A Volkswagen pode ter ficado com um prejuízo menor no Brasil do que nos EUA por conta do Dieselgate, mas as multas chegam a conta-gotas. Depois de tomar uma traulitada de R$ 50 milhões, quase nada comparado aos bilhões de dólares que teve de pagar ao Tio Sam, a empresa recebeu agora uma multa de R$ 7,2 milhões da Senacom (Secretaria Nacional do Consumidor). A justificativa é que a fabricante "violou a boa-fé que o fornecedor deve buscar nas relações de consumo" ao usar um software enganador em seus motores EA189. Os 2.0 TDI usados na picape média.
O Dieselgate, escândalo de proporções mundiais, aconteceu exatamente por conta deste software. O que ele fazia era detectar situações de testes para fazer o motor emitir menos óxidos de nitrogênio do que ele gerava em situações cotidianas. Em suma, mudava os parâmetros para enganar a fiscalização e permitir a venda deste tipo de motor em países com normas restritivas de emissões, como os EUA e a Europa.
Apesar de se considerar avançado nestas questões, o Brasil ainda não exigiu o recall das unidades defeituosas da picape, bem mais do que as 17.057 unidades apontadas pelo Ibama como detentoras do software enganador. Seriam muitas mais: todas as 96.901 unidades da picape vendidas até 2016, que usam o motor EA189 sem nenhum tipo de retificação. Com a nova multa, o governo pode até mostrar que ainda tomará medidas quanto à fraude, mas continua a dar a impressão de que basta pagar uma multa para legalizar motores que fazem mal à saúde das pessoas. Nada surpreendente em um país que não conseguiu nem sequer colocar a inspeção veicular obrigatória para funcionar.
