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Avaliação KBB™ - Renault Captur Intense 1.6 CVT

Câmbio herdado da Nissan ajuda, mas desempenho do SUV ainda deixa a desejar

Quando a Renault equipou o Captur com o câmbio CVT X-Tronic da Nissan, companhia irmã da marca na Aliança Renault Nissan, a missão da nova versão do SUV era a de dobrar o volume mensal de vendas do modelo. Na prática, isso significava subir de mil para dois mil o número de emplacamentos do Captur todos os meses. Porém, embora isso tenha sido alcançado em algumas oportunidades, o utilitário francês ainda não se consolidou como uma alternativa bem sucedida na categoria, estagnando na 9ª posição do ranking dos SUVs compactos da Fenabrave (a associação das concessionárias).

O principal empecilho para o Captur embalar no mercado reside em seu desempenho. Como veremos adiante, ainda que o câmbio CVT tenha ajudado, este quesito ainda é o maior problema do SUV. Outros detalhes também atrapalham o modelo, mas ele tem seus trunfos, como um design arrebatador e uma lista interessante de equipamentos quando comparada com a dos seus rivais mais próximos. 

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Estética é um atributo popularmente reconhecido como importante para o consumidor brasileiro. E beleza o Captur tem de sobra. Mesmo com mais de um ano no mercado, o SUV francês consegue chamar a atenção por onde passa devido ao seu visual notavelmente mais elegante do que os dos rivais, sobretudo na versão Intense avaliada pela KBB Brasil (com rodas de aro 17 e teto contrastante). O custo-benefício atraente e comportamento confortável da suspensão são outras virtudes do modelo. 

Renault Captur Intense 1.6 CVT

Talvez você não curta muito...

Se você prioriza um desempenho arrojado, talvez o Captur não seja a melhor opção. A desenvoltura do conjunto de motor e câmbio é apenas razoável para a vida na cidade, mas falta agilidade para enfrentar algumas situações cotidianas e, especialmente, rodoviárias. O espaço atrás também não está entre os mais generosos da categoria. 

O que tem de novo em 2018

O Captur ainda não recebeu grandes atualizações em 2018. A adição do câmbio CVT à gama no meio do ano passado foi a última grande novidade do SUV, que estreou no mercado em fevereiro de 2017 feito sobre a mesma plataforma do Duster

Dirigindo o Renault Captur Intense 1.6 CVT 

O câmbio CVT X-Tronic do Captur só pode ser acoplado ao motor 1.6 SCe do SUV. O casamento teoricamente poderia reproduzir agilidade ainda mais notável do que a sentida no Nissan Kicks – já que o francês é mais potente –, mas não faz isso. E a principal causa é o peso do Captur

Renault Captur Intense 1.6 CVT

Comparado ao Kicks, o Captur é 144 kg mais pesado que o seu "primo" japonês, o que, neste segmento, é bastante significativo. Logo, fica nítido o esforço dos 120 cv e 16,2 kgfm de torque para embalar o SUV, mesmo em situações urbanas, como ladeiras ou pequenas ultrapassagens. Em rodovias, esta dificuldade é mais sensível, sobretudo quando é preciso realizar alguma retomada de velocidade. 

O que o câmbio CVT beneficia é o melhor aproveitamento da faixa ideal de torque e potência do motor, algo que supera até a caixa manual, uma vez que este câmbio é reconhecido por ter respostas rápidas às diferentes pressões no pedal do acelerador. A simulação de 6 marchas virtuais (com a opção de trocas sequenciais pela manopla) contribui para que o câmbio X-Tronic seja mais ágil e inteligente na hora de interpretar as necessidades do motorista. Portanto, o desempenho comedido do Captur não deve ser creditado ao câmbio, que realiza bem o seu trabalho, mas sim à potência limitada para os 1.286 kg do SUV.

O porte do Captur também é um empecilho para que o seu trem de força seja mais parcimonioso no consumo. Segundo o Inmetro, o modelo roda 7,3 km/l na cidade e 8,1 km/l em rodovias, com etanol (com gasolina, estes números são 10,5 km/l e 11,7 km/l, respectivamente). Considerando uma média ponderada entre ciclo urbano e estradas, o Captur é ligeiramente menos econômico que o Ford EcoSport 1.5 e o Chevrolet Tracker 1.4, seus rivais mais próximos (7,6 km/l de média do Captur, 7.9 km/l do EcoSport e 7,7 km/l do Tracker). 

Renault Captur Intense 1.6 CVT

Além do câmbio, outra virtude do Captur é o comportamento da suspensão. O conjunto supera com facilidade e conforto os obstáculos da via, raramente produzindo batidas secas no assoalho e, de quebra, consegue entregar bom nível de controle da carroceria em curvas. A condução é prazerosa neste sentido, com destaque também para a assistência eletro-hidráulica da direção, que não é das mais leves para fazer manobras em velocidades baixas, mas proporciona resistência adequada em velocidades mais altas.

Sacadas inteligentes

Com a desistência da Ford em oferecer sete airbags de série no EcoSport em todas as versões (restaram somente os dois obrigatórios nas versões mais baratas), o Renault Captur se tornou uma referência no quesito segurança nesta faixa de preço dos R$ 90 mil. O SUV conta com quatro airbags de fábrica, além do controle eletrônico de estabilidade.

Detalhes do Renault Captur Intense 1.6 CVT 

Interior

O Captur nasceu para ser um irmão mais refinado do Duster, mas, apesar de ele ter um design mais moderno, a escolha dos materiais de acabamento e a montagem das peças revelam pequenas falhas. O plástico usado no painel nas laterais das portas é rijo e de aspecto rugoso, mais simples. Há couro onde se encosta o braço, é verdade, mas outros SUVs têm um padrão mais refinado neste quesito. O apoio de braço lateral exclusivo para o motorista é uma solução um tanto controversa, já que a Renault poderia substituí-lo por um baú central que, além de servir para motorista e passageiro, seria uma opção a mais de porta-objeto. Algo que seria muito bem-vindo no Captur, já que o compartimento acima do painel não oferece tanto espaço assim. 

Como um bom francês, o SUV traz peculiaridades na cabine, como a escolha de instalar botões à frente do freio de mão, lugar pouco convencional para acionar comandos que o condutor usa com frequência. Ao menos os ajustes dos espelhos estão na lateral da porta do motorista.

Renault Captur Intense 1.6 CVT

Apesar de ter medidas iguais às dos Duster em comprimento (4,33 m) e distância entre-eixos (2,67 m), o aproveitamento de espaço da cabine do Captur deixa um pouco a desejar para as pernas. A distância para os bancos da frente não é tão generosa quanto no irmão de plataforma. O teto é alto, portanto não há muito problema no interior do SUV para as cabeças. 

O destaque do Captur fica para o volume do porta-malas, com ótimos 437 litros de capacidade, número bastante notável para a categoria e consideravelmente maior do que o dos rivais mais próximos. 

Exterior

Como falamos no início da avaliação, o design do Captur deve ser a única unanimidade do modelo. Mesmo já há um bom tempo nas ruas, o modelo é capaz de chamar a atenção por onde passa. O visual com curvas arredondadas e balanços curtos compõe um design elegante, sobretudo pelos detalhes como os LEDs para uso diurno, as rodas diamantadas da versão Intense e o teto contrastante. Trata-se de uma abordagem moderna e bastante urbana, muito diferente da silhueta tradicional de SUV do Duster, por exemplo. 

Equipamentos

Na versão Intense 1.6 SCe, o Captur conta com 4 airbags, controle de estabilidade, direção eletrohidráulica, ar-condicionado digital e automático, luzes diurnas de LED, chave presencial, partida por botão, trio elétrico, sensor de chuva, sensor crepuscular, central multimídia touchscreen com GPS e rodas de liga leve de aro 17.

Reanult Captur 1.6 Intense CVT

Sob o capô

O motor 1.6 16V da família SCe apresenta quatro cilindros em linha, capazes de gerar 120 cv de potência a 5.500 rpm (a gasolina são 118 cv) e 16,2 kgfm de torque a 4.000 rpm, com ambos os combustíveis. Este propulsor conta com tecnologias de diminuição de atrito interno (no caso, batizadas de Physical Vapor Deposition, ou PVD) e com o sistema ESM (Energy Smart Management), de regeneração de energia. Durante a desaceleração do carro, ao tirar o pé do acelerador, o motor permanece em funcionamento sem consumir combustível e, neste momento, o alternador passa a recuperar energia e enviá-la à bateria, sem influenciar no consumo. Deste modo, ao retomar a aceleração, o alternador não precisa captar energia do motor para enviar à bateria, economizando combustível. 

Sobre o preço

Partindo de R$ 89.950 e ocupando a nona posição no ranking dos SUVs compactos, o Captur Intense 1.6 CVT tem como principais rivais o Chevrolet Tracker LT 1.4 Turbo, o Ford EcoSport Freestyle 1.5 e seu irmão Renault Duster. Entre todos estes, o Captur sai na frente no custo-benefício, tendo apenas o EcoSport como o concorrente mais próximo neste quesito. Não é à toa que as versões com câmbio CVT correspondem a 60% do mix de vendas do Captur. A Intense CVT, aliás, sofreu uma desvalorização aceitável de 10% em 9 meses, contando desde o seu lançamento. 

Ou seja, na ponta do lápis, você vai descobrir que o Captur tem atributos capazes de convencê-lo a levá-lo para casa. Basta não ter o desempenho como prioridade (e relevar o consumo ligeiramente menos parcimonioso). 

Ficha técnica

Modelo Renault Captur Intense 
Motor 1.6, 16V, dianteiro, transversal
Potência E: 120 cv | G: 118 cv a 5.500 rpm
Torque 16,2 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio CVT (simula 6 marchas)
Tração Dianteira
Freios (d/t) Discos / tambores
Suspensão (d/t) McPherson / eixo de torção
Dimensões (C/L/A) 4,33 m / 1,81 m / 1,62 m 
Entre-eixos 2,67 m
Peso 1.286 kg
Porta-malas 437 litros
Avaliação Profissional KBB
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