É comum os fabricantes de automóveis criarem séries especiais de seus carros baseadas nos mais variados temas: automobilismo, datas comemorativas, esportes, filmes, etc. Mas, em dezembro de 2002, a Citroën lançou no mercado brasileiro uma inusitada edição limitada inspirada no resultado das eleições presidenciais daquele ano.
A Citroën Xsara Etoile (estrela, em francês) foi uma discreta alusão ao símbolo do Partido dos Trabalhadores e à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição realizada há exatos 20 anos. O material publicitário distribuído à imprensa na época continha fotos de um exemplar na cor vermelho metálico fotografado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (DF).
Material publicitário sugeria ao consumidor "tomar posse" da minivan
Além dos adesivos com o desenho de uma estrela aplicados no vidro traseiro, a Xsara Picasso Etoile incorporava equipamentos ao conteúdo de série. Limitada a 5 mil unidades, a edição especial estava disponível para as versões GLX e Exclusive. Em ambas, a minivan recebia bancos de couro, rádio CD player e rodas de liga leve.
Na configuração Exclusive, a Xsara Picasso Etoile trazia o então exclusivo detector de obstáculos traseiro – atualmente chamado de sensor de estacionamento – um item pouco comum naquela época.
Painel centralizado e ar-condicionado digitais eram itens incomuns para a maioria dos carros da época
De resto, a Citroën Xsara Picasso Etoile era equipada de série com direção hidráulica, ar-condicionado com controle separado para o banco traseiro, airbags frontais e laterais, painel digital, computador de bordo, retrovisores com regulagem elétrica, entre outros. Independentemente da versão, a minivan ainda trazia um prático carrinho dobrável no porta-malas de 550 litros, que facilitava o transporte de pequenos objetos.
A única motorização disponível era a 2.0 16V a gasolina, que entregava 118 cv de potência a 5.500 rpm e 19,8 kgfm de torque a 4.100 rpm. O câmbio era manual de cinco marchas.
Com esse propulsor, a minivan de 1.306 kg acelerava de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e atingia a velocidade máxima de 203 km/h. O consumo médio ficava na casa dos 8,7 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada, de acordo com os dados do fabricante.
Minivans eram os SUVs daquela época
Se hoje os SUVs são os modelos mais desejados pelo mercado, há duas décadas os monovolumes dominavam a preferência dos consumidores. A Citroën aproveitou o resultado das eleições de 2002 como pano de fundo para criar a série especial da Xsara Picasso oferecendo um modelo com melhor custo-benefício em relação às principais concorrentes, que eram a Chevrolet Zafira e a Renault Scénic.
A marca francesa vendia a Xsara Picasso GLX Etoile por R$ 42.990, o que dava cerca de R$ 138.850 em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O modelo trazia o equivalente R$ 5.800 (R$ 18.700) em equipamentos em comparação com o modelo convencional, que partia de R$ 39.990 (R$ 129 mil com valor atualizado). Já a Xsara Picasso Exclusive Etoile tinha preço sugerido de R$ 46.990 (cerca de R$ 151.765 atuais) com um desconto de R$ 6 mil (R$ 19.400).
Xsara Picasso foi o primeiro Citroën fabricado no Brasil
Unidade de testes da Xsara Picasso coincidentemente nas proximidades do Congresso Nacional, em Brasília
Primeiro carro da Citroën fabricado no Brasil, a Xsara Picasso saiu de linha após cerca de 106 mil unidades fabricadas em Porto Real (RJ). A marca francesa até importou da Europa as duas gerações posteriores da minivan, já designadas como C4 Picasso (com direito a versões de sete lugares). Mais caras que a antecessora, estas não fizeram o mesmo sucesso da Xsara Picasso e pouco tempo depois deixaram de ser vendidas num momento em que os SUVs já ganhavam mais apelo com os consumidores.