Você leu aqui na Kelley Blue Book que a Jeep apresentou nesta quinta-feira (18) os preços da linha 2019 do Renegade. A notícia veio acompanhada de todas as mudanças que o carro recebeu neste facelift de "meia-vida", que compreende mudanças sutis no design frontal do carro e adição de novos equipamentos à gama do SUV. Uma das versões que mais receberam novidades foi a Limited Flex, a qual a KBB Brasil teve a oportunidade de guiar no evento de lançamento do modelo, na Praia do Forte, Bahia.
INTRODUÇÃO
Conforme comentamos na matéria anterior, a estratégia de preços da Jeep foi ousada. Já que a marca economizou na atualização do Renegade quando comparado ao que ocorreu na Europa (onde recebeu novos motores e mais mudanças visuais), os preços se tornaram o principal chamariz da Jeep para manter o bom fôlego que o SUV exibe no mercado. Eles comemoram ter atingido, no Brasil, uma meta global para 2025: a de 1 a cada 5 SUVs vendidos no mundo pertencerem à Jeep (no mundo, esta razão é de 1 para 17). Isso já acontece por aqui, segundo a marca. São 22% de parcela de mercado detida pela fabricante no Brasil, sendo o Compass o carro-chefe como o SUV mais vendido do país (44.357 unidades até setembro deste ano), enquanto o Renegade disputa ferrenhamente as primeiras posições com Honda HR-V, Hyundai Creta e Nissan Kicks. Atualmente, ele se encontra na 5ª colocação do ranking de SUVs compactos da Fenabrave, com 33.311 unidades vendidas até setembro de 2018, diferença de apenas 2.274 unidades em relação ao Honda, primeiro colocado.
Apesar de não surgir imediatamente atrás do HR-V como antes, a Jeep parece confortável com o desempenho de mercado do Renegade até aqui. Isto é corroborado pelas respostas que os executivos da marca davam a perguntas como "por que a Jeep não seguiu as novidades mostradas na Europa para o Renegade?". "O motor 1.8 flex atende muito bem as necessidades do consumidor", simplificou Alexandre Aquino, do departamento de Brand da marca. Não há previsão oficial para a chegada dos motores 1.0 e 1.3 FireFly turbo à gama do Renegade no Brasil. A expressão de confiança também serve, obviamente, para minimizar a preocupação com custos, que é o principal motivo para que a Jeep tenha economizado neste primeiro facelift do SUV.
De qualquer maneira, todas as versões do Jeep sofreram alteração de preço e/ou de conteúdo, para manter o interesse pelo Renegade em alta. A versão que mais se beneficiou desta estratégia foi a Sport AT, que agora custa R$ 83.990, ou seja, mais em conta do que ela vinha sendo comercializada e com a adição da central multimídia touchscreen com tela de 5 polegadas. No caso da Limited Flex, que dirigimos, ela agora parte de R$ 103.430, mais cara do que antes, porém com equipamentos que superariam o valor do acréscimo real, como 7 airbags, faróis principais e de neblina de LED, nova central multimídia com tela de 8,4 polegadas e rodas de aro 19. Neste link você confere todos os preços e detalhes do que mudou em cada versão do Renegade 2019.
AO VOLANTE
Nós avaliamos o Jeep Renegade recentemente para o nosso canal no YouTube. Na oportunidade, adiantamos o que já sabíamos da linha 2019: ela não traria nenhuma mudança mecânica ao Renegade. Ou seja, o motor 1.8 E.torQ flex de 139 cv e 19,3 kgfm permaneceria o mesmo, bem como o câmbio automático de 6 marchas e o conjunto de suspensões independentes. Portanto, não há nada de muito novo nesta área para destacar do SUV. O conjunto motriz pode até atender às necessidades do consumidor, conforme defendeu Aquino, porém mantém sua limitação para embalar o carro em velocidades mais altas ou até mesmo para extrair mais agilidade ao recorrer ao kickdown no acelerador. A sensação é que o motor sofre com o esforço de impulsionar os 1.440 kg do modelo, embora o câmbio, com respostas rápidas e suaves, faça de tudo para minimizar essa falta de fôlego.
Por outro lado, o que continua merecendo muitos elogios é o comportamento das suspensões independentes do Renegade. Somente ele e o Ford EcoSport oferecem este recurso, sendo que o Renegade o faz em todas as versões, enquanto somente a opção Storm 4x4 do Ford traz essa vantagem. O conjunto é referência em lidar com as imperfeições da via, atribuindo um rodar bastante confortável e prazeroso ao SUV. E o melhor é que mesmo com a adoção das rodas maiores, de aro 19 (exclusivas no segmento), não houve prejuízo sensível em dureza ao passar por buracos na pista. A sensação "aveludada" permanece praticamente a mesma que havia antes, quando o perfil dos pneus era maior.
Entre as novidades da linha 2019 que influenciam na condução do Renegade estão os faróis de LED e os novos para-choques. Segundo a Jeep, os novos faróis são capazes de aumentar em até 50% o poder de iluminação do conjunto óptico comparados com as lâmpadas halógenas. A evolução também é percebida no faróis de neblina, que também são de LED. Quanto aos para-choques, a Jeep abandonou o spoiler dianteiro que limitada o ângulo de entrada do SUV a 20º, o que provocava inconvenientes "raspadas" em lombadas ou valetas muito inclinadas. Agora, este ângulos pode ser de 27º a 30º, dependendo da versão, pelo formado diagonal que a peça inferior ganhou, o que evita que o carro raspe em qualquer situação.
A bordo da cabine do Renegade, a nova central multimídia de 8,4 polegadas é o que mais se destaca. Além de possuir um design moderno, com bordas finas, a interface é rápida e capacitiva, ou seja, semelhante à de um smartphone. O software também é muito intuitivo de usar e agora é compatível com Android Auto e Apple Car Play, possibilitando a utilização de aplicativos nativos do celular, como o Waze. Aliás, por essa razão, não há mais GPS integrado no sistema. Abaixo da tela, o console central ganhou um novo formato que abriu mais espaços para acomodar objetos dos ocupantes, melhorando a praticidade da cabine. Para quem viaja atrás, agora há uma entrada USB extra entre os bancos da frente. Completa a receita de melhorias o porta-malas de 320 litros, um ganho de 47 litros após todas as versões flex adotarem estepes temporários, o que permitiu um novo desenho do bagageiro para acomodar um volume maior (embora ainda esteja bem abaixo de seus principais concorrentes, todos com capacidade acima de 400 litros).
O restante da cabine do Jeep permaneceu inalterada. O acabamento da versão Limited Flex se aproveita de mais materiais macios ao toque no painel e nas portas (como plástico emborrachado e couro) e o espaço interno continua merecendo ressalvas para quem for mais alto, se comparado ao aproveitamento de espaço dos rivais.
CONCLUSÃO
As mudanças que a Jeep implementou no Renegade podem saltar aos olhos hoje, mas é bom lembrar que a Volkswagen vai finalmente lançar um SUV para disputar terreno entre os compactos. Trata-se do T-Cross, que será apresentado ao público no Salão do Automóvel em 2018 e contará com motores 1.0 e 1.4 turbo em sua gama. Isto é, deverá elevar o patamar de desempenho e eficiência da categoria, além de contar com o poder de convencimento da novidade. A Honda também vai atualizar o HR-V e mostrar no mesmo evento, embora deva seguir a estratégia da Jeep e não mexer no motor do modelo.
Com a concorrência prestes a se acirrar, a Jeep parece se agarrar muito mais ao mercado do que à evolução do seu produto para manter seu espaço no segmento. Além da estratégia de preços, a companhia também oferece as três primeiras revisões de graça aos consumidores, valorização "especial" do Renegade usado e a ampliação da rede de concessionárias (hoje são 189 pontos de venda) para atrair a clientela. Como é inegável a boa aceitação do público para o Renegade, há motivos tanto para otimismo quanto para preocupação para a Jeep neste cenário futuramente mais concorrido dos SUVs.