No mundo dos mais sofisticados e rápidos automóveis esportivos, os sistemas de eixo traseiro esterçante são um recurso técnico muito comum para melhorar o desempenho e o comportamento dinâmico. Mas não chega a ser algo inédito mesmo em marcas mais acessíveis, como Peugeot, Citroën e Honda. Quem não se lembra respectivamente do 306, do Xsara e do Prelude? A Renault também já empregou o sistema em alguns de seus modelos, como no Laguna GT.
Atualmente com a designação 4Control, o sistema de rodas traseiras esterçantes da Renault equipa os modelos Espace, Talisman e Mégane na Europa, com o mesmo objetivo principal: melhorar a agilidade e o equilíbrio dinâmico em curva, promover a estabilidade em linha reta e, simultaneamente, favorecer as capacidades de manobra a velocidade reduzida, pelo incremento significativo do raio de esterço. O sistema também está disponível em vários modelos da Audi, como o novo A6 e o Q7.
Quatro rodas viram melhor do que duas
O sistema não é complexo. Nos veículos da marca francesa, as rodas traseiras possuem um pivô de articulação nos braços da suspensão e no sistema de barras de direção, acionadas por motor elétrico que também lhes permite girar. E na direção certa! Abaixo de 60 km/h, as rodas traseiras viram (3,5°) no sentido oposto ao das rodas da frente, reduzindo o raio de esterço em 10% comparado ao modelo sem o equipamento (passa de 12,0 m para 10,8 m), tornando a direção mais rápida e direta, além de conferir maior agilidade.
Quando se ultrapassa os 60 km/h, as rodas traseiras podem viram (2°) para o mesmo lado das rodas dianteiras, puxando a traseira para dentro da curva e aumentando a estabilidade, permitindo um maior equilíbrio nas mudanças rápidas de trajetória e neutralizando eventuais tendências de sobresterço.
Rodando sobre trilhos
Segundo investigações levadas a cabo pelos fabricantes de automóveis, um motorista normal não explora mais do que 70% das potencialidades do chassis. E, essencialmente, por uma questão de confiança. Ora, este tipo de sistema de quatro rodas direcionais permite uma maior sensação de segurança na condução, principalmente em curva.
A baixas velocidades, a diferença para um automóvel convencional, em que apenas o eixo dianteiro esterça o carro, não é muito significativa. Porém, nas curvas fechadas, o mecanismo se revela uma agradável surpresa, já que o eixo traseiro também colabora sempre que é necessário inserir o carro em curva, além de ajudar a manter a trajetória traçada pelo condutor.
O sistema de rodas traseiras esterçantes precisa de manutenção especial?
Todo o sistema é controlado por uma unidade eletrônica específica que recolhe diversos dados; velocidade do veículo, a aceleração angular do volante e o ângulo de esterço a partir da central de controle de estabilidade (ESP). Por isso, a manutenção e a afinação são relativamente simples. No exemplo particular do sistema 4Control da Renault, a geometria do eixo traseiro dos modelos citados é até menos complexa do que no caso da maioria das suspensões traseiras que recorrem a braços múltiplos, com ou sem efeito direcional.