Desde 2015 se fala no maior recall da história. Um defeito nos deflagradores dos airbags da Takata, então a maior fornecedora destes componentes em todo o mundo, fazia com que as bolsas de ar, em vez de proteger os ocupantes, atirassem neles pedaços de metal. Isso porque os deflagradores, enferrujados, se quebravam em pequenos pedaços, algo que jamais deveria acontecer. O problema afeta praticamente todos os fabricantes e pelo menos 53 milhões de carros no mundo todo. No Brasil, seriam cerca de 3 milhões, segundo o pessoal da revista Auto Esporte, que também descobriu a primeira vítima do defeito, um policial de Feira de Santana, na Bahia. Até agora, já foram 29 acidentes registrados no país, com 12 vítimas feridas. Uma sorte, já que, em outros países do mundo, muitas pessoas já morreram por conta do defeito.
Ainda segundo a Auto Esporte, apenas 1 milhão entre os 3 milhões de carros envolvidos teria tido os airbags defeituosos substituídos, o que representa apenas 34% do total de veículos com o problema. Em reportagem de 2014, a revista Automotive Business revelou que apenas 6% de todos os recalls realizados no Brasil haviam sido concluídos. Uma convocação só pode ser encerrada, por lei, quando todos os automóveis chamados passam pelo reparo necessário. Isso mostra o quanto o brasileiro liga pouco não só para a segurança alheia, dirigindo de modo perigoso, mas também dá pouco valor a sua própria integridade física. Também evidencia o quanto os mecanismos de controle do governo são falhos, já que ele só ficou sabendo dos 29 acidentes por meio das reportagens da revista. Falta um sistema que impeça o licenciamento dos veículos sem defeitos corrigidos, por exemplo. Ou qualquer outro modo de obrigar o atendimento aos recalls. Isso evitaria novas vítimas e obrigaria as pessoas à correção apelando à parte que mais dói: o bolso.