O calvário de Carlos Ghosn continua em sua prisão em Tóquio. O novo capítulo da história foi sua destituição em mais uma das empresas da Aliança. Depois de a Nissan o destituir da presidência do conselho de administração, foi a vez de a Mitsubishi o tirar do cargo de CEO nesta segunda (26). Segundo a empresa, que tem a Nissan como sua maior acionista, com 34% das ações, o executivo não teria mais a confiança necessária para se manter no cargo. Ele será temporariamente substituído por Osamu Masuko. Ghosn saiu do cargo de CEO na Nissan para se tornar CEO na Mitsubishi em fevereiro de 2017.
Ainda sem se pronunciar oficialmente para a imprensa, Ghosn disse a interlocutores que é completamente inocente das acusações. Segundo ele, não havia motivos para reportar dinheiro que ele só receberá quando se aposentar. Isso, de acordo com uma reportagem do site The Drive, seria o fundamento das acusações. Ele estaria, desde 2010, maquiando o próprio salário. Em vez de receber US$ 17,7 milhões, ele receberia apenas US$ 8,8 milhões, deixando os demais US$ 8,8 milhões e uns quebrados para receber depois de se aposentar. Greg Kelly, o diretor representativo que também foi preso, teria sido instruído por Ghosn a fazer isso, algo que a lei japonesa considera mais grave do que "insider trading". Ghosn nega que tenha feito algo de errado. E é essa a tese que ele defenderá nos tribunais contratanto advogados a peso de ouro, como Motonari Otsuru, antigo chefe da promotoria de Tóquio, e o escritório Paul Weiss Rifkind Wharton & Garrison, de Wall Street, especialista em crimes financeiros. De acordo com a Bloomberg, é algo mais do que necessário: 99,9% dos indiciados pelos promotores japoneses são condenados.