Está consumado. No último sábado, a Chery e a CAOA confirmaram que são sócias no mercado brasileiro. Em vez de 51% de participação, a CAOA adquiriu 50% das operações da Chery no Brasil por US$ 60 milhões, mas ficará responsável pela administração do negócio. No qual, aliás, as empresas devem investir R$ 2 bilhões pelos próximos 5 anos. Segundo a CAOA, será o início da "a nova marca Caoa Chery, 100% nacional", um sonho antigo de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, CEO da empresa com as iniciais de seu nome. Em momento mais do que propício, já que o contrato de representação da Hyundai pela CAOA vence em 2018. Teoricamente, uma cláusula de renovação automática, por mais 10 anos, teria sido acionada, mas aí está uma janela de oportunidade para que a Hyundai assuma de vez sua marca no Brasil. O acordo, portanto, se torna um colchão de proteção para o grupo CAOA, mas, curiosamente, cada uma das empresas vê a coisa de um modo.
Enquanto a CAOA anuncia uma marca 100% nacional com 50% de capital chinês, a Chery aproveitou o evento em Pequim, na China, para expor sua visão. E dizer que a joint-venture com a empresa brasileira, que ela classifica como "o maior fabricante e revendedor do Brasil", a ajudará a "conjuntamente reforçar a influência da marca Chery na América Latina". Tanto que o negócio foi anunciado com o início do plano WWW+. A sigla, de Wisdom (sabedoria), Win-win (ganha-ganha) e Wired Intelligence (inteligência conectada), pode ser vista na imagem abaixo. Afinal, a nova empresa terá uma marca CAOA ou terá uma marca Chery?
O comunicado da CAOA reforça algo que o CEO da empresa já havia dito há muitos anos: que queria ter uma marca própria, ainda que inicialmente com tecnologia estrangeira. Para isso, a empresa contará com a fábrica de Anápolis, com capacidade de produção de 86 mil veículos em 3 turnos, mas com uma ociosidade de 70%, e com a de Jacareí, com capacidade para 50 mil carros e uma ociosidade de 90%. O comunidado da Chery diz que a empreitada é só mais um passo para tornar a chinesa relevante em nosso mercado. Como o controle do negócio ficará com a CAOA, é bem possível que ela faça com que prevaleçam suas intenções com o acordo.
Na imagem criada pela CAOA para comemorar e divulgar o negócio, o que se vê é a lanterna de um Chery Tiggo 7, uma das promessas da marca chinesa para os próximos anos. Ele e o Tiggo 2 são modelos que prometem ajudar muito a Chery a vender mais. Também se vê o emblema e o futuro nome dos modelos: CAOA Chery. Não sabemos como será a dinâmica da nova joint-venture. Nem se as relações entre os novos sócios serão harmônicas, mas uma coisa é fato: a Chery está em um processo intenso de transformação. Semelhante ao que a Hyundai começava a sofrer quando a CAOA assumiu sua representação no Brasil. Carlos Alberto de Oliveira Andrade tem um tremendo faro para essas coisas. Quer ele continue com a Hyundai, quer não, talvez estejamos prestes a ver um novo fenômeno no mercado brasileiro. Tenha ele o nome que tiver.