Dizem que o logo da BMW é a representação de uma turbina de avião. A ideia, criada por uma publicidade do início da carreira da marca, com um avião monomotor com o logo estilizado em sua hélice em movimento, não corresponde à realidade. Na verdade, o logo traz as cores da bandeira da Baviera de um modo que a lei alemã não pudesse proibir, já que é proibido usar símbolos nacionais em marcas comerciais. Isso em nada diminui o fato de que a sétima geração do Série 3 chegou para alçar voos mais altos nas vendas. E que é o consumidor que vai se beneficiar, viajando na primeira classe.
Os ótimos atributos do novo Série 3 chegaram em bom momento. Em 2018, o sedã ficou atrás de seu principal concorrente, o Mercedes-Benz Classe C, que emplacou 5.041 unidades, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). O sedã médio premium da BMW ficou com 2.981 emplacamentos, superando o rival da Audi, o A4, que deteve apenas 1.041 unidades vendidas.
O sedã da BMW chega mais potente e 55 kg mais leve do que a geração anterior, por conta do uso de alumínio em travessas, longarinas, capô e para-lamas. Culpa da nova plataforma, a CLAR, a mesma usada pelos BMW Série 5 e Série 7. As primeiras versões a serem comercializadas têm motor de quatro cilindros em linha 2.0 com 258 cv (entre 5.000 e 6.500 rpm) e 40 kgfm de torque (de 1.500 a 4.400 rotações). Comparando com a geração anterior, a potência aumentou, ficando 13 cv maior, com torque 5 kgfm mais forte. O câmbio automático Steptronic de 8 marchas, com aletas atrás do volante para mudanças, ajuda na aceleração de 0 a 100 km/h em 5,8 s. O modelo é limitado eletronicamente a 250 km/h.
Versões
As primeiras unidades do 330i M Sport serão entregues aos clientes, importadas de Regensburg, Alemanha, até o final de março. Os proprietários contam com o conjunto motriz citado acima e mais diversos itens do pacote M, como rodas de liga leve de aro 19 Double Spoke, spoilers e saias laterais esportivos, faróis BMW Laserlight, que têm LED para os faróis baixos e laser para os altos, parking assistant plus, um assistente de estacionamento, head-up display colorido e fechamento automático da tampa do porta-malas. O Série 3 topo de linha chega custando R$ 269.950. Este foi o modelo avaliado.
A versão mais em conta é a Sport, que chega somente em junho, com preço de R$ 219.950 e abandona os faróis de laser, utilizando somente LED, tem rodas menores, de aro 18, e o sistema de som não é premium Harman Kardon.
Estilo
Sem abandonar as suas principais características, o Série 3 continua com perfil executivo e apelo esportivo. Ele ficou 8 cm mais comprido (4,70 m), 1,5 cm mais largo (1,82 m) e seu entre-eixos ganhou 4,1 cm, totalizando 2,85 m. A altura é a mesma adotada pelo modelo anterior: 1,43 m. Ou seja, ele ficou mais largo e comprido, com coeficiente aerodinâmico que passou de 0,25 para 0,23. Na versão M Sport, a suspensão é 1 cm mais baixa do que na Sport. O porta-malas é de apenas 365 litros, não muito maior que o de muitos hatchbacks compactos.
A grade de duplo rim ficou maior e tem moldura única. Os amplas entradas de ar nas laterais do para-choque dianteiro dão o tom da esportividade e os faróis, mais afilados, continuam inconfundíveis.
Embora tenham mudado, as lanternas continuam com o formato de "L" deitado, deixando a luz de ré e seta sob um efeito fumê. Na traseira, chamam a atenção as saídas de escapamento cromadas nas extremidades do para-choque.
Ao volante
O sedã ficou ainda mais prazeroso de dirigir. Na pista do Autódromo Velo Città, no interior de São Paulo, os testes surpreenderam pelo desempenho, segurança e esportividade. A tração traseira deixa tudo mais interessante, fazendo o sedã tirar o fôlego de passageiros que o enxergam apenas como um carro confortável. A rápida resposta da direção ao acionar o modo Sport - há ainda Comfort e Eco Pro - é proporcionada pelo sistema Servotronic, oferecendo menor esforço para esterçar. Quando o motorista abusa, os controles de tração e estabilidade entram em ação para manter o carro no prumo certo, mas basta colocar o controle de tração no moto "Sport Traction" para a diversão começar. Dessa forma, ele permite que o motorista saia mais de lado, deixando o piloto responsável pelo que acontecer. O Série 3 não se sente intimidado, pelo contrário: sempre espera mais do motorista. As saídas de traseira são quase inevitáveis ao afundar o pé no acelerador.
A única crítica vai para o comportamento da transmissão automática, que não permite reduções quando o motorista exige, demorando para diminuir as marchas e agindo de forma independente mesmo no modo Sport. O ronco do motor 2.0 invade a cabine e o prazer se completa ao ver o sedã engolir a reta. Os freios dão conta de parar o sedã de 1.470 kg sem problemas, principalmente por terem discos ventilados e ABS nas quatro rodas, com pistões duplos na dianteira.
Se o motorista quiser andar de forma mais sutil, e economizar combustível, o modo Eco Pro é ideal para circular de forma silenciosa e com o máximo de conforto. Em estrada, por exemplo, o câmbio "solta" o motor quando o condutor não exige aceleração, permitindo menor rotação e menor consumo. Esse sistema, já conhecido como "roda livre", chega ao Série 3 nesta sétima geração e é um incremento para o conforto, diminuindo o nível de ruído no habitáculo.
Por dentro
Por falar na cabine, os mostradores agora aparecem em uma tela digital que pode ser configurada. No volante, é possível comandar sistemas como o Lane Assist (que mantém o carro na faixa), o controlador de velocidade e o sistema multimídia, que fica no centro do painel, junto com as teclas de ar-condicionado e saídas de ventilação. Abaixo, há mais porta-objetos e um seletor giratório, chamado iDrive, para lidar com as funções do multimídia. Depois de muita reclamação dos clientes, a BMW permitiu que o sistema fosse também manipulado por uma tela sensível ao toque. Ao lado deste seletor está a manopla do câmbio e os botões para escolher o modo de condução do sedã. Há diversos elementos em alumínio nas portas, contorno do ar-condicionado e painel, deixando o interior mais sofisticado.
Os bancos dianteiros têm ajustes elétricos e apoio lombar, mas o ajuste de altura e distância da direção não chega a ser tão cômodo e é apenas manual. Há ainda teto-solar e pacote de iluminação que inclui cortina de luzes de boas-vindas e de conveniência. O sistema de som Harman Kardon, exclusivo da versão top 330i M Sport, como já mencionamos, vem com 16 alto-falantes e 464 W de potência. A abertura do carro pode ser feita com a chave no bolso, a 1,5 metro de distância, fechando as portas quando o dono se distancia dois metros ou mais.
Para quem vai como passageiro na dianteira, o único problema é esse: não estar ao volante. Para quem vai atrás, o espaço é suficiente para dois adultos, pois quem viaja no meio sofre com o grande duto central e pouco espaço para os ombros. O ar-condicionado de três zonas é obrigação para um carro que custa R$ 270.000, mas o acabamento é primoroso.
Tecnologias
Entre os grandes trunfos estão as tecnologias de segurança e as semiautônomas. Como uma aeronave, o carro mais vendido da BMW chega com ótimos serviços de bordo, como o Assistente Pessoal Inteligente e o Concierge. O primeiro funciona como um co-piloto, ajudando a estabelecer as preferências do cliente, sendo acionado por comando de voz. Quando se diz "Olá, BMW", o Assistente fica de prontidão para a próxima ordem, que vai desde diminuir a temperatura do ar-condicionado até avisar quando será a próxima manutenção. Por isso, não há revisão programada para o novo Série 3: sensores enviam informações para o sistema de telemetria da montadora e, a partir de análises, determina qual item deve ser reparado ou substituído. Há ainda o serviço de emergência, que aciona o suporte médico quando o veículo bate ou deflagra os airbags. O Assistente ajuda, inclusive, a acabar com a monotonia. Ao dizer "Olá, BMW. Estou com tédio" a máquina responde: "já tentou utilizar o nosso modo Sport?", deixando claro que a esportividade está debaixo desta máscara de bom moço do Série 3.
Já o Concierge é um serviço gratuito (por três anos) oferecido pela BMW para os clientes de todos os carros e conta com uma equipe, instalada em Barcelona (Espanha), que fala português e auxilia o motorista a fazer reservas em restaurantes, comprar ingressos para o cinema, encontrar pontos de interesse e muito mais.
Mas a comodidade não para por aí. O Parking Assistant Plus presente na M 330i Sport possui a tecnologia Reversing Assistant, testada na pista. Se o motorista entrar em uma rua estreita e não tiver capacidade para tirar o carro, o sistema grava constantemente os últimos 50 metros percorridos pelo carro, bastando acionar a ré e apertar - na tela multimídia - o botão "auxílio à ré". O carro volta para o local onde estava apenas utilizando os dados de esterçamento do volante, fazendo o que o condutor não foi capaz de realizar. A grande falha deste sistema é não armazenar informação após desligar o carro, pois facilitaria muito a vida de quem mora em locais com vagas apertadas.
O Parking Assistant Plus coloca e tira o carro de vagas perpendiculares e paralelas, além de trazer a visão 360° proporcionada por câmeras nas laterais, dianteira e traseira do carro. Sensores ajudam na manobra e evitam colisões. Também é possível observar o veículo pela tela de um smartphone. Basta acionar a função Remote 3D View, por meio do BMW Connected App. Com o auxílio do aplicativo, é possível localizar o veículo, caso o motorista o perca de vista, bem como verificar, a uma distância segura, o que ou quem está próximo dele.
Conclusão
O novo Série 3 traz prazer ao dirigir com seus 258 cv, conectividade garantida, teleserviços oferecidos pela montadora e segurança com seis airbags (duplos frontais, laterais e de cortina). O carro mais importante da marca bávara para o nosso mercado quer oferecer toda a comodidade de viajar na primeira classe. Ele cobra seu preço, R$ 269.950, mas o 330i M Sport é o veículo da BMW com mais tecnologia embarcada no país. Ou seja, não ter opção, neste caso, não parece ser um negócio tão ruim.