O primeiro Lexus da história, o LS400, ou XF10, nos códigos de desenvolvimento da empresa japonesa, tinha um motor V8 4.0 silenciosíssimo que roubava a cena do luxo e do conforto que o sedã oferecia. Quase 20 anos depois, a Lexus agora vende no país a versão mais recente do modelo, a LS500h, ou XF50, a quinta geração do veículo. Com um motor V6 3.5 naturalmente aspirado que tem mais potência e um pouco a menos de torque (299 cv a 6.600 rpm e 37,5 kgfm a 5.100 rpm contra 284 a 5.900 rpm e 40,6 kgfm a 4.100 rpm), mas também conta com o auxílio de dois motores elétricos. É um híbrido, como o "h" minúsculo denuncia, mas não usa o sistema como argumento de economia de combustível. O que seria estupidez diante de um carro de R$ 760.000. O auxílio elétrico, presente pela primeira vez no Brasil no topo de linha da marca, é argumento de tecnologia de ponta. O que, de fato, é.
Com os dois motores elétricos, ambos instalados na transmissão, o LS500h chega a uma potência total de 359 cv e soma 30,6 kgfm aos 37,5 kgfm que o motor a combustão já fornece. É o suficiente para o sedazão ir de 0 a 100 km/h em 5,4 s, algo notável quando sabemos que ele tem 5,23 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,45 m de altura e tem um entre-eixos de 3,12 m! O vídeo abaixo mostra melhor do que estamos falando:
Notou que o torque máximo do motor só aparece a altos 5.100 rpm? Isso é o contrário do que normalmente se espera de um modelo de luxo, com muita força em baixa logo que se pisa no acelerador. O caso é que o Lexus LS500h tem isso de sobra, mas não fornecido pelo motor V6 e sim pelos motores elétricos que compõem o sistema chamado Multi Stage Hybrid. Falaremos mais dele adiante, mas o que importa, neste ponto, é que o motor elétrico atua nos momentos em que o V6 seria mais exigido, o que o ajuda a gastar menos e ser muito mais eficiente. Para se ter ideia, o LS500h pode chegar aos 140 km/h usando apenas seus motores elétricos, deixando o motor V6 ser o mais eficiente que puder. Inclusive porque ele trabalha no ciclo Atkinson, como todo motor híbrido da Toyota e suas divisões. Sim, um carro de R$ 760.000 não precisa beber pouco, mas deve emitir poucos poluentes. Tudo para ajudar a fabricante a atingir as metas de emissões que muitas leis no exterior impõem...
O sistema Multi Stage Hybrid é um arranjo técnico fascinante. O motor a combustão é ligado a um dos motores elétricos, o primeiro, que atua como um gerador, mas também pode impulsionar o carro. Esse gerador/motor (Motor Generator 1, no vídeo acima) é ligado a um segundo motor elétrico. Que tem a função de impusulsionar o carro, mais do que tudo, mas que também pode atuar como gerador (MG2). Os dois motores/geradores são ligados por um sistema de engrenagens planetárias que atua como um CVT, mantendo a rotação do motor a combustão constante, sob cargas altas. E simulando 3 marchas. Cada uma delas pode ser combinada às 3 primeiras marchas de uma transmissão automática de 4 marchas que vai logo depois do segundo motor/gerador, o que dá ao carro 9 "marchas". A décima é do tipo overdrive e usa a última marcha da transmissão automática com a relação mais alta que a "CVT" consegue produzir. Se é complicado de entender, imagine de conceber...
Fora o Multi Stage Hybrid, que já seria suficiente para admirar o modelo, o LS500h também traz um sistema de som de alta fidelidade Mark Levinson, acabamento de altíssimo nível, como é padrão dos modelos da marca, e o Lexus Safety System, que incorpora controlador de velocidade adaptativo, assistente de mudança de faixa, monitor de colisão dianteira e farol alto automático, que evita ofuscamento dos demais motoristas. Perfumaria diante do sistema híbrido deste sedã de luxo, mas que também ajuda a explicar o preço de R$ 760.000. E pensar que o Lexus LS400 custava R$ 195.586 em 1999...
