Agosto foi bom para as fabricantes, mas se mostrou apenas estável em agosto. Foi o que mostraram os números da Anfavea, algo que os da Fenabrave contrariam levemente ao mostrar viés de queda. Mesmo assim, agosto registrou licenciamentos de 239.599 carros novos, o que o torna o melhor agosto desde 2014. Outro indicador positivo foi a produção, que atingiu 278.861 unidades de veículos leves, o que fez de agosto o melhor mês desde outubro de 2014 neste quesito. Mas pelos motivos errados. Antonio Megale, presidente da entidade, disse ao G1 que as fabricantes ficaram com receio de uma nova greve dos caminhoneiros e aproveitaram para produzir em agosto para não sofrer com eventuais desabastecimentos. Ainda que a greve não venha, a tentativa de assassinato do candidato Jair Bolsonaro traz ainda mais instabilidade para o país, o que pode se refletir nas vendas de carros.
O caso é que a produção cresceu 18,6% de julho para agosto. E julho já tinha sido muito bom, registrando no acumulado um crescimento de 14,9%. Com agosto, o crescimento ao longo de 2018 é exatamente o mesmo: 14,9%. A Anfavea comemora médias diárias de vendas acima de 16 mil unidades, mas acredita que setembro, que terá apenas 19 dias úteis, contra 23 de agosto.
No que se refere às exportações, a crise econômica na Argentina continua a dar más notícias. Elas caíram 16,6% quando comparadas às de agosto de 2017 e, no acumulado do ano, a queda é mais contida: -4,6%. Com a recuperação do mercado interno, essa queda é compensada de modo mais do que satisfatório para resultados gerais melhores do que os de 2017, mas isso mostra que a Anfavea tem razão em ser cautelosa quanto às projeções para este ano. Em se tratando de Brasil, tudo pode acontecer.