Quando a Ford falou em renovar o EcoSport, ficou claro que a marca tanto tinha de melhorar seu veterano, o primeiro crossover compacto do Brasil, quanto tinha de atacar com preços agressivos. O temor era que o modelo não fosse capaz de encarar uma concorrência não só mais jovem, mas com muitas qualidades, sem uma geração completamente nova. A questão de preço será analisada mais adiante, mas desde já podemos dizer que a marca fez um belíssimo trabalho na atualização deste antigo campeão de vendas. Não só por conta do novo conjunto mecânico, digno de nota, mas também por melhorias na construção do carro e no nível de equipamentos oferecido. Podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que este é o melhor EcoSport que a Ford já ofereceu.
Você gostará do EcoSport Freestyle 1.5 AT se…
Quem já tinha simpatia pelo Ford certamente gostará do novo estilo. Meramente evolutivo, mas mais esportivo, ele conseguiu fazer o novo EcoSport se destacar como algo diferente do anterior. Mas só quem se dispuser a entrar e a dirigir um terá contato com o que ele oferece de melhor.
Começa pelo interior, com acabamento mais bem cuidado. Bem diferente dos EcoSport anteriores, que tinham uma série de problemas de peças que se soltavam ou mesmo que não funcionavam como deveriam. A central eletrônica SYNC 3, em destaque no centro do painel, é vistosa e tem operação rápida e fácil.
A estrela, entretanto, é o conjunto mecânico do EcoSport, com o motor 1.5 Dragon de 3 cilindros que é não apenas moderno, mas bem disposto e divertido de comandar. Com a vantagem de ser bem mais econômico do que o antigo 1.6. Além disso, ele vem com uma transmissão automática de 6 marchas acima de qualquer suspeita. Ela substitui o câmbio Powershift, que saiu de linha após uma série de falhas que levaram a Ford a prolongar a garantia dos veículos equipados com ele.
Falando apenas da versão Freestyle, as rodas escurecidas e a falta de cromados dão ao EcoSport um visual mais limpo e interessante.
Talvez você não curta muito…
Quem procura algo inteiramente novo não terá isso no EcoSport. Ele continua a oferecer pouco espaço no banco traseiro e no porta-malas, de 356 l.
Algo que já foi o “charme do modelo” pode não ser visto como algo prático por seus compradores. Trata-se do estepe pendurado na porta traseira, que se abre de lado, da direita para a esquerda. Abrir o porta-malas inteiramente exige um bocado de espaço livre.
O que tem de novo em 2017
A linha 2018 do EcoSport recebeu uma reestilização leve, mas capaz de remoçá-lo. Por dentro, no entanto, as mudanças foram profundas, com a adoção de uma nova central eletrônica que merece elogios. A linha 2019 fez "o favor" de eliminar os 7 airbags da lista de itens de série do modelo.
A SYNC 3 não dá apenas um toque de requinte ao EcoSport, como se só pudesse estar presente em modelos de segmento superior, mas também é uma das mais competentes na interação com os usuários. Rápida e com gráficos agradáveis, o único defeito da SYNC 3 é eventualmente chamar mais a atenção do que o trânsito. Vale ressaltar que isso não aconteceu em nossa avaliação, nem deverá acontecer com o leitor atento e responsável da KBB.
Fora isso, motor e câmbio são inteiramente novos no Freestyle 1.5 AT. E falaremos bastante sobre eles mais adiante.
Dirigindo o EcoSport Freestyle 1.5 AT
Por fora, você tem a sensação de estar diante de um modelo razoavelmente conhecido, mas essa impressão muda para melhor assim que se entra no Ford. As mudanças no interior, além de mais profundas que as feitas por fora, dão ao EcoSport um bom ambiente para curtir o que ele tem de melhor: os novos motor e transmissão.
Por ser pequeno e leve, o 1.5 TiVCT faz com que a dianteira do EcoSport se mantenha bastante neutra, sem tendências de querer escapar. É lógico que os sistemas de controle de tração e de estabilidade também ajudam nisso (e eles são de série desde o EcoSport mais básico), mas o carro mostra bom equilíbrio antes mesmo de ter de recorrer a eles.
A suspensão alta e os pneus parrudos, que formam boa parte do conjunto desejado por quem quer um crossover ou SUV, não são sinônimo de instabilidade no EcoSport. A suspensão é muito bem acertada, proporcionando uma condução correta e, ao mesmo tempo, confortável. Seria quase esportiva se a posição alta de dirigir não desestimulasse naturalmente qualquer ousadia ao volante, mas transmite confiança.
Sem assistência exagerada, os freios deste Ford exigem um pouco mais de força do que o padrão do segmento para frear. Ótimo para quem prefere sentir o que o carro está fazendo e provavelmente não tão positivo para quem se acostumou aos carros “soft touch”, nos quais basta encostar no pedal para que o veículo já pare mais forte do que o esperado.
Quando se fala no pedal do acelerador, o 1.5 surpreende pelo bom vigor nas respostas, em linha com o que se poderia esperar de um 1.8 mais antigo. Só não vale compará-lo a um 2.0 ou a motores turbinados, diante dos quais ele fica em evidente desvantagem. Seu brilho é fazer muito com o pouco (tamanho) que tem. Não há críticas a fazer também ao câmbio automático, que é rápido em reagir ao pé direito do motorista e, ao mesmo tempo, suave nas trocas. Quase como se fosse um CVT, mas sem manter os giro constante enquanto a velocidade sobe.
Sacadas inteligentes
Além de fazer uma bela presença, a central SYNC 3 de 8 polegadas também tem comando por voz que funcionam bastante bem. O porta-malas conta com uma espécie de prancha que permite criar compartimentos separados. Uma ótima pedida para esconder cargas mais valiosas ou para organizar as compras, disponível apenas a partir da versão Freestyle.
Detalhes do EcoSport Freestyle 1.5 AT
Interior
A parte interna do EcoSport é, ao mesmo tempo, seu ponto alto e baixo. Alto pela profunda renovação que sofreu, com uma modernização que coloca seu interior entre os melhores do segmento em segurança e estilo. Baixo porque ele continua apertado para famílias, mesmo as que têm filhos pequenos. Com as obrigatórias cadeirinhas, mesmo que fixadas pelo sistema Isofix, falta espaço, especialmente para motoristas altos. É possível deixar o banco mais alto, mas isso compromete a visualização de semáforos.
Se há duas entradas USB na dianteira, para motorista e passageiro, faz falta uma para os passageiros do banco de trás, como a oferecida pelo Fiat Argo, por exemplo. O volante concentra comandos do sistema de entretenimento, do controlador de velocidade e do computador de bordo.
Exterior
As mudanças sofridas pelo EcoSport são bem mais tímidas no exterior, mas ainda se fazem notar. As setas, por exemplo, saíram dos faróis e foram colocadas ao lado dos faróis de neblina. Mas isso é basicamente tudo que o carro tem de diferente em relação ao anterior na parte de fora, além dos novos para-choques dianteiro e traseiro.
Equipamentos
A versão Freestyle sempre foi uma das campeãs de vendas na linha EcoSport pela boa oferta de equipamentos. Que já é excelente mesmo no crossover mais básico, o SE, que traz 7 airbags, controles de tração, estabilidade e anticapotamento e central multimídia SYNC 3 (com tela de 6,5 polegadas), sensores de monitoramento dos pneus, assistente de partida em rampa, direção elétrica, ar-condicionado, retrovisores de regulagem elétrica com piscas integrados, rodas de liga leve de aro 15, vidros elétricos dianteiros e traseiros, volante revestido de couro com comandos do rádio. O Freestyle automático acrescenta a essa lista o câmbio que dispensa o pedal de embreagem, uma tela de 8 polegadas para a central SYNC 3, borboletas para troca de marcha atrás do volante, bancos em couro e em tecido, câmera de ré, controlador de velocidade (com comandos no volante), painel com tela de TFT colorida de 4,2 polegadas, DRLs de LED e o assoalho inteligente do porta-malas.
Sob o capô
A joia do novo EcoSport está guardada no cofre do motor. O novo 1.5 TiVCT de 3 cilindros da família Dragon, derivado do 1.5 EcoBoost vendido na Europa, rende 137 cv, com etanol, ou 130 cv, com gasolina, sempre a 6.500 rpm, e 16,2 kgfm (E) e 15,6 kgfm (G) a 4.500 rpm. Ao contrário do que os giros podem fazer parecer, ele tem comportamento bastante linear, com boa entrega de força mesmo em baixas rotações. Culpa do duplo comando de válvulas, variável tanto na admissão quanto no escape.
A transmissão é uma nova automática de 6 marchas, a 6F15, que surpreende pela operação rápida e suave. Juntos, o motor e a transmissão dão ao EcoSport um dos melhores trens de força atualmente disponíveis no mercado brasileiro, em especial entre os crossovers compactos.
Sobre o preço
Uma análise preliminar de preço poderia fazer o EcoSport parecer caro. Afinal de contas, ele é vendido a R$ 73.990 em sua versão mais barata, a SE, enquanto o Nissan Kicks de entrada, o S, custa R$ 70.500. Mas as diferenças de conteúdo são tão grandes que só podemos dizer que a Ford fez sua lição de casa direitinho. Não há hoje nenhum crossover compacto com 7 airbags, controles de tração, estabilidade e anticapotamento e central multimídia (com tela de 6,5 polegadas), entre outros itens, à venda por R$ 73.990. Se a missão do novo EcoSport era parecer uma pechincha, ela foi cumprida. Pelo menos na linha 2018...
O Freestyle 1.5 automático é um bocado mais salgado, vendido a R$ 86.490, mas trazia os itens de série que já relacionamos acima. E que também iam muito além do que qualquer um de seus concorrentes oferecia pelo mesmo preço. A linha 2019 do carro eliminou essa vantagem competitiva em troca de um desconto pífio de R$ 1.300 no preço. Quem não estiver precisando de muito espaço nem atrás de projetos novos em folha não podia deixar de dar uma olhada no novo EcoSport. Nem que fosse por desencargo de consciência. Ou para evitar o arrependimento de ter perdido um excelente negócio no segmento. Com as mudanças, pense com carinho nas versões usadas. Pelo menos elas trazem os 7 airbags de série.