Entre as muitas "instituições" elogiáveis dos EUA, uma das maiores talvez seja a Consumer Reports. Se você não a conhece, ela é uma entidade de consumidores que avaliam os mais diversos produtos para poder recomendar ou não a compra. Em vez de avaliar o que os fabricantes cedem, a Consumer Reports compra os produtos para poder avaliá-los. A publicação é assinada por milhões de pessoas, que têm acesso a avaliações com o mais alto grau de credibilidade e de isenção. Isso porque a receita para pagar jornalistas e demais profissionais envolvidos no processo vem das assinaturas, não de publicidade, terminantemente recusada pela Consumer Reports. É algo que dá uma moral danada a qualquer coisa que a publicação solte. E a compra mais recente da CR, como os americanos a conhecem, foi um Ford EcoSport. Bastante malhado pela publicação.
Apesar de elogiar a dinâmica do crossover compacto, por sua direção rápida e pouca rolagem de carroceria, o editor de avaliações da CR, Keith Barry, relata uma série de problemas no modelo. A começar pelo nome, que deveria ser pronunciado mais como "eco", o efeito sonoro, do que como Eco de ecológico. A Consumer Reports comprou o 2.0, que não seria nem "eco" nem esportivo por causa da transmissão, mal calibrada e de respostas lentas. O motor também seria muito barulhento. A posição de dirigir é considerada estranha, já que não permite ver a ponta do capô mesmo com o banco bem no alto. O descanso de braço central é desnivelado em relação ao apoio de braço da porta. O interior é considerado apertado, especialmente no banco traseiro, e Barry tira sarro do controle de altura elétrico, que move apenas a parte posterior do banco. Segundo o jornalista, parece que o motorista será catapultado. Confira no vídeo abaixo, infelizmente apenas em inglês.
A visibilidade também é criticada, por ter colunas A muito largas e uma janela traseira pequena. A abertura lateral do porta-malas é criticada por exigir muito espaço para sua abertura, ao contrário das tampas que se levantam. Mas é no quesito segurança que a Consumer Reports bate mais pesado. Alerta de colisão dianteira e frenagem automática não são nem oferecidos. Se eles soubessem que, por aqui, ele perdeu até os 7 airbags de série... Monitoramento de ponto cego exige a compra de versões intermediárias ou mais caras. E é aí que o carro leva seu tiro de misericórdia: o comprado pela publicação custou US$ 28.130, dinheiro quase suficiente para levar dois Fiesta de entrada. Ou um Edge. Mesmo o Ford Escape, parente do Kuga, o SUV do Focus, custa US$ 23.940. Em suma, há crossovers maiores e mais bem equipados do que o EcoSport vendidos pela mesma grana. Não é difícil imaginar qual será o veredicto da publicação neste teste de longa duração com o SUV de projeto brasileiro.