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Primeira volta KBB - JAC lança quinto SUV no Brasil: o T80

Partindo de R$ 139.990, o SUV de 7 lugares é o modelo chinês mais caro à venda no Brasil

A JAC Motors lançou nesta quinta-feira (14), em evento realizado em São Paulo, o modelo chinês mais caro à venda no Brasil atualmente. Trata-se do T80, um SUV de grande porte, capaz de levar até 7 pessoas, que parte de R$ 139.990. Disponível em versão única (com apenas um pacote opcional), o utilitário é impulsionado por um motor 2.0 turbo de 210 cv e já pode ser adquirido nas lojas da marca. 

INTRODUÇÃO

O T80 é o quinto SUV lançado pela JAC, dando continuidade à estratégia da marca em apostar unicamente nos utilitários esportivos, segmento "queridinho" do público e com maior possibilidade de margem de retorno à companhia. Como a marca já atua nas faixas de entrada da categoria (com o hatch aventureio metido a "jipinho" T40 e o SUV compacto T50), agora foi a vez da chinesa atacar o topo da gama dos utilitários familiares. Literalmente, afinal, o T80 não só é o maior modelo disponível da JAC no Brasil, como também é o mais caro entre seus conterrâneos, superando o título conquistado pelo Lifan X80 há alguns meses. 

Com 4,79 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,76 m de altura e 2,75 m de distância entre-eixos, o T80 bate de frente com SUVs do porte de Toyota SW4, Volkswagen Tiguan e Chevrolet Equinox. Contudo, sua faixa de preço se encaixa no limiar destes concorrentes. Abaixo dele, modelos como Jeep Compass, Hyundai New Tucson e Kia Sportage têm de 30 cm a 40 cm a menos em comprimento e não possuem uma fileira extra de bancos atrás. Ou seja, tal qual o Lifan X80, o trunfo do JAC T80 está em oferecer espaço e equipamentos de modelos mais caros a preços pouco acima dos SUV compacto-médios, apelando à racionalidade do custo-benefício para o consumidor. 

JAC T80 tem quase cinco metros de comprimento

VIDA A BORDO DO JAC T80

Os carros chineses estão construindo suas próprias identidades conforme a indústria local amadurece, mas ainda é possível identificar inspirações um tanto explícitas no que diz respeito ao design dos carros vindos de lá. No caso do T80, sua frente com grade cromada imponente e hexagonal, com faróis afilados se integrando à peça, certamente fará qualquer pessoa familiarizada com a Hyundai se lembrar do New Tucson. A lateral possui vincos mais tradicionais e, ao chegarmos na traseira, a fonte de referência muda da Coreia do Sul para a Alemanha, uma vez que as lanternas se aproximam muito daquelas vistas num Audi Q5, bem como o refletores horizontais no para-choque e as duplas saídas de escape em cada extremidade da peça. O resultado não é ruim, longe disso. O T80 é atraente e está em compasso com seus contemporâneos em termos visuais, o que é bastante positivo.

A influência germânica permanece na cabine, sobretudo no conjunto das saídas de ar, todas redondas com filalmentos horizontais e um mecanismo de manuseio central idêntico aos que víamos na Mercedes-Benz. Destaque para o relógio analógico centralizado, alusão à uma característica particularmente europeia em modelos luxuosos. O que acaba destoando da abordagem mais elegante é o acabamento de plástico imitando a fibra de carbono no painel e no console central. O material é comumente mais atrelado à esportividade, algo que passa longe da intenção do T80. 

Ainda sobre o acabamento, o modelo não apresenta falhas de montagem. O capricho é esperado em um modelo deste patamar de preço, assim como materiais mais nobres no revestimento do habitáculo, quesito em que o SUV não faz feio: há três tipos de materiais emborrachados com diferentes níveis de maciez espalhados pela cabine, além do couro costurado nas alças das portas e no baú entre os bancos da frente. Plástico duro comum fica restrito ao lugares onde ninguém praticamente interage no carro. 

Traseira do T80 lembra o Audi Q5

Para além do design, existe um contraste tecnológico na cabine do T80. O painel de instrumentos é composto por uma tela totalmente digital de 12,3'' configurável (há três diferentes temas de exposição) e a central multimídia também é tem uma tela avantajada, de 10'', toda sensível ao toque, com respostas rápidas. Porém, logo abaixo, 50% da área útil do console central é tomada por botões físicos com visual um tanto ultrapassados. Nada contra a utilidade deles, que facilitam a navegação ao oferecer atalhos que previnem o motorista de desviar sua atenção por muito tempo (uma vez que você os decora), mas a sensação é que o espaço ali poderia ser mais bem aproveitado, seja com menos botões, ou distribuindo-os na porção vertical do painel, logo acima. Isso poderia criar mais porta-objetos ali (só há dois porta-copos e o baú). 

Mas se a funcionalidade pode não ser tão generosa neste aspecto, o espaço interno compensa. A extensa distância entre-eixos se traduz numa área mais do que suficiente para abrigar adultos altos atrás com amplo conforto. Também não haverá problemas para a cabeça. O assoalho plano no centro e o ótimo aproveitamento dos 1,90 m de largura possibilitam acomodar até três adultos na segunda fileira, com conforto. Os bancos ainda dispõem de ajustes de inclinação e distância. Se ninguém ocupar o assento do meio, o encosto pode virar um apoio de braço com dois porta-copos embutidos. Os passageiros que viajarem ali ainda têm uma entrada USB para carregar os celulares e saídas de ar-condicionado dedicadas. 

A generosidade de espaço do T80 só não é vista nos bancos extras. Ainda que os passageiros da frente sacrifiquem área para as pernas ao deslizar os assentos para frente, acomodar um adulto na última fileira é incômodo: primeiro pelo acesso, uma vez que a base da fileira central não rebate para facilitar a entrada atrás, e segundo pela posição muito verticalizada das pernas (as coxas não encostam no banco, devido a sua baixa altura). Ocupantes ali, somente crianças, que terão porta-copos e uma tomada, mas não há ventilação ou janelas. E com os bancos erguidos, esgota-se, também, o bagageiro, uma vez que os 620 litros de capacidade com a fileira rebatida se transformam numa área menor do que a de um Caoa Chery QQ, praticamente. 

Cabine do T80 tem design inspirado em alemães

COMO É DIRIGIR O JAC T80

O T80 é movido por um motor 2.0 turbo, capaz de gerar 210 cv de potência a 5.000 rpm e 30,5 kgfm de torque desde 1.800 rpm até às 4 mil rotações, trabalhando com um câmbio de dupla embreagem de seis marchas da própria JAC e tração dianteira. A descrição é bem interessante na ficha técnica, mas na prática, receamos que o T80 não empolga tanto assim. Devemos lembrar que estamos falando de um carro com 4,80 m de comprimento e quase duas toneladas (são 1.775 kg em ordem de marcha).

No percurso realizado para a avaliação do modelo, a KBB Brasil esteve ao volante durante pouco mais de 50 km numa rodovia. Nesta condição, o T80 não mostrou qualquer dificuldade para atingir velocidades mais altas. O motor tem fôlego de sobra para rodar a 120 km/h com giro abaixo das duas mil rpm, o que garante conforto durante a viagem. O comportamento do câmbio, embora seja rápido nas trocas (como é próprio da natureza dos de dupla embreagem), parece hesitar ao extrair potência total do carro ao recorrer ao kickdown. Pisando fundo no acelerador, a resposta da central eletrônica pode reduzir apenas uma marcha, dependendo da velocidade e situação, o que não é o suficiente para embalar o carro como deveria. Quando há duas reduções, o vigor acima das 3.500 rpm condiz mais com a proposta de um motor turbo de dois litros. De qualquer maneira, a sensação é de que o torque máximo não está exatamente disponível abaixo das duas mil rotações, como informa a fabricante, mas sim em faixas intermediárias de rotação. 

Espaço na segunda fileira do T80 é generoso

Você pode realizar trocas sequenciais pela manopla de câmbio, o que ajuda a evitar que o câmbio vacile para entregar a reação que você necessita numa ultrapassagem, por exemplo. E, ao menos durante nosso trajeto, o câmbio se mostrou bastante permissivo para deixar o comando das trocas em nossas mãos, o que aumenta a confiança do motorista. 

Dinamicamente, o T80 surpreende ao não adornar a carroceria tão intensamente quando se esperaria devido a sua altura. Neste aspecto, sua arquitetura e as suspensões independentes parecem fazer um bom trabalho para melhorar o "chão" do modelo, ou seja, sua estabilidade. É claro que isso não significa que ele foi feito para entrar acelerado demais em curvas, mas aponta para um caminho melhor do que o comportamento mole da primeira leva de chineses que desembarcaram por aqui. Só falta refinar o equilíbrio entre estabilidade, firmeza e conforto, já que neste último quesito o T80 deixa um pouco a desejar, com batidas mais secas no assoalho devido a dureza ao absorver algum impacto. Não é nada que prejudique o conforto em demasia, mas é um aspecto que exige evolução. 

EQUIPAMENTOS DO JAC T80

Como frisamos anteriormente, a aposta do JAC T80 para ganhar notoriedade neste competitivo universo de quase 15 opções de SUV de médio e grande porte entre R$ 120 mil e R$ 150 mil é entregar o espaço e equipamentos de rivais maiores, por um preço mais atraente. E nesta segunda seara, o T80 traz uma extensa lista de itens em sua versão única. Alguns destaques deles são: seis airbags, controle de estabilidade, ar-condicionado de duas zonas, freio de estacionamento eletrônico, chave presencial, partida por botão, câmeras de 360º, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, DRL de LED, assistente de partida em rampa, retrovisores com rebatimento elétrico, direção elétrica, ajustes elétricos dos bancos dianteiros (com memória para o motorista), rodas de 18'' e as duas telas que já citamos. De exclusivo nesta faixa de preço dele, há as funções de massagem, refrigeração e aquecimento dos bancos da frente. Como opcional, o T80 possui o pacote com sistema de som Infinity com 10 alto-falantes e 280 Watts e o teto solar panorâmico (que custa R$ 6.000). 

Sentimos falta de recursos de condução, como frenagem autônoma de emergência e controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo (só há o convencional), e da compatibilidade com smartphone via CarPlay e Android Auto (ela é feita por meio de um aplicativo que espelha a tela de qualquer celular). Mas mesmo assim, não há muito mais do que reclamar em termos de "recheio" no T80. Seu pacote é atraente o bastante para enfrentar seus concorrentes. 

A JAC prevê que o T80 terá 600 unidades vendidas por ano. Atualmente, a marca conta com 24 lojas espalhadas pelo país. 

FICHA TÉCNICA

Modelo JAC T80
Motor 2.0, 16V, 4 cilindros, dianteiro, transversal, gasolina
Potência 210 cv a 5.000 rpm
Torque 30,5 kgfm a 1.800 rpm
Câmbio Dupla embreagem, 6 marchas
Tração Dianteira
Freios (d/t) Discos ventilados / Discos sólidos
Suspensão (d/t) McPherson / Multilink 
Dimensões (C/L/A) 4,79 m / 1,90 m / 1,76 m 
Entre-eixos 2,75 m
Peso 1.775 kg
Porta-malas 620 litros (5 lugares)
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