Tão importante quanto o motor, a transmissão, a embreagem ou os freios, o diferencial pode ser descrito como um conjunto mecânico de engrenagens que faz chegar às rodas motrizes a força gerada pelo motor, mas não só isso. Este componente tem a função principal de compensar a diferença de distância percorrida entre a roda interior e exterior em curva. Pode parecer complicado, mas é mais simples do que parece. Como a roda de fora de uma curva percorre uma distância maior do que a roda de dentro, é preciso que elas tenham velocidades diferentes. Se rodassem da mesma maneira, o carro seria incapaz de mudar de direção. O problema é que há situações em que as rodas devem girar com a mesma força e velocidade. E é aí que entra o bloqueio do diferencial.
Para entender melhor o princípio de um diferencial, inventado pelo francês Onesiforo Pecqueur em 1827, a Chevrolet fez um vídeo em 1937, 110 anos depois da invenção do componente, que é usado até hoje para explicar como ele funciona. O que é bom não tem idade!
Em caso de perda total ou parcial de aderência por uma das rodas no eixo de tração (dianteiro ou traseiro), o diferencial desvia toda a força da roda com aderência para alimentar a que gira em falso. Isso deixa o veículo sem tração. A única forma de o carro voltar a se mover é impedir que o diferencial funcione, transmitindo a força do motor de modo igual para as duas rodas do eixo motriz. Com isso, o veículo vai se deslocar mesmo que uma das rodas patine. O bloqueio do diferencial é o sistema que permite que as duas rodas tenham a mesma força ao mesmo tempo.
Quando usar o bloqueio de diferencial?
O bloqueio do diferencial é um recurso técnico muito popular nos veículos fora-de-estrada e uma ferramenta muito utilizada nas aventuras em trilhas. Quando este dispositivo é acionado, de modo mecânico, as rodas esquerda e direita passam a ter velocidades exatamente iguais. O que resolve bem situações de falta de tração: a roda que tiver mais aderência empurra o carro e ajuda a roda que escorrega a achar terreno mais firme. Usado no asfalto, o bloqueio poderia estragar os pneus, no caso mais leve, ou comprometer as engrenagens do diferencial do veículo.
Alguns sistemas eletrônicos, como o Fiat Locker, usavam o sistema de freios do veículo para frear eletronicamente a roda que patina. Com isso, a força desta roda é imediatamente enviada para a que tem aderência. Não é um recurso sofisticado como o bloqueio mecânico, mas atua da mesma maneira.
Pode haver mais de um bloqueio de diferencial no carro
Quando o veículo tem mais do que um eixo de tração, cada um deles tem um diferencial específico. E muitos veículos 4x4 contam ainda com um diferencial central, que equaliza a força distribuída entre cada um dos eixos. Onde há diferencial também pode haver bloqueio e não é raro veículos oferecerem três bloqueios de diferencial, como acontecia com o finado Land Rover Defender.
Diferencial autoblocante
Além de ajudar no fora de estrada, o bloqueio de diferencial também pode ajudar veículos com pretensões esportivas. Chamado de diferencial autoblocante, ele se assenta em princípios mecânicos totalmente diferentes. Normalmente ele é composto por um sistema de acoplamento viscoso ou por embreagens. Funciona assim: quando uma das rodas gira mais do que deveria, ocorre o acoplamento entre as duas, o que impede que todo o torque do motor fique em apenas uma das rodas. Em curvas fortes, se uma das rodas perder aderência e começar a girar em falso, o diferencial autoblocante atua. Com isso, a roda com tração continua a ter força e o veículo se mantém sob controle.