Não é raro ver gente que acha que carro com lataria grossa ou para-choque de aço de modelos clássicos são melhores do que as carrocerias de deformação programável ou que os para-choques plásticos com alma metálica atuais. Culpa de convicções pessoais, que não se sustentam diante da realidade, ou de mero desconhecimento. Um problema que afeta também o conhecimento sobre sistemas ativos de segurança, como os freios ABS, obrigatórios no Brasil desde 2014, mas que muita gente ainda não sabe usar, e o controle eletrônico de estabilidade, mais conhecido como ESP, mas também oferecido com outros nomes. No Nissan Kicks, por exemplo, ele recebe o nome de VDC (Vehicle Dynamic Control, ou controle dinâmico do veículo). E um teste do site mexicano Autología mostra a importância de ter um veículo com este equipamento. Em uma manobra de emergência, ele pode ser a diferença entre seguir viagem ou ir para o hospital. Ou lugar pior.
O vídeo de nossos colegas mexicanos é longo, mas merece ser. Nele, os caras do Autología explicam porque não se pode chamar de teste meras avaliações, que há método e instrumentos para a mensuração precisa dos automóveis, algo que tem se perdido com o tempo e com o enfraquecimento dos meios especializados, e que fazer esse tipo de jornalismo, no México ou no Brasil, é complicado por conta das pressões comerciais, mas é justamente por isso que ele se faz mais necessário: para dar ao consumidor o conhecimento necessário para que ele faça as melhores escolhas de compra. Confira abaixo o vídeo. A parte em que o Kicks quase tomba na pista está por volta de 11 minutos:
Para quem acha que o teste do alce foi feito em velocidade altíssima, vale saber que ele ocorreu a apenas 65 km/h. Os colegas do Autología tiveram o cuidado de testar tanto o Kicks sem VDC/ESP quanto um que o oferece. E reproduzem o que a Nissa tem a dizer sobre o episódio, afirmando que pretende oferecer "em breve" o controle de estabilidade em todas as versões do Kicks no México. Aqui no Brasil, apenas uma versão do modelo vem sem o VDC: a S manual, vendida a R$ 72.990. Mas, por apenas R$ 1.200 a mais, ou R$ 74.190, o modelo pode ser comprado com o sistema. Vale o investimento, como o vídeo acima deixa muito claro.
Quando alguém questionar por que o Latin NCAP só dá 5 estrelas em segurança para modelos cuja versão mais vendida oferece o ESP de série, lembre-se do teste acima. Ele mostra de forma inequívoca porque atualmente só um carro com ESP pode ser considerado efetivamente seguro. Especialmente em tempos de preferência por crossovers e SUVs, mais altos e naturalmente mais propensos a capotamentos.