O carro autônomo é visto por muita gente como a solução para todas as mazelas do trânsito. Do tempo que se perde para chegar a qualquer lugar a uma brutal redução no número de acidentes e mortes. Mas não é bem assim, como já mostramos aqui na KBB. Uma reportagem da Bloomberg já havia dito que boa parte dos acidentes envolvendo veículos autônomos se deviam à impaciência dos demais motoristas com o jeitão destes carros em se conduzir. Recentemente, um motociclista atropelou um Chevrolet Bolt da Cruise Automation. Mas a Bosch foi mais além. Um estudo conduzido pela empresa mostra que, se os autônomos forem misturados a motoristas comuns, a tendência é que eles parem o trânsito. E não em uma conotação positiva, mas apenas denotando exatamente o que aconteceria. Tudo parado!
Mencionado pelo executivo Walther Jochen, diretor de Engenharia de Sistemas e Motor de Combustão Interna da Bosch Alemanha, no Congresso SAE 2017, o estudo mostra que os autônomos atuais procedem de modo muito mais cauteloso do que um motorista comum. E muito mais cuidadoso do que alguém arrojado. E são justamente esses motoristas que impediriam os autônomos de se mover. Sempre que eles tentassem avançar (em um cruzamento, por exemplo), alguém entraria na frente. O resultado, nas simulações de computador da Bosch, seria um engarrafamento monstruoso.
O estudo sugere que, para funcionarem bem, veículos autônomos precisam estar em ambientes em que todos os automóveis também se dirijam sozinhos. Ou que pelo menos estejam em modo autônomo. Se houver qualquer motorista controlando o carro, ele insere variáveis não controláveis no sistema e joga no lixo as vantagens de comunicação V2V e da automatização dos veículos. Em suma, ele gera basicamente o caos.
Outra possibilidade é que o modo autônomo tenha uma postura mais agressiva de direção. Mas o quanto mais agressiva do que a atual? Será que outros motoristas ainda assim não se arriscariam a cortar o modelo autônomo? A fechá-lo? Como o robô sobre rodas responderia? Essas são mais perguntas que o mero desenvolvimento da tecnologia não será capaz de responder. Ao que tudo indica, será preciso "calibrar" o sistema. E determinar em que situações ele ajudará, poderá ser usado ou apenas servirá para piorar o que já conhecemos.