Não se sabe bem como, mas Carlos Ghosn conseguiu criar algo inédito na indústria automotiva: uma aliança entre duas grandes fabricantes de automóveis que dura quase 20 anos. Em 1999, Ghosn foi ao Japão e conseguiu salvar a Nissan da falência. O que deveria ter colocado a marca japonesa definitivamente sob o controle da Renault, mas não foi assim. As empresas continuaram independentes, ainda que com sinergias, ou seja, processos e componentes comuns. Mas parece que o executivo se cansou deste arranjo e quer algo mais perene. Uma união definitiva das empresas, que negociariam juntas em bolsas de valores, de acordo com a Bloomberg. Mas não será nada fácil.
Para começar, porque o Estado francês tem 15% das ações. E não vai querer que a sede da empresa seja no Japão, por exemplo. O Japão também tende a não aprovar o negócio se o controle ficar na França. Uma saída seria ter o quartel-general nos dois países. Ou em um país diferente de Japão e França, com centros administrativos nos dois países. É isso que a FCA faz, por exemplo, com seu quartel-general na Holanda e sedes na Itália e nos EUA.
Se o negócio for adiante, ele será celebrado com a troca das ações atuais das empresas pelas da nova companhia. E essa é outra dúvida: será que a França topará trocar 15% do controle da Renault por uma porcentagem certamente menor do que isso na nova fabricante? A Mitsubishi, recentemente integrada à Aliança, tem na Nissan sua maior acionista, o que torna sua integração à nova empresa muito mais simples. Afinal, ela irá aonde a Nissan for.