Quando a nova geração do Nissan March foi apresentada, como Micra, em setembro de 2016, ela parecia a salvação da lavoura para a filial brasileira. O March da época, e ainda por aqui, já não vendia como o esperado. Mas o Micra seria muito caro para ser fabricado por aqui. Fala-se que ele estreou a plataforma CMF-B, mas não é verdade: ela só chegará com os novos Nissan Juke e Renault Clio. Ainda assim, é mais sofisticada do que a plataforma V usada aqui por March, Versa e Kicks. O crossover, aliás, é o modelo mais vendido da marca japonesa, deixando o sedã e o hatchback bem para trás. O que não faz o menor sentido considerando que o March é o carro de volume da Nissan. Isso muda até o Salão do Automóvel, quando o novo March, construído sobre a plataforma V, será apresentado por aqui, provavelmente como um conceito. Mas você pode conhecê-lo antes, já que o modelo apresentado nesta quinta (14) na África do Sul, fabricado na Tailândia, já usa a plataforma "certa". É o primeiro Micra/March para mercados emergentes a aparecer. E ele é igualzinho ao vendido na Europa.
No material divulgado à imprensa, a própria Nissan confirma que o Micra para a África do Sul usa a plataforma V. Junte a isso o registro de patentes do modelo no começo deste ano no INPI e temos confirmações suficientes da chegada do novo hatchback ao Brasil. Falta apenas flagrarmos os protótipos em testes por aqui, mas isso não deve demorar a acontecer. A Nissan precisa urgentemente de um substituto para o March. O Versa ainda vende melhorzinho, pelo bom pacote de equipamentos, espaço interno e preço, mas sua nova geração, também baseada no novo Micra, deve resolver seu maior problema: o estilo.
Lá na África do Sul, o March/Micra tem 4 m de comprimento, 1,74 m de largura, 1,47 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. O porta-malas é de 300 l e volante fica do lado direito. Fora isso, o nosso deve ser exatamente igual. Diz a Nissan que ele pode acomodar com conforto um motorista de até 2,03 m de altura. Comparado ao europeu, o Micra é apenas 1 cm mais alto, o que mostra que o trabalho de adaptação à plataforma V foi bem feito e permitiu conservar o belo desenho do carro intacto. A única opção de motorização oferecida no país africano, neste primeiro momento, é o motor 0.9 turbinado de 3 cilindros, chamado HR09DET. Ele entrega 90 cv a 5.500 rpm e 14,3 kgfm de torque a 2.250 rpm.
O câmbio, sempre um manual de 5 marchas, seria um ponto que precisaria de revisão aqui no Brasil. Primeiro, porque ele tem necessariamente de oferecer uma opção automática na faixa de preço em que vai brigar mais forte, por volta dos R$ 60 mil. Com o motor 1.0 naturalmente aspirado do March atual, ele talvez pudesse ser vendido por R$ 50 mil (contra R$ 44.990 do que temos hoje em dia). Não estranharíamos se o March atual fosse vendido como opção de entrada, com menos equipamentos, e o novo viesse para o pelotão intermediário. Como aconteceu recentemente com os Toyota Etios e o Yaris. O novo March poderia até ser chamado de Micra por aqui se o nome não fosse empecilho. Isso permitiria não confudir os dois, ainda que o mais provável seja a nova geração do carro ser apresentada como "Novo March" e fim de papo.
Por ora, o negócio é ficar de olho em nossas ruas e estradas para eventualmente flagrar o Micra/March de nova geração rodando por aqui. E aguardar o lançamento do carro em algum momento de 2019. A Nissan deve estar tão ansiosa por seu lançamento em nosso mercado quanto nós.