A Renault lançou a nova família de motores Smart Control Efficiency (SCe) no final do ano passado, nas versões 1.0 e 1.6, para quase todos os modelos de seu portfólio, exceto aqueles que usam motores maiores. Com foco em eficiência energética, os propulsores oferecem ganho em desempenho e redução de consumo de combustível. No caso do Logan 1.0, a melhora é sensível. O sedã ficou mais ágil para guiar na cidade. Essa evolução, aliada à já reconhecida oferta de espaço na cabine e no porta-malas (principal destaque do Logan), é imprescindível para o modelo conquistar posições melhores no segmento em que aparece apenas na 7ª colocação, bem distante dos líderes Chevrolet Prisma e Volkswagen Voyage.
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O Renault Logan é um bom candidato para quem precisa aliar versatilidade à economia. O motor 1.0 tricilíndrico é avaliado com nota A em consumo no Inmetro, tanto no ranking geral quanto em sua categoria, e o modelo tem a maior distância entre-eixos (2,63 m) entre os principais sedãs pequenos. Ou seja, há ótima oferta de espaço na cabine, para até cinco ocupantes, 510 litros de volume no porta-malas e um motor com desempenho bastante razoável.
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Para quem valoriza refinamento, o Logan pode não ser a melhor pedida. Apesar de praticamente todos os sedãs de entrada exibirem acabamento de plástico, a Renault abusa do material rígido no habitáculo inteiro. Nem nas partes onde mais se encosta há um material diferenciado, como nos apoios das laterais das portas, o que prejudica a sensação de qualidade do carro. O Logan também poderia trazer mais ou melhores opções de funcionalidade no console central, para abrigar objetos, e bancos bipartidos. Embora o banco inteiriço traseiro seja outra característica inerente ao segmento de sedãs 1.0, um encosto bipartido reforçaria ainda mais a vantagem de ter um bagageiro avantajado como o que o Logan possui.
O que tem de novo em 2017
A principal novidade do Renault Logan em 2017 é novo motor 1.0 tricilíndrico SCe. São 82 cv de potência e 10,5 kgfm de torque e potencial para ser até 19% mais econômico do que o antecessor, de acordo com a fabricante. Mais adiante entraremos em detalhes sobre ele, que traz tecnologias interessantes para o segmento de sedãs de entrada. A direção eletro-hidráulica é outro destaque do modelo para este ano.
Dirigindo o Renault Logan 1.0 SCe Expression
Se você já dirigiu o Logan com o motor anterior, certamente vai notar a diferença quando tiver a oportunidade de guiá-lo com o novo 1.0 SCe. O comportamento do sedã entrega dose razoável de agilidade para situações urbanas, uma vez que 90% do torque já está disponível em baixas rotações. Ou seja, aquela sensação de esforço que o antigo motor transmitia para embalar o sedã se perde sensivelmente na linha 2017. O Logan também parece mais confortável para viajar a 120 km/h, apesar de não esconder as limitações de qualquer 1.0 no mercado, exigindo trabalhar bem o câmbio para manter o embalo em situações adversas.
Sobre o câmbio, os engates são curtos, mas um tanto ásperos. Curioso é que, dependendo da posição em que a manopla está, a vibração do motor faz a peça tremer bastante, denunciando um aspecto que poderia ter recebido mais atenção da Renault. Como a marca se preocupa bastante em conter o consumo do Logan, o modelo conta com um indicador de trocas de marcha no conta-giros. Ele sugere sempre ao motorista deixar as rotações do motor sempre ao redor das 2.000 rpm (faixa dos 90% do torque). Logo, você trabalhará bastante com o câmbio se quiser acumular "pontos de condução Eco". Explico.
Quando o Logan é equipado com o opcional Techno Pack, que inclui a central Media NAV, o sistema traz um menu focado no estilo de condução do motorista. O Eco-coaching (como se chama o recurso) classifica por meio de estrelas a habilidade do condutor em poupar combustível. Além de seguir as indicações de troca de marchas, conta pontos na "condução Eco" a pressão do pedal do acelerador. Quanto mais suave, melhor para economizar. Segundo o Inmetro, o Logan 1.0 SCe obtém médias de 9,4 km/l na cidade e 10,2 km/l em rodovias, com etanol, e 14 km/l na cidade e 14,9 km/l em rodovias, com gasolina, rendendo-lhe nota A em consumo nos rankings do órgão.
Sim, a eletrônica é inteligente o suficiente para adaptar as indicações de marcha a diferentes situações, como ladeiras em que se exige mais do motor. Mesmo assim, dirigir seguindo à risca o que o carro pede compromete o prazer ao guiar, ainda que renda alguns quilômetros a mais de autonomia. Boa parte da agilidade citada do modelo acaba sendo subaproveitada. Em nossa avaliação, guiamos por mais de 200 km – ora acatando as sugestões do indicador, ora exigindo um pouco mais do motor – e obtivemos média de 8,2 km/l, com etanol, de acordo com o computador de bordo do veículo.
Uma das características positivas do Logan é a capacidade da suspensão em absorver os obstáculos da via. É raro ouvir batidas secas do conjunto no assoalho. O sedã não é o mais "assentado" no chão do segmento, mas de maneira nenhuma transmite insegurança quanto à estabilidade em condições normais de condução. Contribui para uma sensação mais confiante ao volante o nível de assistência moderado da direção em velocidades mais altas. O sistema eletro-hidráulico não é tão leve para manobras na cidade em comparação com o Hyundai HB20S, por exemplo, mas é mais firme em rodovias, entregando mais controle sobre o carro.
Uma das facilidades que a versão Expression do Logan oferece ao consumidor é o ajuste de altura do banco do motorista. O acionamento por alavanca eleva o banco inteiro e, aliado ao ajuste de altura da coluna de direção, ajuda a encontrar a posição ideal de dirigir. Neste quesito, há uma ressalva apenas às abas laterais do encosto, que poderiam "abraçar" mais o motorista.
Sacadas inteligentes
Se o foco dos motores SCe é a eficiência energética, nada mais coerente do que haver um indicador de mudança de marchas para ajudar o motorista a aproveitar ao máximo a economia de combustível. O recurso é de série na versão Expression, mas é aliado à central Media NAV que ele se torna ainda mais eficaz, uma vez que o sistema traz o menu "Eco-coaching", que explicamos acima e que avalia o estilo de condução do motorista, sempre priorizando o menor consumo possível.
Detalhes do Renault Logan 1.0 SCe Expression
Interior
Como mencionado no início, a cabine do Logan é bem simples. O acabamento é integralmente de plástico rígido e os comandos do ar-condicionado já estão bastante datados. O console central possui dois porta-copos à frente do câmbio e dois compartimentos pequenos (um à frente dos porta-copos e outro abaixo do freio de mão) que têm funcionalidade reduzida, já que é difícil acomodar celular, carteira ou qualquer outro objeto um pouco maior ali. A superfície lisa do acabamento também prejudica moedas e chaves, pois os objetos tendem a se deslocar dependendo do movimento do carro. Se falta refinamento, sobra espaço, como já destacamos.
Exterior
Não há nenhuma novidade visual marcante na linha 2017 do Logan. O design é o mesmo desde a chegada da geração atual do sedã, no final de 2013. Há a expectativa de que ele seja renovado em 2018.
Equipamentos
A versão Expression conta com um conjunto de equipamentos interessante de série. O rádio 2DIN é um destaque, já que a maioria dos sedãs 1.0 oferecem o sistema de áudio como opcional. Os principais itens do Logan são: direção eletro-hidráulica, ar-condicionado, computador de bordo com consumo instantâneo, banco do motorista com regulagem de altura, coluna de direção com regulagem de altura, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas e rádio.
Sob o capô
O motor 1.0 Smart Control Efficiency (SCe) que equipa o Logan Expression avaliado foi desenvolvido pela Renault Tecnologia Américas (RTA). Feito de alumínio, ele é 20 kg mais leve que o antecessor e possui um cilindro a menos (são três, portanto). Cada cilindro conta com quatro válvulas (12V) e duplo comando, variável tanto na admissão quanto no escape. O comando do motor é feito por corrente e o coletor de escapamento é integrado ao cabeçote, tornando-o mais compacto.
Entre as principais características do motor estão a bomba de óleo com vazão variável e o gerenciamento de energia ESM. Ambos são recursos que visam a economia de combústivel, sendo o segundo um reaproveitamento de energia quando o motor está engatado, mas sem acelerar, que recarrega o alternador e, assim, poupa combustível quando a bateria é exigida. Outras soluções, como polias, tuchos e anéis dos pistões com revestimento "Diamond Like Carbon", contribuem para diminuir o atrito interno e, consequentemente, o consumo de combustível.
Quanto ao desempenho, são 82 cv de potência a 6.300 rpm (79 cv a gasolina) e 10,5 kgfm de torque a 3.500 rpm (10,2 kgfm a gasolina).
Sobre o preço
Partindo de R$ 48.350, a versão intermediária do Renault Logan 1.0 SCe tem preço competitivo no segmento. Ocupando a 7ª posição no ranking da categoria, segundo a Fenabrave, as quase 17 mil unidades vendidas do modelo até setembro o deixam distante dos mais de 44 mil emplacamentos do líder Chevrolet Prisma.
Os grandes rivais do Logan, contudo, são Ford Ka+ SE Plus (R$ 49.890) e Nissan Versa Conforto (R$ 48.490) – para nos atermos somente aos rivais 1.0. O Renault fica à frente do Versa nas vendas, com quem compartilha boa parte dos vícios e virtudes, como a simplicidade no acabamento e o espaço amplo, mas perde para o Ka+ que, embora também seja simplório, é mais polivante. O concorrente da Ford tem um desempenho um pouco melhor e consegue ser ligeiramente mais econômico e mais bem equipado, sem ficar muito atrás em oferta de espaço.
No final das contas, o que vai fazer o consumidor decidir entre o Logan e os outros serão suas prioridades e gostos. Habilidade de barganha pode ajudar a garantir condições melhores na aquisição, uma vez que estes três modelos são equivalentes em pontos positivos e negativos. A balança tende a pender para o Renault entre aqueles que priorizam espaço interno.
FICHA TÉCNICA
Modelo | Renault Logan 1.0 SCe Expression |
Motor | 1.0, 12V, 3 cilindros, dianteiro, transversal |
Potência | E: 82 cv a 6.300 rpm | G: 79 cv a 6.300 rpm |
Torque | E: 10,5 kgfm a 3.500 rpm | G: 10,2 kgfm a 3.500 rpm |
Câmbio | Manual, 5 marchas |
Tração | Dianteira |
Freios (d/t) | Discos/tambor |
Suspensão (d/t) | McPherson/eixo de torção |
Dimensões (C/L/A) | 4,35 m / 1,73 m / 1,53 m |
Entre-eixos | 2,63 m |
Peso | 1.019 kg |
Porta-malas | 510 litros |