Preso em novembro no Japão, Carlos Ghosn está oficialmente numa gelada. Os promotores de Tóquio o indiciaram oficialmente por fraude fiscal, crime que, no Japão, pode dar até 10 anos de prisão. Mas não foi apenas o chefão da Renault que se deu mau. Greg Kelly, que o teria ajudado na fraude, e a Nissan, que teria permitido que ela ocorresse por uma governança fraca, também serão processados pelos promotores japoneses.
A acusação formal é que Ghosn, Kelly e a Nissan teriam escondido parte dos salários do ex-presidente do conselho de administração da Nissan. Em vez de receber US$ 16 milhões de salário, Ghosn recebia US$ 8 milhões e jogava os US$ 8 milhões restantes para sacar quando se aposentasse. A manobra, que Ghosn e Kelly defendem ser perfeitamente legal, seria uma forma de fraude fiscal para os promotores de Tóquio, famosos por terem uma taxa de condenação em juízo superior a 99%.
Enquanto isso, cresce a tese de que Ghosn sofreu um motim na Nissan. Segundo a Automotive News, Ghosn se preparava para colocar um novo CEO na Nissan e demitir Hiroto Saikawa. O executivo japonês já negou em entrevista coletiva que tenha dado um "golpe de Estado" em Ghosn, mas também não foi nada lisonjeiro em relação à gestão do brasileiro, que acusou de ser centralizadora. Segundo os rumores, a coisa vai mais além: insatisfeitos com a condição de coadjuvante da Nissan na Aliança com a Renault, os acionistas japoneses se opunham à ideia de uma consolidação das empresas sob uma mesma administração, algo que acabaria com essa história de aliança. Se Ghosn conseguisse levar seus planos adiante, Nissan, Renault e Mitsubishi seriam marcas de uma só empresa, algo que a Nissan não pareceu muito disposta a engolir.