Quando a Jeep trouxe a nova geração do Compass para o Brasil, já sob o comando do grupo FCA, o preço abaixo dos R$ 100 mil (simbolicamente, claro, uma vez que o preço era apenas R$ 10 mais barato do que isso), a marca demonstrava a clara intenção de transformar o utilitário num sucesso de vendas. E conseguiu. Depois de pouco mais de um ano no mercado, já com preços reajustados (ele parte de R$ 107.990, atualmente), o Compass apareceu na liderança entre os SUVs do país em novembro, ultrapassando o até então imbatível Honda HR-V. Ou seja, é muito possível que o Compass termine 2017 no topo dos utilitários.
A façanha surpreende porque o Compass é um SUV médio. Seus rivais mais próximos em porte são os Hyundai ix35 e New Tucson e Honda CR-V, além de esbarrar em preço com os concorrentes premium. Mesmo assim, ele cativou o público com seu leque amplo de versões, com dois tipos de motores: um 2.0 aspirado flex e o 2.0 turbodiesel. E é exatamente na dúvida sobre qual dos dois escolher nas faixas mais caras do modelo que podemos te ajudar com esta avaliação. Ela é sobre a versão topo de linha flex do Compass, a Limited.
Partindo de R$ 134.990, essa configuração é recheada de equipamentos e traz tudo aquilo que se espera de um autêntico SUV. Mas, como você poderá ler ao final desta matéria, com este valor já é possível olhar com mais atenção para a versão diesel mais barata do modelo.
Você gostará do Jeep Compass Limited flex se...
O aproveitamento de espaço da cabine do Compass vai agradar quem busca por conforto para até 5 pessoas. A versão Limited tem acabamento caprichado e uma central multimídia intuitiva, conectada e que dá um toque moderno para o carro. O Jeep também é reconhecido pela robustez, que garante tranquilidade para superar facilmente vias mais acidentadas e até enfrentar trechos de terra de pouca complexidade.
Talvez você não curta muito...
O motor 2.0 de 166 cv não é dos mais fortes para proporcionar a agilidade esperada a um modelo da estirpe do Compass e seu nível de consumo também pode ser considerado um dos deus pontos negativos.
O que tem de novo em 2017
No meio deste ano, a Jeep apresentou as novidades da linha 2018 do Compass. Pouca coisa mudou em relação a equipamentos do carro: stop-start em todas as versões e compatibilidade da central Uconnect com Apple CarPlay e Android Auto estão entre os principais destaques. Ademais, houve uma adição de versão na gama, a Limited com motor 2.0 Multijet turbodiesel, que segue o mesmo padrão de equipamentos da configuração homônima flex (a desta avaliação).
Dirigindo o Jeep Compass Limited flex
Apesar de o Grupo FCA adotar cerca de 70% de aços de alta resistência no chassi do Compass, o SUV não é exatamente leve. Seu peso em ordem de marcha na versão Limited chega a 1.547 kg, o que lhe rende uma relação entre peso e potência de 9,3 kg/cv. Na prática, estes números permitem entender bem a sensação constante de que o motor flex de 166 cv e 20,5 kgfm de torque tem de fazer muito esforço para embalar o utilitário. Porque é exatamente isso que acontece.
Em percursos urbanos, não há muito o que reclamar do motor. Em situações cotidianas, o Compass vai bem. Não é como se você tivesse de pensar duas vezes antes de enfrentar uma ladeira. Nesses ambientes, o que pode incomodar um pouco o motorista é um certo atraso que o câmbio de 6 marchas demonstra para compreender a necessidade de subir ou reduzir uma marcha (ainda que a troca em si seja feita de maneira suave). Mas a ocasião menos favorável ao Compass surge ao exigir mais força do conjunto, sobretudo em rodovias, quando você perceberá que o tempo de resposta entre o comando no pedal direito e a reação do motor é mais morosa. Isso não significa, contudo, que o jipão não alcance a velocidade desejada ou tenha dificuldades a trafegar a 120 km/h. Trata-se apenas de uma percepção de agilidade que o modelo fica devendo.
A dirigibilidade do Compass prioriza o conforto em vez de uma tocada mais precisa. Afinal, ele é um SUV. A suspensão tem um comportamento mais macio para superar buracos e elevações na pista, o acaba fazendo-o inclinar em curvas um pouco mais do que seu irmão menor, o Renegade (com o qual compartilha plataforma). A transferência de peso lateral e entre os eixos é ligeiramente mais perceptível também. A direção elétrica é progressiva, ou seja, bem leve para manobras e mais firme e precisa em velocidades altas (destaque para a ótima empunhadura do volante).
Quanto ao consumo, que pode ser uma das preocupações do proprietário, o Inmetro o classifica como nota B na categoria de SUVs. São 5,5 km/l na cidade e 7,2 km/l em rodovias com etanol e 8,1 km/l na cidade e 10,5 km/l em rodovias com gasolina. Ou seja, é melhor usar o Compass com parcimônia para que ele não abuse do combustível.
Sacadas inteligentes
A versão Limited do Compass conta com um computador de bordo digital, com tela de 7 polegadas, que agrega todas as informações do veículo no quadro de instrumentos. Os comandos são no volante e a navegação é bastante intuitiva e de fácil leitura. O toque de modernidade é corroborado pela central multimídia no console, com tela de 8,4 polegadas.
Detalhes do Jeep Compass Limited flex
Interior
Como era de esperar, a versão Limited capricha no acabamento do Compass (que é bom neste quesito mesmo nas versões mais baratas). O painel é todo revestido de plástico emborrachado e há molduras rígidas foscas pelo console central que contribuem para criar um visual mais robusto ao SUV. Couro também está presente nos bancos, laterais das portas e baú central, ou seja, onde o motorista mais encosta. A adoção de freio de estacionamento elétrico permitiu um melhor aproveitamento do espaço entre os assentos da frente, mas o compartimento dedicado ao celular (perto da entrada USB) poderia ser mais generoso.
A distância entre-eixos de 2,63 m nem é das melhores na categoria, mas a oferta de espaço atrás é suficiente para abrigar três passageiros com conforto. Os bancos são macios e bipartidos (o que facilita o acesso ao bagageiro) e há uma saída de ar dedicada para quem viaja ali. Se não houver ninguém no assento do meio, o encosto se transforma em apoio de braço para os ocupantes das laterais, com direito a dois porta-copos.
O porta-malas de 410 litros não chega a surpreender, considerando que estamos falando de um modelo com 4,41 m de comprimento (há SUVs compactos com bagageiros mais generosos), mas pelo menos é bem maior do que os 260 l disponíveis no Renegade.
Exterior
O desenho do Compass segue a cartilha mais tradicional de SUVs, típica da marca que prioriza transmitir robustez em vez de linhas fluidas e mais urbanas. Os vincos retilíneos marcam bem a linha de cintura do carro e a versão se destaca pelas lanternas e DRL de LED e faróis com projetor de xenônio.
Equipamentos
A versão Limited do Compass vem equipada de série com: 7 airbags, controle eletrônico de estabilidade, ar-condicionado de duas zonas, bancos de couro, acendimento automático dos faróis, faróis e lanternas de neblina, bancos bipartidos, volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade, câmera de ré, direção elétrica, DRL de LED, freio de estacionalmento elétrico, assistente de partida em rampa, controlador de velocidade, Hill Descent Control (que segura o ritmo do carro em descidas), ganchos Isofix, computador de bordo digital, central multimídia, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, sensor de chuva, stop-start e rodas de liga leve de aro 18.
Sob o capô
O motor que equipa as versões flex do Compass é o Tigershark, 2.0 16V, de quatro cilindros em linha, com potência de 166 cv a 6.200 rpm e 20,5 kgfm de torque a 4.000 rpm (159 cv e 19,9 kgfm a gasolina). Ele trabalha sempre acoplado à transmissão composta por câmbio automático de 6 marchas e tração dianteira (só há tração 4x4 nas versões diesel).
Sobre o preço
A versão Limited do Compass parte de R$ 134.990. Ela permite a escolha de dois opcionais: teto solar panorâmico (por R$ 7.100) e um kit de proteção com direito a protetor de cárter e de barro (por R$ 800). Se você quiser equipá-lo com estes opcionais, o preço salta para R$ 142.890, mais caro do que os R$ 142.790 pedidos pela versão Longitude turbodiesel. Ou seja, não é nenhuma loucura você ficar tentado a optar pela versão diesel caso esteja considerando adquirir o topo de linha flex do Compass.
Em termos de acabamento, a Longitude só dispensa o couro integral (há apenas parcial) e um outro mimo de equipamento. Mas tudo o que interessa, incluindo a central multimídia, está lá. De quebra, quando equipado com motor diesel, o comportamento do SUV fica sensivelmente mais esperto e mais econômico, mesmo comparando com a gasolina (ainda que a diferença não seja tão gritante). A versão Longitude diesel já corresponde a mais de 20% das vendas do Compass, enquanto a Limited flex não passa dos 15%.
Outro argumento a favor da opção intermediária diesel é a desvalorização. Segundo a KBB, ela perdeu meros 2,3% de seu valor em um ano, menos do que os já baixos 4% de desvalorização da versão Limited flex.
Ficha técnica
Modelo | Jeep Compass Limited flex |
Motor | 2.0, 16V, 4 cilindros, dianteiro, transversal |
Potência | E: 166 cv a 6.200 rpm | G: 159 cv a 6.200 rpm |
Torque | E: 20,5 kgfm a 4.000 rpm | G: 19,9 kgfm a 4.000 rpm |
Câmbio | Automático, 6 marchas |
Tração | Dianteira |
Freios (d/t) | Discos ventilados / discos sólidos |
Suspensão (d/t) | McPherson / McPherson invertida |
Dimensões (C/L/A) | 4,41 m / 1,82 m / 1,63 m |
Entre-eixos | 2,63 m |
Peso | 1.547 kg |
Porta-malas | 410 litros |