Quando controlava apenas o grupo Fiat, ele criou um dos negócios mais improváveis do mercado automotivo mundial: aproveitou os reflexos da crise de 2008 para comprar Chrysler, Dodge e Jeep em janeiro de 2014. Foi assim que nasceu a FCA (Fiat Chrysler Automobiles). Houve quem dissesse que se tratava de um abraço de afogados, mas a estratégia deu frutos e tornou a Jeep uma das marcas mais importantes do mundo. Ele também tinha a fama de workaholic, de exigente e de alguém que não permitia que seus funcionários mais próximos tivessem vida. Gênio ou carrasco, o fato é que Sergio Marchionne não é mais CEO da Ferrari ou da FCA desde o último sábado (21). Aliás, talvez ele nem esteja mais entre nós. Segundo o jornal italiano "La Repubblica", seu estado de saúde é irreversível. Em seu lugar, entra justamente o presidente da Jeep, Michael Manley. Ou apenas Mike, como ele se tornou conhecido.
Em um anúncio oficial, John Elkan, presidente da Exor, a holding que controla a FCA, disse no sábado que estava "profundamente entristecido por saber das condições de saúde de Sergio" e que a situação era "inimaginável até algumas horas atrás, uma que nos deixa com um profundo senso de injustiça". E não houve mais palavra oficial nenhuma a respeito a não ser um pedido para se respeitar a privacidade do antigo CEO e da família. Mas as poucas informações que foram dadas, de que Marchionne havia sofrido complicações por uma cirurgia no ombro, não faziam sentido. Foi a imprensa italiana, como o jornal La Stampa, presente em Zurique, na Suíça, onde Marchionne foi internado, que esclareceu que a situação era resultado de uma "doença oncológica muito grave". Fumante inveterado até bem recentemente, Marchionne teria desenvolvido um tumor no pulmão, segundo o site Dagospia.
Diante do inevitável, Mike Manley será o responsável por levar adiante o plano da FCA até 2022, que foca ampla renovação da linha. No Brasil, o plano prevê mais de 25 lançamentos até 2022. É bem possível que ele também seja o homem a negociar a venda da FCA a algum outro grande fabricante, algo que Marchionne sonhava em fazer até se aposentar. O executivo dizia planejar sua aposentadoria para 2019. Talvez um eufemismo para o que ele sabia estar por vir.