No começo de dezembro, contamos a nossos leitores que a ITV, ou Inspeção Técnica Veicular, havia finalmente sido regulamentada pela resolução 716/17. Mas o governo, talvez por se tratar de ano eleitoral, vem evitando qualquer tipo de polêmica. A primeira foi sobre o curso de atualização para renovação da CNH, eventualmente revogado. Depois disso, a questão das placas padrão Mercosul, que tiveram a resolução que as instituiu suspensa por 60 dias. O retrocesso mais recente do governo diz respeito à ITV. “Estamos sempre atentos às demandas dos Detrans. Entendemos que esse processo precisa passar por um debate mais aprofundado para que possamos aplicá-lo da melhor maneira possível, com o mínimo de transtorno à população”, declarou Maurício Alves, diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Sem a inspeção, o risco de haver carros inseguros pelas ruas é altíssimo. Com ela, o risco é haver mil meios de fraudar os resultados, como as oficinas que alugavam pneus bons para carros que os traziam carecas ou escapamentos com catalisadores para os que não tinham nem silenciador nos tempos em que a inspeção era obrigatória na cidade de São Paulo. Isso em um dos países que mais matam no trânsito. Um que, em dois dias, mata mais gente do que a febre amarela desde junho passado até hoje. Num país em que apenas 6% de todos os recalls automotivos são considerados concluídos. Há coisas que realmente podem ser adiadas. Já a preocupação com segurança viária no Brasil, ainda mais perto do Maio Amarelo, tem de ser urgente.