Estamos próximos de marcar um ano da morte de Og Pozzoli, o maior colecionador de carros antigos que o Brasil já teve. Em nossa homenagem a essa grande figura, mencionamos que seu maior desejo era transformar sua coleção em um museu de carros antigos. E recebemos a feliz notícia de que ela será administrada pela Fundação Lia Maria Aguiar. Além de ser exposta e compartilhada, um dos prazeres de Og, ela servirá também para educar jovens carentes na belíssima arte da restauração de clássicos automotivos. Dará a eles não apenas o mesmo "gosto pela ferrugem", ou melhor, pela sua erradicação, mas também uma profissão de que eles poderão se orgulhar.
O anúncio da passagem da coleção à administração da Fundação Lia Maria Aguiar veio durante o Brazil Classics Show 2018, realizado em Araxá, Minas Gerais. Para abrigar a coleção, será construído um museu na cidade de Campos do Jordão, tradicional estância turística do Estado. Estima-se que o prédio vá levar cerca de 2 anos para ficar pronto.
Realizada na presença de Maú Pozzoli, viúva do colecionador, a cerimônia de transmissão da coleção à fundação foi um tributo à vida e à obra de Og. Talvez nem de longe tão tocante quanto a prestada por seu bom amigo Roberto Nasser, mas digna de tudo que o colecionador legou a quem gosta e a quem não liga para automóveis. Porque história abrange mesmo aqueles que não se dão conta de sua escrita nem dão importância a legados, como a perda do Museu Nacional deixou patente. O destino mais provável da coleção de Og seria o ostracismo e o vilipêndio, como aconteceu com a coleção de Roberto Lee. Mas, por sorte, o país dos museus em chamas e da memória reduzida a pó tem entidades preocupadas não só com a preservação da história, mas também com o futuro de seus jovens.
Que belo casamento entre o passado e o futuro se realizou com a coleção de Pozzoli sob os cuidados de Lia Maria Aguiar! Que feliz Og ficaria em saber do destino de suas histórias como fundação da história de milhares de jovens, apaixonados pela mesma invenção que o trouxe do Rio Grande do Norte a São Paulo quando nem se sonhava com estradas: o automóvel. Mais uma vez, obrigado, Og. E obrigado, Lia Maria Aguiar!