, de ignição controlada por velas). Ele dá partida no motor com as velas e as usa em situações específicas, nas quais a mera compressão não fará efeito. E conta com um compressor mecânico, chamado de "unidade de entrega de ar", para suprir a demanda por oxigênio nas ocasiões em que a compressão pode ser usada para queimar a mistura. Essa compressão permite usar uma mistura muito pobre, com pouco combustível, e gera até 30% mais torque que o de um motor a gasolina de ciclo Otto.
Como se pode notar, esse será um Salão de Tóquio memorável. Não só para os visitantes, mas para o resto do mundo motorizado.
