Se você acompanha notícias de tecnologia automotiva, sabe que a Mazda foi a primeira fabricante a anunciar a fabricação em série de um motor que muita gente perseguia, com ciclo HCCI (Homogeneous Charge Compression Ignition, ou ignição por compressão de carga homogênea). Na verdade, a Mazda deu uma adaptada no conceito e criou o SPCCI (SPark Controlled Compression Ignition, ou ignição por compressão controlada por velas). A tecnologia estará no motor SKYACTIV-X. Para conhecê-la melhor, vale ler a matéria em que a explicamos em detalhes. Ela estreará na nova geração do Mazda3. É possível que ele estreie ainda neste ano, provavelmente em algum grande evento nos EUA. Mas a Mazda não se dá por satisfeita. Em entrevista à Automotive News, Mitsuo Hitomi, chefe de powertrain da marca japonesa, disse que o motor SKYACTIV-3 poderá ser tão limpo quanto um motor elétrico. E o segredo, segundo ele, é atingir uma eficiência energética de 56%.
Na reportagem "O drama dos motores a combustão", ressaltamos algo que quem não a leu talvez nunca tenha parado para refletir. A verdade é que motores a combustão são absurdamente ineficientes. De toda a energia contida nos combustíveis, eles aproveitam apenas uma pequena parte. Todo o resto é literalmente queimado. A proporção média está entre 18% e 20%, mas os motores de produção mais eficiente chegam a 40%. O que mais bem aproveita o combustível é o motor da Mercedes-Benz para a F1, que atingiu 50% de eficiência energética. Mesmo que você tivesse um destes sob o capô de seu carro, ainda queimaria metade do dinheiro que gasta para abastecer o tanque de seu carro.
Isso mostra bem o tamanho do feito a que a Mazda está se propondo. Se conseguir criar um motor de produção que atinja 56% de eficiência energética, a japonesa será a primeira fabricante a realizar essa façanha. E isso bastaria para que o motor SKYACTIV-3 fosse mais limpo do que um elétrico considerando emissões na geração de energia elétrica comparadas às que acontecem na extração e no refino do combustível mais as do próprio automóvel. Vale esmiuçar essa conta, para entender o raciocínio exato de Hitomi, mas há algo que ele não mencionou e que continua crucial no processo: o fato de que mesmo o motor SKYACTIV-3 continuará jogando fora 44% da energia que poderia ser usada para mover o automóvel. Algo que, em um elétrico, fica na casa dos 10% no máximo.
Podemos realmente estar diante dos cantos de cisne dos motores a combustão, mas não se pode negar que eles são bonitos de ver e de ouvir. Pena a tecnologia ter chegado tão tarde...