Em abril deste ano, o grupo Gandini anunciou que havia desistido de representar a marca Geely no Brasil. Como dissemos na época, isso só se explica por duas razões: pressão da Kia ou decisão da Geely de vir para o Brasil por conta própria. E o lançamento mais recente da marca comprova este raciocínio. O Geely SX11 é um crossover compacto com motor 1.5 Drive-E, da Volvo, a nova plataforma BMA e um estilo bastante agradável. Cairia como uma luva para o mercado brasileiro, ávido por este tipo de veículo. E poderia inclusive ser fabricado aqui, algo que o grupo Gandini sempre quis fazer com a Kia. Não faria sentido abrir mão do sonho de ter uma fábrica se não fosse por algum pé na porta externo.
O Geely SX11 tem 4,33 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,61 m de altura e um entre-eixos de 2,60 m. São medidas que o colocam muito próximo de modelos como Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade e até do futuro VW T-Cross. Seu motor, um 1.5 de 3 cilindros turbinado de 179 cv (132 kW) e 26 kgfm, é o mesmo que estreou no Volvo XC40, mas com diferenças de especificação. Em vez do câmbio automático de 6 marchas que se vê no XC40, o SX11 traz um automatizado de dupla embreagem de 7 marchas.
A plataforma BMA (B-Segment Modular Architecture), provavelmente derivada da CMA, que também estreou no XC40, pode ser usada em modelos A00 (subcompactos) a A (compactos) e dará origem a toda uma nova família de sedãs, hatchbacks, crossovers, peruas e minivans. Todos nos segmentos que mais vende carros no mercado brasileiro e em muitos outros em desenvolvimento. A própria marca afirma, no release oficial sobre a plataforma, que "produção baseada na BMA será iniciada na União Europeia, Leste Europeu, África, América do Sul, Oriente Médio e Leste Asiático". A Geely tem hoje uma operação pequena de montagem no Uruguai, mas ela não será suficiente para o que a BMA pode oferecer.
Com as credenciais fornecidas pela engenharia da Volvo, em especial a de segurança, a Geely faria muito bonito por aqui. É bem possível que a marca só esteja à espera de mais definições no mercado brasileiro, especialmente do Rota 2030, e também do resultado das eleições presidenciais para anunciar seus planos para cá. Em um cenário de estabilidade, duvidamos que ela fique fora do país por muito tempo.