Mais uma vez se confirma que "onde há fumaça, há fogo". Os boatos de que a JAC Motors finalmente teria uma fábrica em Goiás vêm desde a semana passada, mas foram confirmado pelo governo do Estado no último dia 15. Em comunicado oficial, ele diz que a JAC se instalará em Itumbiara, mesma cidade onde a HPE tinha sua operação da Suzuki, para a fabricação do Jimny. E é exatamente este o arranjo que foi feito: o arrendamento de uma fábrica de que a HPE não precisa mais por uma fabricante que luta para ter a sua desde 2011.
Oficialmente, a JAC Motors Brasil diz apenas que investirá R$ 200 milhões, com geração de 820 empregos diretos e uma capacidade de produção anual de 35 mil unidades. Diz também a fábrica entra em operação "dentro de 24 meses e incluirá dois SUVs: o T40 e um novo modelo, ainda sob sigilo". Tudo aponta para o T50, nada mais do que um T5 reestilizado, outro modelo da JAC com vendas expressivas em 2017. A parte estranha é a marca dizer que "o local não foi escolhido até agora, apesar de haver ótimas opções". Se for assim, o prefeito de Itumbiara, José Antonio, andou falando demais. No último dia 12, ele comemorou a instalação da JAC na antiga fábrica da HPE. O texto no site do governo de Goiás é categórico: "A fabricante de veículos chinesa vai assumir a unidade de produção que pertencia à Suzuki, que transferiu sua linha de montagem para Catalão, junto à fábrica da Mitsubishi".
Por que o prefeito faria um anúncio destes sem ter certeza? Por que o governador o endossaria, apesar de ter dito depois, na agenda da segunda-feira, e de forma velada (talvez por erro), que a fábrica seria em Anápolis? Por que a JAC investiria apenas R$ 200 milhões em uma fábrica inteiramente nova quando a Mercedes-Benz investiu R$ 600 milhões, ou 3 vezes o investimento da JAC, para ter sua unidade de Iracemápolis, capaz de produzir apenas 20 mil carros por ano? Por outro lado, por que uma fábrica pronta e fechada levará dois anos para começar a produzir, ainda que seja preciso investir em maquinário e em treinamento de pessoal? Segundo a JAC, a fábrica já será capaz de cumprir 8 etapas do processo produtivo logo em seu primeiro ano de produção.
Mistérios à parte, o clima é de otimismo. “Nós jamais deixamos de trabalhar para a implantação de nossa fábrica no Brasil, tanto que uma fração do investimento total vem sendo aplicada no desenvolvimento dos modelos e nossos entendimentos com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) têm sido frequentes. Para 2018, devemos dobrar o volume de 2017, chegando a 8 mil unidades. Voltaremos a vender em 2018 o que tivermos competência pra vender, não aquilo que a lei impõe como limite”, disse Sergio Habib, presidente da JAC Motors, ao governador Marconi Perillo. Provavelmente aliviado pelo fim do Inovar-Auto, que foi outra pedra no sapato de importadores. Mesmo daqueles com intenção clara de se tornar fabricantes, como a JAC Motors.