O papel da internet na hora de comprar um carro novo tem se tornado cada vez mais presente e relevante na vida dos consumidores, não só para a busca de informações a respeito dos modelos de interesse, mas até para fechar o negócio. A Citroën, por exemplo, já oferece versões específicas do C3 e Aircross para aquisição 100% digital no Brasil, por meio do site oficial da fabricante. Land Rover é outra marca interessada em disponibilizar o serviço por aqui. Mas fique atento: a conveniência de comprar o carro sem sair de casa não pode substituir a experiência de dirigi-lo.
Por mais que você conte com suas fontes de informação sobre carros – certamente a Kelley Blue Book é uma das suas mais confiáveis – é essencial conhecer pessoalmente o modelo que você quer comprar e guiá-lo num test-drive, ainda que os percursos costumem ser bem curtos. Carros são produtos caros e, por mais que os critérios racionais devam balizar sua decisão (como custos para mantê-lo, proposta do veículo etc.), há boa dose de subjetividade em jogo, que pode transformar o prazer de conviver com o carro em algo penoso.
A que se atentar num test-drive
Para ajudá-lo a extrair o máximo de conhecimento sobre o modelo que você vai testar, vamos indicar uma espécie de roteiro para o percurso.
A primeira tarefa é encontrar a posição ideal de dirigir. O motorista deve ter acesso aos pedais e volante com os membros flexionados e alcançar os botões do painel, de preferência, sem afastar os ombros do encosto. Isso você pode fazer ainda com o carro parado, mas é só em movimento que você vai se certificar de que não há nenhuma obstrução à sua visão ao guiar (como para ler o quadro de instrumentos ou ver o capô), se os espelhos têm a abrangência necessária, se há boa área envidraçada e se os comandos do ar-condicionado e da central multimídia, sobretudo os sensíveis ao toque, não o distraem além do necessário para usá-los.
O test-drive também ajuda a identificar possíveis ruídos incômodos. O motor pode ter uma aspereza desagradável acima de certas rotações, por isso é importante esticar marchas ou retomar velocidade. As peças de plástico do acabamento, se desalinhadas ou mal encaixadas, também podem produzir barulhos durante o percurso, que, se não incomodarem num trajeto curto e rápido, podem ser um problema no futuro, em viagens mais longas.
Fique atento também ao comportamento da suspensão. Batidas secas no assoalho denunciam amortecedores de pouco curso, que podem prejudicar o seu conforto ao superar buracos. Por outro lado, carros muito macios podem acusar uma tendência de adernar demais em curvas ou de ser anestesiados em velocidades mais altas (direção e suspensões leves demais prejudicam a conectividade entre motorista, máquina e asfalto, relação vital para uma condução mais segura).
Por fim, faça uma boa avaliação do motor. Perceba se o carro não se esforça demais para arrancar em semáforos, revelando falta de fôlego, e se as marchas têm bom escalonamento. Para isso, atente-se à quantidade de vezes que o motor exigiu alguma mudança de marcha e em que situações (valetas, lombadas e ultrapassagens) e avalie seu desempenho segundo o que você prioriza (agilidade, economia de combustível, conforto etc.).
Nenhuma dessas características pode ser verificada pela internet. Além disso, nem todas as avaliações da imprensa especializada terão o componente fundamental para uma compra tranquila: sua aprovação pessoal. Nunca recuse a oportunidade de testar seu futuro carro.