Na última segunda-feira (19), a notícia da prisão de Carlos Ghosn pegou o mundo desprevenido. Ainda mais considerando os esforços que Ghosn fazia para unificar as empresas em uma só, algo que certamente revoltou parte dos dirigentes da Nissan, que nunca digeriu bem o fato de estar sujeita a uma empresa francesa. Neste caso, a Renault. Em suma, tudo muito estranho, como já havíamos comentado. A suspeita de um motim, levantada também por outros meios de comunicação, como o Jalopnik, foi terminantemente negada pelo CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, que também se preocupou em diminuir a importância de Ghosn na gerência da empresa japonesa. Algo que a Renault tende a ver com muito maus olhos, uma vez que ela conservou Ghosn como CEO e já até pediu que a Nissan compartilhasse as provas que a empresa teria reunido contra o executivo. Resumindo, ameaça das boas à Aliança, como as empresas chamam seus acordos de sinergia.
De acordo com as informações divulgadas até agora, Ghosn pode pegar até 10 anos de cadeia por ter comprado casas em Paris, Amsterdã, Beirute e Rio de Janeiro. Os imóveis teriam sido comprados com verbas da Nissan e não teriam justificativa estratégica para a empresa. Ghosn, nascido no Brasil e filho de uma família libanesa, também não teria pagado aluguel à Nissan pelo uso dos imóveis. O executivo está detido em uma prisão austera nos arredores de Tóquio, um ambiente muito diferente daquele em que ele normalmente vivia. Em breve ele deverá ser libertado, já que o tempo de prisão preventiva, pelas leis japonesas, não pode ser de mais de 23 dias sem uma acusação formal.