O Surgimento de um Ícone (1986)
Em abril de 1986, o mercado brasileiro foi sacudido com o inesperado lançamento da Honda CBX 750F, apelidada carinhosamente de “7 Galo”, uma metáfora ao número 7 do jogo do bicho, em substituição ao “50” do nome original norte-americano Seven-Fifty. Foram importadas apenas entre 700 e 800 unidades, todas vindas do Japão, marcando o fim de uma década sem acesso a motos de alta cilindrada no país.
Visualmente, o modelo original impressionava com roda dianteira de 16″, suspensão regulável e faróis quadrados: símbolos de modernidade e esportividade inéditos no Brasil.
A potência girava em torno de 82 cv, com motor DOHC quatro cilindros, 16 válvulas, elevando o patamar técnico da indústria nacional.
Da Importação ao Orgulho Nacional (1987–1989)
Em 1987, com o início da produção na Zona Franca de Manaus, o design foi adaptado: roda dianteira trocada por 18″, suspensão mais simples, e lâmpada de farol com lente única — medidas que tornaram a moto mais urbana, ainda que menos esportiva.
As cores e versões passaram a ganhar codinomes memoráveis, como:
- Hollywood (1987).
- Magia Negra e Rothmans (1988, essa última como série especial com grafismos inspirados em corridas).
- Grená e Canadense (1989).
Em 1989, as vendas chegaram a 2.390 unidades, um dos maiores volumes já registrados para o modelo.
A Chegada da “Indy” e o Declínio (1990–1994)
Em 1990, nasceu a versão Indy, com carenagem integral — faróis embutidos, porta-luvas, painel novo e quadro reforçado para maior estabilidade. Mas isso trouxe peso extra (a moto passou a pesar cerca de 241 kg a seco), e a estética dividiu os fãs da esportividade original.
Com o surgimento de novos modelos da Honda, a CBX 750F começou a perder espaço.
As vendas continuaram em queda: 1.435 unidades em 1990, 645 em 1991.
A produção nacional foi encerrada definitivamente em dezembro de 1994, totalizando 11.312 unidades vendidas no Brasil.
Um Legado Duradouro:
Hoje, a CBX 750F é reverenciada por colecionadores e entusiastas. Modelos bem conservados chegam a ser disputados no mercado de usados, com preços que variam conforme a raridade das versões (como Hollywood ou Canadense).
Ela foi a primeira moto quatro cilindros produzida pela Honda no Brasil, e seu ronco potente, elegância e apelo nostálgico mantém sua aura viva: um símbolo de liberdade sobre duas rodas que transcende gerações.