Quando o Toyota Corolla e o VW Polo receberam 5 estrelas no Latin NCAP, passou em brancas nuvens que o Corolla tivesse ESP de série, mas o Polo, não. Nem o Virtus, que também levou 5 estrelas mais recentemente. Tínhamos a impressão de que o ESP (ou ESC, como a VW o chama) era obrigatório para o modelo receber as 5 estrelas e de que o sistema de controle de estabilidade eletrônico devia ser de série. Em conversa com o Latin NCAP, porém, descobrimos que a história é apenas parcialmente desse jeito. Sim, um modelo 5 estrelas tem de ter ESP. Mas ele não precisa ser de série.
"O Latin NCAP, de acordo com o protocolo, exige que o carro inclua o ESC na versão mais vendida do mercado (ou que pelo menos iguale a mais vendida). Também exige que o ESC seja um opcional independente (que o consumidor possa comprar sem ter de pagar por um pacote) e que, depois de 2 anos, toda a linha seja equipada com ESC de série", diz Alejandro Furas, secretário-geral da entidade. Com isso, e a expectativa de que as versões com motor 1.0 TSI estivessem entre as mais vendidas de Polo e Virtus, os modelos da Volkswagen puderam receber a premiação máxima. Com a perspectiva de ter o controle de estabilidade de série em todas as versões até 2019, no caso do Polo, e no começo de 2020, no do Virtus.
"Infelizmente, como os governos demorarão até 2022 para adotar o controle de estabilidade como item obrigatório, o Latin NCAP é o único meio de catalisar o mercado para que o ESC esteja disponível. Se o Latin NCAP exigisse ESP em 100% dos carros, possivelmente carros como o Polo não teriam airbags laterais. Porque, já que não seria possível atingir as 5 estrelas com ESC em 100% dos carros, talvez tirassem também a proteção lateral contra impactos em postes, por exemplo. Sem o apoio dos governos, essa é a forma de puxar a melhoria necessária na América Latina.", diz Furas. "Se todos os carros do mercado fossem avaliados pelo Latin NCAP, e os consumidores levassem esses dados em conta, já não seriam vendidos carros de 0 e 1 estrela, ainda que a legislação brasileira não mudasse." Bom seria se a avaliação fosse obrigatória. Ou se o governo brasileiro permitisse que pelo menos um centro de crash-test em território nacional fosse completado.