Avaliação KBB™ - Chery QQ Act

A Chery vai iniciar um novo capítulo de sua história no Brasil em 2018. Após abrir mão de mais da metade de suas operações no Brasil, a marca chinesa acabou sendo adquirida pelo Grupo Caoa, responsável por centenas de concessionárias pelo país e, mais destacadamente, por transformar a Hyundai no que ela é hoje no Brasil: uma marca de volume, mas com status quase premium. Antes de começar a coletar bons frutos desta aquisição, que já se estampa até no site da empresa, chamada Caoa Chery, o grupo brasileiro vai percorrer um longo e difícil caminho para realizar a urgente elevação de qualidade dos produtos da marca chinesa, começando pelo QQ.

O QQ é o carro mais barato do Brasil, característica que o acompanha praticamente desde quando desembarcou no país, em 2011. Na época, esta manchete, aliada à oferta generosa de equipamentos para os padrões populares de sete anos atrás, foi suficiente para ele gerar algum barulho no mercado, mas ele nunca vendeu bem. Hoje, nacional, atualizado e com o mesmo apelo de preço, continua sem cativar muita gente (mais precisamente, menos de quatro mil pessoas o compraram no ano passado). 

Os motivos são muitos e certamente ultrapassam as limitações do próprio carro. Como a diminuta rede de concessionárias, que inviabiliza um pós-venda eficiente e valorizado. Mas, apesar de ter evoluído em alguns aspectos, o pequenino asiático ainda tem muito o que aprender com sua concorrência para se tornar opção ao brasileiro. O Grupo Caoa terá bastante trabalho pela frente. 

Você gostará do Chery QQ Act se...

Se o único fator decisivo para sua compra for dinheiro, o QQ, partindo de R$ 27.290 na versão Smile, saltará aos seus olhos. Sobretudo se você considerar que seus rivais diretos, em suas versões de entrada, são tão "pelados" ou até menos equipados do que ele, que pelo menos traz vidros elétricos dianteiros, rádio USB e desembaçador traseiro em sua configuração mais barata. 

Talvez você não curta muito...

A cabine apresenta defeitos de encaixe das peças que prejudicam a sensação de qualidade a bordo do QQ. De maneira geral, o carro passa um aspecto frágil. O motor vai exigir boa dose de paciência e sua dinâmica, limitada pela suspensão de eixo rígido atrás, vai requerer atenção na hora de trafegar em velocidades mais altas em curvas, por exemplo, além de prejudicar uma absorção mais confortável dos impactos da via. 

O que tem de novo em 2018

A linha 2018 do QQ foi lançada no primeiro semestre do ano passado com bastantes novidades. O visual mudou, tornando-se um pouco mais moderno, mas ainda com clara inspiração no design "simpático" chinês. O interior ficou mais maduro com o acabamento escurecido e o motor foi substituído por um 1.0 flex de três cilindros. Além disso, o subcompacto ganhou mais versões: Smile, de entrada, Look, intermediária e a topo de linha Act. 

Dirigindo o Chery QQ Act

Como se pode imaginar, o QQ não oferece muitas opções de ajustes para encontrar a posição ideal de dirigir, mas isso é verdade para os seus rivais também. Ao menos a versão Act conta com ajuste de altura do banco do motorista. Mas você certamente terá de sacrificar braços ou pernas para se ajustar ao volante (um dos dois pares de membros ficará esticado ou flexionado demais). 

Uma das principais evidências da falta de refino do QQ está no câmbio. O trambulador tem engates imprecisos e ruidosos, que por vezes podem fazer você confundir alguma marcha ou não engatá-la perfeitamente. O motor 1.0 de três cilindros produz 75 cv e 10,1 kgfm de torque, o que não é ruim no papel. Mas a entrega dessa força é um tanto vagarosa e fica distante da esperteza do Renault Kwid ou do Fiat Mobi Drive, por exemplo. Ele só é um pouco melhor do que o antiquado motor de quatro cilindros do Mobi (o Fire Evo). Além disso, o Chery também é ligeiramente menos econômico do que os concorrentes. Ele faz 8,9 km/l na cidade e 9,9 km/l em rodovias, com etanol, e 12,9 km/l e 14,4 km/l com gasolina, respectivamente. 

Mas o que chama atenção em termos de deficiência do QQ é sua dinâmica. Devido ao eixo traseiro rígido, o QQ não lida tão bem com curvas, especialmente em velocidades mais altas,. É uma economia de custo de produção que de fato é sentida pelo consumidor. Une-se a isso o comportamento mais "mole" da suspensão e o resultado é uma dirigibilidade mais suscetível à ação do vento e variações de curso (quando se passa por cima de buracos ou elevações em sequência, por exemplo) do que deveria. 

Sacadas inteligentes

Oferecer rádio e vidros elétricos dianteiros de série desde a versão de entrada pode ser considerado um diferencial do QQ, já que Kwid e o Mobi não o fazem. 

Detalhes do Chery QQ Act

Interior

A atualização do QQ corrigiu um dos aspectos que mais entregavam o quanto os carros chineses (quando representados por ele) eram desconectados da preferência do brasileiro: a cabine com acabamento creme, clara, e com tecidos de estampa de gosto duvidoso. Felizmente o carro ficou mais maduro, com acabamento escurecido, cinza e preto, que ajudam a mascarar um pouco certas fragilidades do carro (e há algumas delas, como peças mal encaixadas). O painel digital, embora adote uma solução não convencional para o conta-giros, está com uma leitura mais agradável, mas permanece bastante simplório em tecnologia e informações. 

Um dos pontos fortes do carro são os compartimentos para abrigar suas coisas, todos generosos. Para quem viaja atrás, a boa notícia é que o QQ é mais largo do que o Kwid, pelo menos, e oferece espaço razoável para duas pessoas (três viajam apertadas, mas poderia ser pior, considerando a concorrência com o Renault). Porém, o porta-malas é outro golpe contra o pequenino, uma vez que tem capacidade para apenas 160 litros. 

Exterior

Em comparação com o QQ que desembarcou da China no Brasil, esta atualização nacional do Chery está com um design mais bem resolvido e moderno. Alguns podem argumentar que se trata de uma questão de personalidade a Chery querer preservar essas linhas mais "simpáticas" do subcompacto, caracterizado por ângulos mais arredondados. Porém, a concorrência mostra que esta inspiração na simpatia dos pandas chineses não tem o mesmo efeito no mercado na hora de transmitir robustez, confiabilidade e, por que não, beleza, atributos atraentes para o público desde segmento. 

Equipamentos

A versão Act do Chery é a mais completa, com direito a direção hidráulica, rádio USB, ar-condicionado, trio elétrico e sensor de estacionamento traseiro. 

Sob o capô

O motor que equipa o QQ é um 1.0 de três cilindros, 12V, capaz de gerar 75 cv a 6.000 rpm (74 cv com gasolina) e 10,1 kgfm de torque a 4.500 rpm (9,7 kgfm com gasolina). 

Sobre o preço

Como falamos no início, o Chery QQ é o carro mais barato do Brasil na versão Smile, que parte de R$ 27.290. Em comparação com Renault Kwid e Fiat Mobi, o chinês se sobressai por trazer rádio e vidros elétricos de série, mesmo na opção de entrada. Contudo, essa vantagem em equipamentos e o preço atraente não conseguem convencer o público, que teme pelo pós-venda complicado de que a Chery dispõe no país. Poucas concessionárias significam demora para resolver possíveis problemas e desvalorização acentuada. Ainda que a versão completa Act do QQ tenha itens interessantes e um preço também competitivo (de R$ 32.990), este problema de convivência com o carro ainda fala mais alto. 

Neste ponto, dependendo de quão dispostos os chineses estarão, o Grupo Caoa ao menos tem experiência e força suficientes para resolver essa questão para a Chery. A capilaridade que o grupo tem pelo Brasil é uma vantagem e tanto para alavancar o pós-venda do QQ. Resta saber qual será a estratégia dos novos donos da marca chinesa...

Ficha técnica

Para descobrir quanto andam pagando por este carro, veja o Preço KBB e a Faixa de Preço KBB. 

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