Com a chegada do novo Polo, o Fox perdeu seu espaço na gama da Volkswagen. Agora, quem detém o posto de "compacto premium" da marca é o hatch feito sobre a plataforma MQB, o qual já avaliamos no nosso canal no YouTube e traz um nível de tecnologia e segurança que deixa o Fox numa posição ultrapassada. Portanto, o modelo que vamos detalhar agora está vivendo seus últimos meses nas concessionárias como 0 km. Mas, antes de partir, ele quer conquistar quem está disposto a ignorar toda a inovação do Polo em favor de um custo-benefício bastante atraente no segmento.
Só há duas versões do Fox disponíveis no site da Volkswagen: a Extreme, mais cara, partindo de R$ 54.990, cujos diferenciais são o apelo mais aventureiro e alguns equipamentos extras (como a câmera de ré e as rodas de aro 16); e a Connect, que pode ser equipada com câmbio automatizado I-Motion (custando R$ 53.390) ou manual de 5 marchas (por R$ 49.990). A configuração de entrada foi a avaliada pela Kelley Blue Book Brasil. Como adiantamos, ela não economiza em itens de série e traz o reconhecido espaço de cabine e desempenho razoável do motor como principais atributos, deixando a simplicidade do acabamento e banco inteiriço atrás como seus reveses.
Você gostará do Volkswagen Fox Connect 1.6 se...
Se você estiver procurando um veículo capaz de cumprir com suas necessidades diárias durante a semana e lazer aos finais de semana com viagens curtas, o Fox é uma ótima opção. Sua mecânica é confiável e a liquidez no mercado de seminovos é alta, com o benefício de uma desvalorização comedida. A estratégia de posicioná-lo a um preço muito competitivo e com uma lista de equipamentos mais interessante que a dos seus rivais na mesma faixa é outra vantagem do Fox Connect.
Talvez você não curta muito...
Optar pelo Fox, a essa altura do campeonato, é uma demonstração de desapego ao novo. Embora seja notável sua resiliência ao sobreviver 15 anos com uma única geração, não é possível mais esconder sua idade. O design meio hatch, meio monovolume destoa das tendências atuais dos compactos e a cabine, sobretudo na versão Connect, não faz questão nenhuma de criar um ambiente moderno. Tudo é de plástico rígido e de aspecto pobre. A ausência de bancos bipartidos atrás é uma economia que faz pouco sentido, ainda mais neste caso de despedida de um carro que se consagrou por seu interior versátil.
O que tem de novo em 2017
Para marcar o encerramento da linha Fox em seu portfólio, a Volkswagen simplificou a gama do modelo em apenas duas versões, que já foram citadas no início deste texto. Nenhuma delas traz algo novo ao Fox, todos os seus equipamentos e motor já eram conhecidos do hatch. Elas apenas compilam tudo o que ele tinha em cinco ou seis versões nestas duas restantes.
Dirigindo o Volkswagen Fox Connect 1.6
O motor que equipa a versão Connect é o conhecido 1.6 8V da família EA111, que produz 104 cv e 15,6 kgfm de torque, quando abastecido com etanol (o 1.6 16V MSI de 120 cv que chegou a impulsionar a versão Cross Fox ficou restrito ao Polo, mas calibrado com 117 cv). Com exceção da Hyundai, que se destaca no quesito desempenho no segmento com seus motores 1.0 turbo e 1.6 de 128 cv para o HB20, o Fox Connect não fica muito atrás de seus outros rivais Chevrolet Onix 1.4 e Ford Ka 1.5, mas é fato que o hatch da Volkswagen exigirá certa paciência do motorista.
Não há muito o que reclamar do Fox para rodar na cidade. A relação de marchas mais curta entrega boa dose de agilidade para sair de semáforos ou desviar rapidamente de algum obstáculo na pista. É nas rodovias que o Fox revela sua limitação, especialmente quando você está embalado, mas é obrigado a tirar o pé do acelerador quando se depara com alguém mais lento à sua frente. Neste caso, ainda que o pico de torque chegue às 2.500 rpm, as retomadas do motor 1.6 para ultrapassagens (ou somente para recuperar a velocidade original) serão mais vagarosas. O condutor se vê forçado a trabalhar bastante com o câmbio para jogar as rotações do motor acima das quatro mil rotações, próximo das 5.250 rpm em que o propulsor atinge os 104 cv de potência. O Fox rende mais em altas rotações. Ao menos o ótimo trambulador, com engates curtos e precisos, ajuda a tornar esta tarefa menos incômoda.
Essa característica de trabalhar melhor girando alto acaba prejudicando o consumo do hatch. Numa média ponderada entre cidade e rodovia, utilizando dados do Inmetro como comparação, o Fox é cerca de 5% menos econômico com etanol que seus concorrentes. Em média, ele roda 7,8 km/l na cidade e 9,0 km/l em rodovias, com etanol, e 11,6 km/l e 13,9 km/l, respectivamente, com gasolina.
Um dos atributos mais apreciados pelos consumidores do Fox é a posição de dirigir, mais vertical e elevada, tal qual a dos SUVs compactos. Esta postura aumenta a sensação de segurança a bordo, uma vez que amplia o campo de visão do motorista. São elogiáveis também o nível de assistência da direção elétrica, muito confortável para manobras e com respostas aceitáveis em altas velocidades (quando fica levemente mais resistente) e o comportamento da suspensão. Embora o conjunto sob o assoalho não seja o mais macio do segmento, as batidas de final de curso não chegam a incomodar os ocupantes e a inclinação da carroceria não é tão acentuada, ainda que o Fox seja alto (logo, tenha um centro de gravidade elevado).
No geral, o Fox ainda é um carro bom para dirigir. O que evidencia seus defeitos é a evolução da própria Volkswagen, que trouxe outro padrão de dirigibilidade para o segmento com o Polo.
Sacadas inteligentes
O Fox não traz um ou outro equipamento que, sozinho, o destacaria dos demais. O que vale ressaltar aqui é a estratégia da Volkswagen (comum na indústria) de recheá-lo com uma série de itens relevantes a um preço competitivo para atrair público a um veículo que está saindo de linha. Neste ponto, portanto, o Fox pode surgir como uma opção bastante atraente para quem prioriza o custo-benefício na hora da compra.
Detalhes do Volkswagen Fox Connect 1.6
Interior
Como dissemos no início, o Fox Connect não faz questão nenhuma de apelar à estética. O interior é integralmente racional, composto apenas de plástico duro. Lateral das portas, painel, volante e câmbio são todos revestidos do material mais rijo. Visualmente, o resultado não agrada tanto, mas ao menos os encaixes das peças é correto, com pouquíssimas rebarbas ou desalinhamentos.
A central multimídia Composition Touch, com tela de 6,5 polegadas, ao menos dá um toque mais moderno ao habitáculo do Fox. O sistema é um dos mais intuitivos e fáceis de usar do mercado, com respostas imediatas (a exemplo do seu smartphone) e pode ter conectividade com Android Auto e Apple CarPlay. No quesito funcionalidade, o hatch poderia ter mais opções para abrigar objetos no centro, mas o espaço à frente do câmbio já ajuda a armazenar o celular se precisar usá-lo como GPS.
Com 2,46 m de distância entre-eixos, o espaço atrás é bem aproveitado, podendo acomodar adultos altos sem maiores problemas. O que incomoda é o encosto inteiriço dos bancos da segunda fileira, já que, com 270 litros de porta-malas, uma solução bipartida ajudaria a aproveitar melhor o bagageiro limitado.
Exterior
A versão Connect traz algumas características exclusivas para identificá-la facilmente. A frente conta com uma grade pintada de preto brilhante e os faróis têm máscara escurecida. Na lateral, os estribos e o adesivo Connect entregam a versão. No geral, o Fox conta com o mesmo design que estreou no último facelift de 2014, sem nenhuma mudança de lá para cá.
Equipamentos
A lista de equipamentos de série do Fox Connect tem como principais destaques: ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, sensor de estacionamento traseiro, controlador de velocidade, volante com ajuste de altura e profundidade, banco com ajuste de altura, faróis de neblina com função cornering, rodas de liga leve de aro 15, central multimídia Composion Touch, fixação Isofix e cintos de três pontos atrás.
Sob o capô
O motor de quatro cilindros em linha 1.6 8V da família EA111 está presente no portfólio da Volkswagen desde 1996. Seu bloco é feito de ferro fundido, enquanto o cabeçote é de alumínio. São 104 cv a 5.250 rpm e 15,6 kgfm de torque a etanol e 101 cv e 15,4 kgfm de torque com gasolina. Nesta versão Connect avaliada, ele trabalha com o câmbio manual de 5 marchas.
Sobre o preço
Partindo de R$ 49.990, o rival que mais ameaça o custo-benefício do Fox é o Ka, que tirou nota zero no Latin NCAP. A versão SE 1.5 do Ford custa R$ 49.680 e, em relação ao Fox, fica devendo central multimídia e retrovisores externos elétricos. Porém, a SE Plus, que é ligeiramente mais cara que o Fox, por R$ 51.180, conta com os dois itens que faltavam ao Ka SE mais banco traseiro bipartido. Outros dois hatches concorrentes do Fox, o Chevrolet Onix LT 1.4 (R$ 52.790) e o Hyundai HB20 1.0 Turbo (R$ 51.150) ficam devendo uma lista de equipamentos tão atraente quanto a do Fox, além de custarem um pouco mais também.
Logo, fica evidente que a Volkswagen foi cirúrgica ao rechear o Fox a ponto de deixá-lo abaixo da faixa dos R$ 50.000, pois isto serve como um apelativo argumento à sua proposta. E, de fato, não há como ignorá-lo, uma vez que os três rivais citados até aqui não estão exatamente no auge de suas gerações (Chevrolet e Hyundai já devem mostrar novas gerações de seus compactos ano que vem). Vale a pena para quem quer barganhar na hora da compra e confiar na robustez mecânica da Volkswagen. Só fique de olho no seguro do Fox, que costuma ser salgado além da conta.
Ficha técnica
Modelo | Volkswagen Fox Connect |
Motor | 1.6, 8V, dianteiro, transversal |
Potência | E: 104 cv | G: 101 cv a 5.250 rpm |
Torque | E: 15,6 kgfm | G: 15,4 kgfm a 2.500 rpm |
Câmbio | Manual, 5 marchas |
Tração | Dianteira |
Freios (d/t) | Discos / tambores |
Suspensão (d/t) | McPherson / eixo de torção |
Dimensões (C/L/A) | 3,87 m / 1,66 m / 1,55 m |
Entre-eixos | 2,46 m |
Peso | 1.072 kg |
Porta-malas | 270 litros |