Uma das piadas recorrentes no meio de carros clássicos sobre a Jaguar é sobre o sistema elétrico do carro. Fabricado pela Lucas, ele dava tanto problema que muita gente não entendia o porquê de a Jaguar insistir em usar componentes dessa empresa britânica. Sinal dos tempos: a Jaguar lançou nesta quinta (1) o I-Pace, seu primeiro veículo totalmente elétrico. Que não tem componentes da Lucas e, mais do que isso, nem é fabricado no Reino Unido. Será feito em Graz, na Áustria, pela Magna Steyr, o maior fornecedor do mundo. Inclusive de fabricação de veículos. Os BMW Z4 e Toyota Supra também serão fabricados por lá.
O I-Pace tem 4,68 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,57 m de altura e, apesar de ser menor do que o F-Pace (que tem 4,73 m), tem um entre-eixos de incríveis 2,99 m (contra 2,87 m do irmão maior). O porta-malas traseiro comporta 656 l. E ainda há um pequeno porta-malas dianteiro de 27 litros. Por uma questão de redução de peso (2.133 kg), para maximizar a carga das baterias, os bancos dianteiros finos aumentam ainda mais o espaço interno. Agradeço o uso da motorização elétrica e de suas baterias, distribuídas pelo assoalho de alumínio do modelo, pela graça alcançada.
O I-Pace não é apenas o primeiro Jaguar elétrico de produção. É também o modelo mais resistente a torções que a empresa já projetou, com 36.000 Nm/°. Para dar uma base de comparação, a do VW up! é de 17.800 Nm/°, enquanto a do BMW M3 de 2015 fica em 40.000 Nm/°. Em outras palavras, ele tem o dobro da rigidez de um modelo de entrada, mas ainda fica devendo a um esportivo. Até porque ele é um modelo familiar, mesmo que apresente desempenho para ir além.
Para se mover, o I-Pace conta com dois motores elétricos, um para cada eixo, de 200 cv e 35,5 kgfm cada um. No total, o I-Pace entrega 400 cv e 71 kgfm, o que lhe permite ir de 0 a 100 km/h em apenas 4,8 s. O M3 faz o mesmo em 4,1 s. Por uma questão de autonomia, a velocidade máxima é limitada eletronicamente a 200 km/h. Com um pacote de baterias de 90 kWh, composto de 432 células divididas em 36 módulos, o I-Pace tem autonomia de até 480 km.
Em sua apresentação, o I-Pace foi comparado ao Tesla Model X 75D, com um pacote de baterias de 75 kWh, que teria preço equivalente ao dele. Dirigido pelo piloto brasileiro Tony Kanaan. Falando em preço, o I-Pace já está à venda por £ 63.495 no Reino Unido. Por lá, o Tesla Model X 75D, de entrada, sai por £ 63.500, o que mostra que o Jaguar já o mirava desde o desenvolvimento. Como se vê no vídeo abaixo, o Tesla obviamente se sai pior do que o I-Pace. E é aí que a Jaguar insiste na comparação e o coloca diante de um Model X 100D, que custa £ 80.200. Confira abaixo como ele se sai.
Se a comparação tiver sido justa, o I-Pace apela aos consumidores não só com seu belíssimo desenho, criado pelo craque Ian Callum, mas também ao lado racional. Mesmo sendo £ 17.000 mais barato, ele ainda se sai melhor do que o SUV elétrico veterano. A Jaguar só não teve a coragem de testar o I-Pace contra o Model X P100D, o bicho-papão do segmento, capaz de ir de 0 a 100 km/h em 3,1 s. Que custa £ 121.250, ou quase o dobro do que a marca britânica cobra por seu SUV elétrico. Provavelmente por isso. Afinal de contas, a empresa já havia demonstrado o que gostaria. De forma bem convincente.
Quem for seduzido pelo I-Pace terá recarga rápida, por um conector de 100 kW, de 80% em 40 minutos. Com 15 minutos de recarga já se consegue rodar 100 km, o suficiente na maioria dos casos para chegar em casa. E também a tranquilidade de 8 anos de garantia. Afinal de contas, esse é o primeiro Jaguar elétrico de produção. Vai que ele ainda tem algum componente Lucas?
