Na apresentação do novo VW Polo, nesta terça (26), a Volkswagen colocou à disposição dos jornalistas apenas as versões MSI, Comfortline e Highline. Nada do 1.0 de 3 cilindros naturalmente aspirado, por enquanto. Ele provavelmente terá uma apresentação separada à imprensa ou apenas empréstimos dentro de algumas semanas. Mas não trará grandes surpresas em relação ao MSI, que já apresentamos a vocês. A potência e o torque bem mais baixos já são esperados. O que não esperávamos mesmo era a superioridade tão gritante de um outro 1.0, o TSI.
No início do test-drive, conseguimos uma versão MSI para ir até Porto Feliz. Uma escolha acertada. Não só pelo fato de haver menos deles à disposição dos jornalistas, mas também pela estratégia de guardar a cereja do bolo para o final da refeição. Quase literalmente: encerramos o almoço oferecido pela Volkswagen e conseguimos um VW Polo Highline para dirigir por todo o trajeto de volta a São Paulo. Na ida, tivemos de dividir o MSI com outro jornalista.
Logo de cara, o interior bicolor chamou nossa atenção, assim como a central multimídia Discover Media, com tela de 8 polegadas. O modelo que dirigimos não trazia o sistema Active Info Display, que substitui os instrumentos analógicos do painel por uma tela colorida TFT de 10,25 polegadas, integrada aos sitema Discover Media, mas nem era preciso. A estrela desta versão não está na cabine, mas sim sob o capô.
Introdução
O motor 1.0 TSI, de 128 cv a 5.500 rpm e 20,4 kgfm de 2.000 a 3.500 rpm (os 200 Nm mencionados em sua tampa de porta-malas), é uma joia mecânica. No Polo, ele vem acoplado a uma transmissão automática convencional de 6 marchas que o ajuda a brilhar ainda mais. No Golf TSI, equipado com o mesmo motor, a única opção disponível é o câmbio manual de 6 marchas. Daqui a pouco falamos melhor do que ele faz.
Além da central Composition Touch, de 5 polegadas (a Discover Media do nosso carro, com 8 polegadas, era parte do pacote de opcionais Tech High), o Polo Highline vem de série com regulagem de altura e de distância da coluna de direção e com retrovisores elétricos. Elementos cuja falta se sente muito no Polo MSI, mas ele vai além.
Traz também controlador de velocidade, sensores de estacionamento traseiros, sistema de partida e de abertura das portas sem chave, ar-condicionado digital Climatronic, faróis de neblina com sistema de iluminação de curvas (Cornering Light), rodas de liga leve de aro 16, volante multifuncional, saídas de ar e USB para os passageiros do banco de trás, Hill Hold Control, ESC (controle de estabilidade), ASR (controle de tração) e XDS+ (bloqueio eletrônico de diferencial). Um belíssimo pacote, mesmo considerando o preço de R$ 69.190.
Ainda assim, nota-se que o Polo não traz materiais de superfície emborrachada. Todos os plásticos são duros, semelhantes aos usados nos Renault Sandero e Logan. E mesmo os acabamentos mais sofisticados, como o do ar Climatronic, passam uma impressão de simplicidade que pode desagradar que tem em mente o padrão de acabamento de modelos como o Golf. Que é um hatchback médio, com preços que começam na casa dos R$ 80 mil.
Ao volante
Tanto no trecho inicial, de estrada, quanto no curto trajeto urbano que fizemos com o Polo Highline, a palavra de toque é agilidade. Impressiona o fôlego do hatchback em ultrapassagens mesmo aos 100 km/h. Ele ganha velocidade sem esforço: basta pisar fundo no acelerador que a boa transmissão de 6 marchas toma conta do resto. Não se sente, como na versão 1.6, nenhuma demora em retomadas.
Ao contrário da direção do Polo MSI, a do Polo Highline tem peso adequado tanto em manobras na cidade quanto a 120 km/h na estrada. Ela continua tendendo mais para o baixo esforço do que para uma direção de caminhão, mas passa menos a impressão de que qualquer mexida leve no volante fará o carro mudar de faixa.
Como no modelo 1.6, o que não falta ao Polo Highline é espaço. Talvez só um pouco para as pernas de passageiros altos sentados atrás de um motorista do mesmo tamanho, mas isso só seria um problema no transporte de um time de basquete. Todos os três passageiros do banco traseiro contam com encostos de cabeça e cintos de três pontos, além dos ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis. Para quem não encontra cadeirinhas compatíveis no mercado, a Volkswagen as oferece em suas concessionárias.
Não foi possível avaliar a estabilidade do Polo em curvas fechadas e situações de baixa aderência, mas ele também não nos deu nenhum motivo para suspeitar de qualquer falta “de chão”. O modelo é confortável, mas se mostrou bastante obediente em altas velocidades (nas retas da rodovia Castelo Branco) e tranquilo na buraqueira nossa de cada dia.
O único reparo ao bom conjunto mecânico do Polo Highline se fez notar na chegada a São Paulo, em uma alça de acesso a uma via de trânsito pesado, a Marginal Pinheiros. Confiantes nas respostas prontas do modelo, e depois de parar o carro completamente para avaliar o tráfego, entramos na via prontos a ganhar velocidade rapidamente para acompanhar o fluxo. O natural seria que a transmissão estivesse em primeira marcha, mas ela deu a impressão de estar em 2ª ou 3ª, tal a demora que o Polo apresentou em acelerar.
Isso nos fez lembrar imediatamente de outras avaliações de modelos Volkswagen com câmbio automático de 6 marchas. Conversando com donos de veículos com essa transmissão, todos foram unânimes em dizer que essa é uma característica deles. E que uma forma de driblar esse comportamento meio vacilante é colocar a transmissão no modo Sport em todas as situações que exijam respostas mais prontas. Ficaremos atentos a isso em nossa Avaliação KBB do hatchback.
Conclusão
Pode ser tentador pensar em ter um Polo novinho por R$ 49.990 ou R$ 54.900, como as versões 1.0 e 1.6 oferecem, mas recomendamos fortemente que você junte mais dinheiro para levar para casa o Polo com motor 1.0 TSI. Mesmo que seja para sair com a versão Comfortline, de R$ 65.190. Ele é um carro tão superior em comportamento dinâmico, e tão bem equipado, que a diferença de preço entre ele e o MSI chega a soar pequena.
Se estiver pensando em um Polo, vá com o equipado com o motor 1.0 TSI. E não se preocupe se quiser equipá-lo com os pacotes de opcionais oferecidos pela Volkswagen. Com a Kelley Blue Book, acabou aquela história de perder dinheiro com equipamentos a mais.