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Hyundai tenta tirar sua representação das mãos da CAOA

Medida confirma o longo jogo de xadrez que travam o importador e a fabricante coreana. E por que a Chery entrou na história

Vence nesta segunda (30) o contrato da Hyundai com a CAOA. Em outras palavras, a partir de hoje todos os modelos da marca coreana, sejam importados ou fabricados aqui, estariam em apenas um site, como acontece com todas as outras marcas. O que encerraria a novela que começou em 2011, quando a Hyundai resolveu ter uma fábrica no Brasil e entrou em discussões com a CAOA para retomar a representação da marca por aqui. Consta que, ao chamar Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o CAOA, para negociar a entrega da representação antes do fim do contrato, o empresário teria saído da conversa pedindo uma indenização de acordo com o que representação valia. Veio daí a história de que a Hyundai teria de pagar R$ 16 bilhões à CAOA para retomar a marca, publicada pelo Brasil Econômico no começo de 2012. Sem disposição para gastar isso todo, a coreana chegou com a CAOA a um modelo híbrido de representação. A dos modelos nacionais fabricados em Piracicaba ficava com a Hyundai e a dos modelos importados e dos produzidos em Anápolis, na fábrica da CAOA, ficavam com a empresa nacional. Foram 7 anos de espera até que o contrato vencesse. E a Hyundai, no último dia 12, avisou à CAOA que não tinha a pretensão de renová-lo. Como era esperado, encontrou resistência.

O contrato previa que, se a CAOA tivesse cumprido metas de vendas e compras mínimas, teria direito a renovar o contrato por mais 10 anos. Aparentemente, a Hyundai acha que a CAOA não cumpriu algumas das metas. Ou tem no contrato algum elemento que lhe permite encerrá-lo desde já, como o envolvimento da CAOA na Operação Zelotes, que a marca coreana pode alegar que lhe causaria danos de reputação e imagem. A CAOA, por sua vez, conseguiu uma liminar para continuar com a distribuição até que a questão seja resolvida em um tribunal de arbitragem, na cidade de Frankfurt, eleito por ambas as partes para cuidar da questão.

CAOA Chery

Isso explica, em boa medida, por que a CAOA fechou negócio com a Chery. Afinal de contas, sem a distribuição dos importados coreanos, a fabricação dos modelos da marca na fábrica de Anápolis também poderia ser comprometida. Restariam ao grupo apenas as revendas da marca, que continuariam intocadas, e uma fábrica sem produtos para fazer. A não ser que a CAOA investisse na Subaru, cuja representação também é dela, mas a marca japonesa nunca decolou por aqui como a Hyundai. Provavelmente por seu posicionamento de luxo.

Vale dizer que a CAOA anda de olho em uma marca chinesa há tempos. Ela já teria tentado um acordo com a BYD, com a Dongfeng e com a Great Wall. Só que as conversas não caminharam. A própria Chery só deve ter topado porque estava com a corda no pescoço e precisava de alguém disposto a distribuir seus modelos, algo que a CAOA faz com maestria, e melhorar a imagem da marca. O caso é que as demais chinesas devem ter preferido fugir do mercado brasileiro ou se estabelecer por aqui por conta própria, cientes da relação bem-sucedida, mas tempestuosa, que a CAOA costuma ter com suas representadas. A fábrica de Anápolis foi construída com a indenização que a Renault teve de pagar à CAOA depois que ela retomou a representação à força. E ninguém, nem a Hyundai, pretende financiar futuras fábricas do grupo para marcas concorrentes.

Ainda não há previsão de quando a arbitragem será marcada. Mas é certo que a CAOA não deixará a distribuição dos Hyundai sem muita briga. E que a Hyundai já deve até estudar a oferta de uma indenização à CAOA para encerrar a pendenga e retomar pleno controle sobre seus rumos no Brasil. Algo que ela queria desde antes de montar sua fábrica em Piracicaba. Resta saber por quanto a CAOA aceitará fazer isso. Será por montante certamente menos substancial do que os R$ 16 bilhões que poderiam ter sido pagos há 6 anos, mas ainda pode sair daí um volume grande de dinheiro. Eis uma novela que vale a pena acompanhar.

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