A Mercedes-Benz preferiu não esperar pela abertura do Salão de Frankfurt para mostrar o conceito do que promete ser um dos carros mais lembrados de sua história. Não porque ele será um campeão de vendas, mas por ele ser praticamente um Fórmula 1 que pode ser emplacado. Conheça o Mercedes-Benz Project One, o hipercarro de mais de 1.000 cv com motor de F1.
O primeiro do mundo, segundo a fabricante alemã, como ela reforça no belo vídeo abaixo.
A fabricante pegou o motor com que anda dando trabalho à Ferrari no campeonato de F1 e o colocou para impulsionar as rodas traseiras do Project One. Trata-se de um V6 1.6 que pode girar a até 11.000 rpm, bastante menos do que o limite de rotações do motor usado nas corridas. O de competição pode chegar a até 15.000 rpm. Segundo a Mercedes-Benz, o objetivo é preservar a durabilidade do motor do carro "de rua", que, mesmo assim, terá de ser refeito a cada 50.000 km. Com uma série de detalhes ainda mais interessantes do que sua capacidade de girar alto.
Os quatro comandos de válvulas, por exemplo (dois para cada bancada de cilindros), não são movidos por correntes ou correias, mas sim por engrenagens. As molas das válvulas foram trocadas por sistemas pneumáticos. E o turbocompressor é uma obra-prima de mecânica. Chamado de MGU-H (Motor Generator Unit - Heat), ele separa fisicamente os rotores da turbina e do compressor, ligando-os por meio de um eixo. Neste eixo vai um motor elétrico de 90 kW (cerca de 122 cv). Quando os gases de escape ficam mais fracos, ele suplementa a força do rotor do compressor, podendo levá-lo a até 100.000 rpm. Isso elimina o turbo lag, de acordo com a Mercedes-Benz.
Não bastassem esses elementos, o motor 1.6 do Project One vem com outro, elétrico, acoplado a seu virabrequim também por engrenagens. Chamado de MGU-K (Motor Generator Unit - Kinetic), ele gera 120 kW (163 cv). Sua energia vem ou das baterias de íons de lítio de alta voltagem (800V, em vez dos 400V regulamentares, o que permite usar cabos elétricos mais finos, de amperagem mais baixa) ou do MGU-H, que também funciona como um gerador elétrico.
Aliado ao motor a combustão, o MGU-K entrega 680 cv às rodas traseiras e tem uma eficiência energética de mais de 40%. A Hyundai diz que o conjunto motor híbrido do Ioniq tem índice de eficiência de 40%. Resta saber quanto a mais o do Project One oferece. E lembrar que, mesmo com aproveitamento recorde da energia química contida nos combustíveis, o trem de força do Project One ainda fica bem abaixo da eficiência dos motores elétricos, que convertem cerca de 90% da energia elétrica em movimento.
Ciente disso, a Mercedes-Benz colocou mais dois no Project One, ambos no eixo dianteiro. Cada um deles gera mais 120 kW e pode girar a até 50.000 rpm, enquanto motores elétricos comuns giram a cerca de 20.000 rpm. Eles permitem vetorização de torque, para curvas impressionantes. Tudo para ir de 0 a 200 km/h (200!) em menos de 6 s e atingir uma velocidade máxima acima dos 350 km/h.
A transmissão do hipercarro, com 8 marchas, é automatizada. Chamada de AMG Speedshift, ela não tem dupla embreagem nem nada do tipo. É como os câmbios i-Motion, Easy-R e GSR, com atuadores hidráulicos para permitir modos manual, com trocas por borboletas atrás do volante, ou automático.
A suspensão, multilink do tipo push-rod nas quatro rodas, traz os amortecedores e molas montados paralelamente aos eixos, o que, segundo a Mercedes-Benz, evita que a carroceria role mesmo com mudanças bruscas de direção. Algo que o Project One será capaz sem grandes dificuldades. As rodas de alumínio forjado de 10 raios trazem uma capa de fibra de carbono que reduz turbulências. Elas são de aro 19, com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 de medida 285/35 ZR19, e de aro 20 na traseira, com os mesmos Michelin, mas na medida 335/30 ZR20.
Ainda não temos as medidas do carro, que provavelmente devem mudar até que ele comece a sair das linhas de montagem. Apenas 275 Project One serão fabricados, apesar de mais de mil compradores terem se candidatado a levar um para suas garagens. Cada um deles custará a bagatela de € 2.275.000. A fabricação se inicia apenas em 2019. Pouco antes disso deveremos conhecer sua versão final, de produção. Provavelmente no Salão de Genebra de 2019.