O Citroën C3 de 2ª geração começou bem sua carreira no Brasil, mas já com menos força do que o pioneiro exibiu. Em boa medida por conta da mudança do perfil de mercado que ele ocupava, cada vez mais preocupado com conforto. A Citroën enfrentou a alteração de demanda de modo tímido, com um câmbio automático de 4 marchas que nunca explorou como podia o bom motor 1.6. Isso mudou no final de maio de 2017, quando o compacto premium recebeu a nova transmissão automática de 6 marchas da Aisin. Mais leve e eficiente do que a anterior, ela fez milagres pela dirigibilidade do modelo de entrada da Citroën.
Você gostará do Citroën C3 AT6 se…
Os SUVs se tornaram uma febre pela posição alta de dirigir. Mas há modelos mais baratos que oferecem a mesma característica. E o C3 está entre eles, com mais um atrativo: o para-brisa Zenith, que se alonga quase até a coluna B e oferece a motoristas altos a possibilidade de ver os semáforos sem ficar abaixando a cabeça.
Ainda que já tenha bastante tempo de mercado, com apresentação em 2012, o C3 ainda agrada pelo estilo arredondado e pela boa ergonomia.
Talvez você não curta muito…
Com apenas 2,46 m de entre-eixos, o C3 oferece bom espaço para um modelo compacto, inclusive pela posição alta dos assentos, mas ainda é pequeno (3,94 m de comprimento e 1,71 m de largura). Com isso, pessoas mais altas podem sofrer um pouco para se acomodar. Cadeirinhas de criança nos bancos traseiros também podem restringir o espaço dos ocupantes dos dianteiros. E elas não contam com ganchos Isofix, que tornam a instalação muito mais fácil e segura. O porta-malas, de 300 litros, também é um dos melhores da categoria, mas pode ser insuficiente para a bagagem de uma família.
O que tem de novo em 2017
O C3 ganhou uma série de melhorias para se tornar competitivo, como a central multimídia de 7 polegadas sensível ao toque, item de série em todas as versões do modelo. O para-brisa Zenith também agora é oferecido como equipamento padrão do hatchback desde a versão Tendance. Antes, ele era item de série na maior parte das especificações.
Dirigindo o C3 AT6
A primeira coisa que se nota ao volante do C3 AT6 é o quanto o câmbio deu vida nova ao modelo. Com mais marchas, ele tem intervalos mais curtos de trocas, todas elas imperceptíveis. Com três modos de condução (Sport, Normal e Eco), o novo C3 se dá melhor com o Eco e com o Normal. O Sport apenas estica mais as marchas, sem que as respostas sejam mais vigorosas, o que se deve mais à potência e ao torque do motor 1.6, que são apenas suficientes. Em outras palavras, não te fazem passar nervoso no trânsito em momento nenhum, mas também não permitem esportividade. Que, diga-se, passa longe de ser a proposta do Citroën.
Com o tradicional bom acerto de suspensão dos franceses, o C3 é comportado em curvas e bastante obediente. Traz apenas uma posição de dirigir alta, a mais valorizada atualmente pelos compradores de carros, mas que não anima quem gosta de contornar curvas com um pouco mais de velocidade. O C3 também faz pouco caso das más condições de nosso asfalto, ainda que se ouça alguns ruídos das peças de acabamento e principalmente do cinto de segurança do passageiro, que bate forte na coluna B por conta dos solavancos.
Os freios têm um nível de assistência correta e chegam a parecer fracos em alguns momentos, mas é o pé do motorista que precisa se esforçar mais na tarefa. Com a ótima visibilidade oferecida pelo carro, controles de ponto cego, sensores ou câmeras são quase desnecessários.
Sacadas inteligentes
O câmbio de 6 marchas apenas coloca o C3 em pé de igualdade em relação aos concorrentes. O que lhe dá um caráter próprio é o formato arredondado da carroceria, com teto alto (ele tem 1,52 m), o que facilita o acesso, um dos motivos pelos quais muita gente anda preferindo os crossovers. E o para-brisa Zenith, que dá uma visibilidade exemplar ao modelo, além de uma sensação de espaço mais amplo do que o que ele realmente oferece.
Detalhes do C3 AT6
Interior
O bom acabamento dos Citroën é bem ressaltado pela versão mais cara do compacto francês. O volante traz elementos de metal na parte inferior interna dos aros, justamente onde deveriam estar as mãos do motorista. Todos os comandos estão ao alcance das mãos e são de fácil operação, em especial os comandos dos vidros elétricos, colocados na porta do motorista. Digital, o ar-condicionado permite a seleção da temperatura exata que se pretende enfrentar em seu interior.
Exterior
Os detalhes cromados tentam passar a sensação de que o C3 Exclusive é um modelo mais sofisticado do que os da concorrência. Os faróis de neblina e as rodas de aro 16 reforçam esse perfil de modelo mais completo. O estilo, que remete ao do C3 de primeira geração, sofre justamente por essa identidade, já que o hatch da Citroën foi lançado no Brasil em 2003. Ao mesmo tempo, nenhum outro compacto premium se parece, nem mesmo remotamente, com o C3.
Equipamentos
Além da central multimídia e do para-brisa especial, que já mencionamos, a versão Exclusive traz de série sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento traseiro, direção elétrica, limitador e controlador de velocidade, vidros elétricos traseiros, porta-luvas com refrigeração e iluminação, apoios de braço centrais para os bancos dianteiros, ar-condicionado digital, frisos na base dos vidros, ponteira de escapamento e retrovisores cromados, rodas de liga leve de aro 16, faróis de neblina e computador de bordo.
Sob o capô
O câmbio automático de 6 marchas está disponível apenas para o motor 1.6 de 4 cilindros. Ele gera 118 cv com etanol e 115 cv com gasolina a 5.750 rpm, menos do que os 122 cv que o antigo modelo manual tinha à disposição com o combustível vegetal, mas o torque melhorou com gasolina. Em vez de 15,5 kgfm, ele agora entrega 16,1 kgfm, com qualquer combustível a 4.750 rpm. Houve um prejuízo pequeno em relação ao etanol (que era de 16,4 kgfm), mas irrelevante em termos de resposta. Inclusive pela melhoria proporcionada pelo câmbio mais moderno.
Sobre o preço
O C3 automático na versão Exclusive é vendido a R$ 65.490 com cor sólida e com acréscimos de R$ 1.390 para as metálicas (R$ 66.880) e de R$ 1.790 para a perolizada Branco Nacré (R$ 67.280). Por este preço, ele poderia parecer perigosamente próximo de modelos de segmento superior, como hatchbacks médios, ou dos queridinhos do momento, os crossovers compactos. Mas a verdade é que os patamares de preço estão muito mais altos do que muitos se acostumaram a ver. Em outras palavras, ele também está equiparado a muitos de seus concorrentes em termos de valor. Quanto aos modelos maiores ou com maior demanda, o C3 Exclusive AT6 está em vantagem. Quem mais se aproxima do Citroën é o Nissan Kicks, vendido a R$ 70.500 na versão S, mas ela é manual e não traz o mesmo conteúdo do compacto premium. Para competir com concorrentes automáticos mais em conta, o C3 tem a versão Attraction, vendida a R$ 58.540. Resumindo, o C3 Exclusive AT6 pode ser considerado bastante competitivo no segmento em que se insere. Resta saber se a clientela perceberá isso ou partirá para outras opções sem conhecer o que este modelo tem a oferecer.
