Ele pode custar até R$ 87.040. O que avaliamos é vendido por R$ 86.240, carecendo apenas do revestimento sintético Native para os bancos, que custa R$ 800. Mesmo diante de um preço destes, o VW Virtus Highline não parece caro. Ele oferece espaço interno, tecnologia e rodar de modelos médios, mas ainda consegue custar razoavelmente menos do que a maioria dos concorrentes do andar de cima. É com essas credenciais que o sedã compacto premium chega ao mercado brasileiro, mas o que mais ele oferece que pode deixá-lo tentado a levar um para sua garagem? É o que tentaremos responder com essa avaliação completa do mais novo VW.
Você gostará do Virtus Highline se…
Curtiu o Polo, mas precisa de mais porta-malas? Leva gente alta no banco traseiro e mais espaço interno é prioridade? É a você que o Virtus se destina. Moderno, com nota máxima no Latin NCAP, econômico e bom de dirigir, o sedã projetado no Brasil (e com vendas provavelmente em alguns outros mercados do mundo) é uma excelente opção em seu segmento, o de sedãs compactos, e pode garfar inclusive vendas de modelos médios, como já dissemos acima.
Talvez você não curta muito…
A exemplo de alguns Renault, como o Fluence, o Virtus com ar-condicionado digital exige que você selecione a recirculação de ar toda vez que liga o carro. É um processo chato, especialmente para quem circula mais pela cidade e só nota que a recirculação foi desativada quando algum cheiro forte, como o de fumaça de diesel, invade a cabine. Outro aspecto que não é muito agradável é o teto relativamente baixo sobre o banco traseiro, especialmente para quem tem mais de 1,80 m.
O que tem de novo em 2018
O Virtus foi apresentado há poucos dias em uma estreia mundial realizada no Brasil. Não há nada mais novo do que ele em 2018. Pelo menos até agora.
Dirigindo o Virtus Highline
Se há algo que define o Virtus é leveza. Tanta que a versão 1.6 do carro, a mais barata, apresenta até bastante sensibilidade a ventos laterais. No Highline, especialmente o equipado com rodas de aro 17, essa sensibilidade é bem menos sentida, dando ao sedã um rodar muito sólido tanto em estradas quanto na cidade, mas tudo no carro exige muito pouco esforço.
As portas são leves. E o sistema de abertura e partida por chave remota torna a coisa ainda mais simples. Ajuste-se no confortável banco de motorista, regule o volante em altura e distância e seja recepcionado no carro por uma animação apresentada pelo Active Info Display, um opcional de R$ 3.300 que engloba mais alguns itens, como sensores dianteiro e traseiro de estacionamento. E sem o qual você passaria muito bem com os itens de série que o carro já traz, mas que tem o seu charme.
Dê a partida, engate D e o carro dará um salto à frente. Pode ser efeito de o motor estar mais acelerado para chegar rapidamente à temperatura ideal de funcionamento, mas o caso é que o Virtus tem um "creeping" bastante acelerado. É preciso já sair com ele pisando no freio para que o sedã não acelere mais do que deve. E a impressão que se tem é que o Virtus se comporta assim o tempo todo. Ele exige muito pouco esforço no acelerador para andar rápido. E qualquer esforço o torna ainda mais veloz. Sabe aquele carro não parece fazer força para nada? Pois é.
A impressão que se tem é que mesmo que o Virtus esteja completamente carregado, com seus 521 l de porta-malas totalmente tomados e com cinco adultos no carro, ele ainda andará como se estivesse vazio. Trata-se apenas de impressão, já que não o carregamos, mas o motor 1.0 TSI convence, assim como o câmbio automático de 6 marchas. Bem escalonado, ele responde com boa velocidade e dificilmente se nota suas trocas. Só em situações de desaceleração brusca. Há aletas para troca de marcha atrás do volante, mas não recorremos a elas nenhuma vez. Não houve necessidade.
Ainda que tenha sido projetado para o Brasil, com suas ruas e estradas lunares, as rodas e pneus de aro 17 cobram seu preço por tornarem o carro muito mais duro do que ele é com as rodas de aro 15 da versão 1.6 MSI. Quem preza por conforto fará muito bem em deixar de lado este opcional, que custa R$ 1.200. A não ser que tenha a sorte de rodar por asfalto minimamente decente a maior parte do tempo, o que é quase como dizer que se mora em outro país. Por ora, o Virtus é vendido apenas aqui.
Ao mesmo tempo em que é leve, o Virtus também é firme. Entre em uma curva um pouco mais forte com ele e o carro continuará no trajeto. Abuse da física e os controles eletrônicos do carro se mostrarão afiados. Não foi à toa que ele recebeu as 5 estrelas no Latin NCAP, ainda que pudesse oferecer, mesmo que como opcionais, os airbags de cortina. Ele traz apenas os 4 de série, frontais e laterais. Quem quiser o carro terá de se dar por satisfeito com isso.
Sacadas inteligentes
Como toda novidade, o Virtus tem uma série de coisas legais a ressaltar. E não falamos do Active Info Display, que é mais uma perfumaria tecnológica do que uma sacada propriamente dita, mas sim de coisas como o ponto USB para os passageiros do banco de trás e do suporte para celular no painel, também com um ponto USB de conexão e de recarga dos celulares. Até poderíamos apontar que o Virtus é o primeiro automóvel a contar com um manual de instruções com inteligência artificial, o Watson, da IBM, mas ele não está acessível pelos comandos de voz nem por qualquer outro acesso intuitivo. É preciso ler o manual de instruções para saber como consultar o Watson e descobrir que ele só está disponível como um aplicativo para celular, por mais irônico que isso possa ser. Outra perfumaria tecnológica que pode deixar muita gente satisfeita, mas que não é algo inerente ao carro, como poderia parecer. Se não é inerente, é dispensável.
Detalhes do Virtus Highline
Interior
Não se pode negar que, por dentro, o Virtus é quase um Polo. Assim como quando ele é visto de frente. Mas o espaço interno que o modelo oferece permite dizer que ele está um patamar acima do hatchback quando o assunto é espaço interno. Há muita oferta dele, mesmo que o motorista tenha 1,85 m. Uma pessoa do mesmo tamanho poderá se sentar atrás deste motorista sem preocupações a não ser com o pouco espaço para a cabeça, que fica rente ao teto. Nada que aquela escorregada para a frente no banco não resolva. Afinal de contas, sobra espaço para as pernas.
Em termos de acabamento, os plásticos duros usados pelo Virtus, mesmo que em duas cores, dão ao modelo um visual e uma sensação pobre. Mais sujeitos a riscos, ainda que bem mais em conta do que as superfícies revestidas por materiais macios, eles devolvem quem convive com o Virtus à realidade. Ele até pode parecer um modelo médio, mas é um compacto. E é bom que seu dono não se esqueça disso, sob pena de se frustrar.
Exterior
A linha lateral e o porta-malas são o que dá ao Virtus um caráter distinto do Polo para além de ele ser um modelo de três volumes. Não que ele não pudesse ser chamado de Polo Sedan sem dramas de consciência, mas é justo que, com o entre-eixos mais longo e com seu estilo próprio, mais sóbrio que esportivo, ele mereça a distinção de um nome só dele.
Equipamentos
O ótimo pacote de itens de série do Virtus Highline começa nos quatro airbags e passa por direção elétrica, ar-condicionado digital, travas elétricas, vidros elétricos nas quatro portas (“um-toque” para fechamento e abertura nos dianteiros), faróis de dupla parábola, chave canivete, para-sóis iluminados para motorista e passageiro, tomada de 12V no console central, suporte para celular no painel com entrada USB para carregamento, regulagem de altura para o banco do motorista, ESC (controle de estabilidade), ASR (controle de tração), EDS (distribuição eletrônica de frenagem), HHC (assistente de partida em rampa), ancoragens Isofix, a central multimídia Composition Touch (com tela de 6,5 polegadas), I-System (computador de bordo), volante multifuncional com “shift paddles”, sensores de estacionamento traseiros, câmbio automático de 6 marchas, banco traseiro bipartido, coluna de direção ajustável em altura e distância, faróis de neblina com função “cornering light”, ajuste elétrico dos retrovisores externos, descanso de braço dianteiro com porta-objetos, lanternas traseiras escurecidas, com partida e abertura e fechamento das portas sem uso da chave, controlador automático de velocidade, luz de condução diurna (DRL) em LED ao lado dos faróis de neblina, porta-luvas refrigerado, sobretapetes e rodas de liga leve de aro 16, com pneus 205/55 R16.
Os opcionais são o revestimento sintético Native para os bancos, por R$ 800, as rodas de aro 17, que já mencionamos, o banco dianteiro rebatível (R$ 300) e o pacote "Tech High", que custa R$ 3.300 e vem com sensores de estacionamento dianteiro, sistema “RKA” de indicador de pressão dos pneus, sistema “s.a.v.e” de divisão do porta-malas (e rede porta-objetos), antena “tubarão”, câmera traseira para auxílio no estacionamento, detector de fadiga, espelho retrovisor eletrocrômico, faróis com a função coming/leaving home, Sistema de Frenagem Automática Pós-Colisão, sensores de chuva e crepuscular, o sistema de infotainment “Discover Media” de 8 polegadas e o Active Info Display.
Sob o capô
O motor 1.0 TS do Virtus é o mesmo que equipa o up! e o Polo. Ele entrega 128 cv (E) ou 115 cv (G) a 5.500 rpm e 20,4 kgfm (os 200 Nm do emblema) com qualquer um dos combustívels, entre 2.000 e 3.500 rpm. E vem casado exclusivamente com o câmbio automático de 6 marchas. Com esse conjunto, o Virtus seria capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 9,9 s e de atingir a velocidade máxima de 194 km/h, segundo a Volkswagen. De acordo com o Conpet, ele faz 7,8 km/l em circuito urbano e 11,2 km/l no rodoviário com etanol. Com gasolina, os números são respectivamente 10,2 km/l e 14,6 km/l. É um dos motores mais modernos e de comportamento mais impressionante do mercado atualmente. Só vale ficar atento para ver se os casos relatados recentemente pela revista Quatro Rodas, de defeitos no 1.0 TSI, não se tornam algo crônico.
Sobre o preço
O Virtus Highline que avaliamos custa o que dissemos logo no começo dessa avaliação, mas pode ser comprado, sem opcionais e com pintura sólida, por R$ 79.990. O que é um valor bastante razoável quando comparado ao das versões topo de linha de seus concorrentes. Nenhum deles é equipado com motor turbo de injeção direta. Nenhum tem tão pouco tempo de mercado. Poucos oferecem espaço interno tão bom quanto o do Virtus. E a Volkswagen ressalta mais alguns aspectos, como baixo custo de reparo, segundo o CAR Group, do Cesvi, e baixo custo de manutenção. Algo que só a prática poderá confirmar, especialmente em relação a seguros. De todo modo, eis um sedã que você deve considerar seriamente se tiver entre R$ 70 mil e R$ 90 mil para gastar.
Ficha técnica
Modelo | Volkswagen Virtus Highline |
Motor | dianteiro, transversal, de quatro cilindros, 999 cm³, turbinado |
Potência | 128 cv (E) ou 115 cv (G) a 5.500 rpm |
Torque | 20,4 kgfm (G ou E) entre 2.000 rpm e 3.500 rpm |
Câmbio | Automático, com 6 marchas |
Tração | Dianteira |
Freios (d/t) | Discos ventilados / discos sólidos |
Suspensão (d/t) | Independente, McPherson / Eixo de torção |
Dimensões (C/L/A) | 4,48 m / 1,75 m / 1,47 m |
Entre-eixos | 2,65 m |
Peso | 1.192 kg |
Porta-malas | 521 litros |